152. Qual é, segundo
Kardec, o único e
infalível meio de se
saber a natureza do
Espírito comunicante?
Submetendo todas as
comunicações a um exame
escrupuloso, escrutando
e analisando o
pensamento e as
expressões como fazemos
quando se trata de
julgar uma obra
literária, rejeitando
sem hesitar tudo o que
peca contra a lógica e o
bom-senso, tudo o que
desminta o caráter do
Espírito comunicante,
desencorajamos os
Espíritos enganadores,
que acabam por
retirar-se, uma vez
convencidos de que não
podem enganar. Este
meio é único, porém
infalível, porque não
existe uma comunicação
má que possa resistir a
uma crítica rigorosa.
(Item 266)
153. Kardec enumera 26
princípios que devem ser
levados em conta para se
reconhecer a qualidade
dos Espíritos. Como
podemos resumi-los?
Julgam-se os Espíritos
pela sua linguagem e por
suas ações. As ações dos
Espíritos são os
sentimentos que inspiram
e os conselhos que dão.
Admitindo-se que os bons
Espíritos dizem e
praticam somente o bem,
tudo o que for mau não
pode provir de um bom
Espírito. Os Espíritos
superiores têm uma
linguagem sempre digna,
nobre, elevada, sem
mescla de nenhuma
trivialidade; falam tudo
com simplicidade e
modéstia, não se gabam
jamais, nunca ostentam
seu saber nem sua
posição entre os outros.
A linguagem dos
Espíritos inferiores ou
vulgares tem sempre
algum reflexo das
paixões humanas;
qualquer expressão que
demonstre baixeza,
presunção, arrogância,
charlatanismo,
acrimônia, é um indício
característico de
inferioridade ou de
velhacaria se o Espírito
se apresenta sob um nome
respeitável e venerado.
Os bons Espíritos dizem
apenas o que sabem;
exprimem-se
simplesmente, sem
prolixidade, jamais dão
ordens; não se impõem,
mas aconselham e, se não
são ouvidos, retiram-se;
não elogiam, aprovam-nos
quando fazemos o bem,
mas sempre com reservas;
são muito escrupulosos
nos atos que aconselham;
em todos os casos visam
apenas a um fim sério e
eminentemente útil;
procuram corrigir os
erros e pregam a
indulgência, e jamais
semeiam a cizânia por
insinuações pérfidas; da
parte dos Espíritos
superiores o gracejo é
freqüentemente fino
espirituoso, jamais
vulgar; prescrevem
apenas o bem e seus
conselhos são
perfeitamente racionais.
(Item 267)
154. Que pensar dos
Espíritos que se valem,
às vezes, de nomes de
santos ou personagens
conhecidas?
Todos os nomes dos
santos e das personagens
conhecidas não bastariam
para fornecer um
protetor a cada homem da
Terra. Entre os
Espíritos há poucos que
tenham um nome conhecido
na Terra; eis por que
muito freqüentemente
eles se abstêm de dar
seu nome. Mas como a
maior parte das
criaturas encarnadas
lhes pede o nome, para
satisfazê-las tomam o
nome de alguém que as
pessoas conheçam ou
respeitem. Quando é para
o bem, Deus permite que
assim se faça entre
Espíritos da mesma
categoria, porque entre
eles há solidariedade e
semelhança de
pensamentos. (Item 268,
parágrafo 3)
155. Pode-se reconhecer
os Espíritos pelas
impressões que nos
causam à sua
aproximação?
Sim. Muitos médiuns
reconhecem os bons e os
maus Espíritos pela
impressão agradável ou
penosa que experimentam
à sua aproximação. O
médium experimenta as
sensações do estado em
que se acha o Espírito
que chega próximo dele.
Quando o Espírito é
feliz, seu estado é
tranqüilo, leve, calmo;
quando é infeliz, é
agitado, febril e esta
agitação passa
naturalmente para o
sistema nervoso do
médium. (Item 268,
parágrafo 28)
156. Por que a
reencarnação não era, ao
tempo de Kardec,
ensinada por todos os
Espíritos comunicantes?
