ORSON PETER
CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br
Matão, São Paulo
(Brasil)
Laços apenas
morais
A clareza de
Kardec é
notável. Seus
argumentos, a
fundamentação
moral que
utiliza em seus
comentários e a
fidelidade aos
princípios
norteadores do
Espiritismo são,
sem dúvida, sua
grande marca
pessoal,
acrescidas de
sua grande
inteligência e
dedicação à
causa que
sinaliza a
grandeza de sua
missão.
Em discurso na
renovação do ano
social,
proferido a 1º
de abril de
1862, na sede da
Sociedade
Parisiense de
Estudos
Espíritas, e
publicado na
Revista Espírita,
edição de junho
de 1862 (1),
entre valiosas e
oportunas
considerações,
detemo-nos na
apreciação da
Autoridade da
Experiência.
Antes de
quaisquer
comentários,
transcrevemos
trecho parcial
do discurso:
“(...)
coloca-se
naturalmente uma
observação
importante sobre
a natureza das
relações que
existem entre a
Sociedade de
Paris e as
reuniões, ou
sociedades, que
se fundam sob os
seus auspícios,
e que
erradamente se
consideraria
como sucursais.
A Sociedade de
Paris não tem
sobre elas outra
autoridade senão
a da
experiência;
mas, como disse
em outra
ocasião, ela não
se imiscui em
nada nos seus
negócios; seu
papel se limita
a conselhos
oficiosos,
quando lhe são
solicitados. O
laço que as une
é, pois, um laço
puramente moral,
fundado sobre a
simpatia e a
semelhança das
idéias; não há,
entre elas,
nenhuma
filiação,
nenhuma
solidariedade
material; uma só
palavra de ordem
é a que deve
unir todos os
homens: caridade
e amor ao
próximo;
palavra de ordem
e que não
poderia levar
desconfiança.
(...)”
Que exemplo! Que
coerência! Que
fidelidade à
própria Doutrina
Espírita!
Notemos o
detalhe de
determinado
trecho:
conselhos
oficiosos,
quando lhe são
solicitados.
Eis o princípio
da democracia,
do respeito à
liberdade alheia
e mesmo o
espírito da
unificação, tão
defendido e
necessário em
nosso movimento.
O exemplo partiu
do próprio
Codificador, ao
referir-se à
Sociedade por
ele mesmo
fundada.
Autoridade
apenas da
experiência de
instituição mais
antiga, digamos.
Laços fundados
na simpatia de
vistas,
puramente
morais. Sem
quaisquer outras
filiações
oficiais. Apenas
o princípio
basilar
norteando os
relacionamentos
e intercâmbios:
caridade e amor
ao próximo.
Vejamos que as
dificuldades do
movimento
originam-se da
tentativa de
imposição de
idéias, prática
totalmente
incoerente com a
índole do
Espiritismo, por
si só
respeitador da
individualidade
e da liberdade
de quem quer que
seja, inclusive
de instituições
fundadas e
mantidas sobre
sua própria
inspiração.
Eis o fundamento
de união dos
espíritas e das
sociedades
inspiradas pelo
Espiritismo,
norteador das
iniciativas de
unificação nos
Estados, no país
e mesmo no
exterior. Haja
vista as ações
da Federação
Espírita
Brasileira, do
Conselho
Espírita
Internacional,
da USE – União
das Sociedades
Espíritas do
Estado de São
Paulo (no caso
específico do
Estado de São
Paulo, a exemplo
do que ocorre em
outros Estados),
e de quem quer
que seja que se
oriente pelo
“(...)
laço que as une
é, pois, um laço
puramente moral,
fundado sobre a
simpatia e a
semelhança das
idéias; não há,
entre elas,
nenhuma
filiação,
nenhuma
solidariedade
material; uma só
palavra de ordem
é a que deve
unir todos os
homens: caridade
e amor ao
próximo; palavra
de ordem e que
não poderia
levar
desconfiança.
(...)”,
como destaca
Kardec no trecho
já identificado
e ora
reproduzido.
Fonte:
1. Edição
IDE-Araras-SP,
tradução de
Salvador Gentile,
março de 1993,
páginas 161 a
170.