Duas foram as razões: de
um lado a ignorância dos
Espíritos comunicantes,
cujas idéias estavam
ainda muito limitadas ao
presente. Para eles, o
presente deve durar
sempre; nada enxergam
além do círculo de suas
percepções e não se
inquietam em saber donde
vêm e para onde irão. A
reencarnação é para eles
uma necessidade na qual
não pensam senão quando
ela chega; sabem que o
Espírito progride, mas
não sabem como. Isto é
para eles um problema.
Em segundo lugar, é
preciso entender a
prudência que em geral
usam os Espíritos na
disseminação da verdade:
uma luz muito viva e
súbita ofusca e não
aclara. Podem,
então, em certos casos,
julgar útil não
divulgá-la senão
gradualmente, de acordo
com os tempos, os
lugares e as pessoas.
Moisés não ensinou tudo
o que ensinou o Cristo e
o próprio Cristo não
disse muitas coisas cuja
compreensão estava
reservada às gerações
futuras. Num país onde o
preconceito da cor reina
soberano, onde a
escravidão está
enraizada nos costumes,
teriam repelido o
Espiritismo simplesmente
porque proclama a
reencarnação, visto que
a idéia de que o senhor
possa tornar-se escravo,
e reciprocamente, lhes
pareceria monstruosa.
Não era melhor fazer
aceitar primeiro o
princípio geral, para
daí tirar mais tarde as
conseqüências? (Item
301, parágrafos 8 e 9)
157. Quais as causas das
contradições que se
apresentam nas
comunicações espíritas?
As contradições que se
apresentam nas
comunicações espíritas
podem ser devidas às
causas seguintes: à
ignorância de certos
Espíritos; à velhacaria
dos Espíritos inferiores
que, por malícia ou
malvadeza, dizem o
contrário do que, em
outra parte, disse o
Espírito cujo nome
usurpam; à vontade do
mesmo Espírito que fala
segundo os tempos, os
lugares e as pessoas, e
pode julgar útil não
dizer tudo a todo mundo;
à insuficiência da
linguagem humana para
exprimir as coisas do
mundo incorpóreo; à
insuficiência dos meios
de comunicações que nem
sempre permitem ao
Espírito transmitir todo
o seu pensamento; enfim,
à interpretação que cada
um pode dar de uma
palavra ou de uma
explicação, segundo suas
idéias, seus
preconceitos ou o ponto
de vista sob o qual vê
as coisas. (Item 302)
158. Por que Deus
permite que ocorram as
mistificações?
Deus permite as
mistificações para
provar a perseverança
dos verdadeiros adeptos
e punir os que fazem do
Espiritismo um objeto de
divertimento. Se isto
lhes abala a crença, é
porque sua fé não é
muito sólida. Quem
renuncia ao Espiritismo
por causa de um simples
desapontamento prova que
não o compreende e não o
toma em sua parte séria.
(Item 303, parágrafo 2)
159. Qual o meio de
evitar as mistificações
na prática mediúnica?
Este é um dos
inconvenientes mais
fáceis de evitar. O meio
de obtê-lo é não exigir
do Espiritismo senão o
que ele pode e deve dar.
Seu fim é a melhoria
moral da Humanidade: se
os homens não se
afastarem daí, não serão
jamais enganados, porque
não há duas maneiras de
compreender a verdadeira
moral, aquela que pode
ser admitida por todo
homem de bom-senso. Os
Espíritos não vêm para
guiar os homens no
caminho das honras e da
fortuna, ou para
servirem a suas
mesquinhas paixões. Eles
vêm instruir a
Humanidade e guiá-la no
caminho do bem. Se não
lhes pedissem nada de
fútil ou fora de suas
atribuições, não dariam
oportunidade alguma aos
Espíritos enganadores,
donde se conclui que
quem é mistificado tem
apenas o que merece.
(Item 303, parágrafo 1)
(Continua no próximo
número.)