ROGÉRIO
COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé,
Minas
Gerais
(Brasil)
“Erradicando os vícios
do caráter tais como: o
orgulho, o egoísmo
e a cupidez com seus
cortejos, o Espiritismo
abrirá espaço para o
surgimento de uma nova e
abençoada era.”
Allan Kardec (1)
Normalmente, o que a
maioria das criaturas
entende por “vício”,
vincula-se às expressões
de dependência de ordem
física tais como: o
tabagismo, o alcoolismo,
a sexolatria, as drogas,
os fármacos etc.
Entanto, o que os
Espíritos Superiores
classificam de “vício
radical” é o egoísmo. Ele
é o pai de todos os
demais que pesam na
economia espiritual
tanto (ou mais) que os
habitualmente
considerados como
tais. São os chamados
vícios do caráter e a
maledicência inclui-se
nesse rol, assim como a
inveja, o ciúme, a
ambição.
O Espiritismo
alevanta-se como uma
excelente e ideal vacina
antivícios de todos os
matizes, sejam os que
causam dependência
física sejam os que
envilecem o caráter.
Amélia Rodrigues
(2) diz
ser“imprescindível
crescer, alcançar as
alturas e planar nas
asas vigorosas do
progresso. Esse
processo-desafio para o
desligamento das faixas
mais densas e
perturbadoras constitui
a meta essencial,
prioritária da
reencarnação, que
faculta conquistas mais
relevantes à medida que
as etapas iniciais são
vencidas e ultrapassados
os obstáculos.
Era compreensível,
portanto, que Jesus, no
Seu tempo, enfrentasse
dificuldades quase
intransponíveis, quando
veio instalar os
alicerces do Reino de
Deus.
Os milênios de acerbas
dores e as páginas
lúgubres da História não
conseguiram despertar os
filhos do deus da
guerra, apaziguando-os,
ou ensinar aos
gananciosos e
prepotentes que só
existe uma vitória
duradoura, e essa é a
que se dá sobre si
mesmo.
Os conquistadores de
fora sempre tombam
vencidos sobre os seus
conquistados; os seus
reinos se fixam sobre
ruínas e são cobertos de
sombras.
O reino de Jesus se
levanta nas terras altas
do bem e são vestidos de
luz; os reinos do mundo
são feitos de esplendor
rápido e diferem,
frontalmente, os dois
reinos: o passageiro e
o definitivo.
Jesus redesenhou as
paisagens das lutas,
interiorizando-as, por
saber que os mais
terríveis inimigos da
criatura são as suas
paixões selvagens, que
dormem no íntimo de cada
qual, acenando com a
possibilidade de
vitórias internas após
os combates silenciosos
contra o egoísmo, o
orgulho e seus sequazes,
estes sim, os verdugos
reais da sociedade.
Fez-Se modelo,
oferecendo-Se em
holocausto, para
demonstrar que esse
reino vence o do mundo e
submete-o à sua
luminescência,
triunfando para sempre,
sem transitoriedade
nenhuma...
Renitentes no erro e no
vício, retornaram os
homens à luta externa em
nome d`Ele, e ergueram
construções monumentais,
acumularam
quinquilharias que
poderiam salvar milhões
de Vidas e permanecem
nos subterrâneos
fortalecidos na avareza,
mantendo a pompa e a
ilusão, a titulação e os
enganos do mundo,
conforme ainda o repetem
esses dominadores do
mundo.
Vã utopia da insensatez
e da loucura!”
O pensamento de Amélia
Rodrigues é
complementado pelo de
Joanna de Ângelis
(3) que aduz: “A
saga da evolução é longa
e, por vezes dolorosa,
deixando sulcos
profundos, que noutras
fases, sob estímulos
inesperados dos
sofrimentos, ressurgem
como angústia ou
violência, desespero ou
amargura que não
consegue explicar.
Constituir-lhe-ão
arquétipos a
exercerem grande
influência no seu
comportamento
psicológico durante
várias existências
corporais,
assinalando-lhe a marcha
ascensional.
Avançando lenta e
seguramente, aprendendo
com as forças vivas do
Universo, entesoura os
recursos preciosos do
conhecimento que lhe
custou sacrifícios
inumeráveis no longo
curso das experiências.
A criatura está fadada à
felicidade, à conquista
do Infinito, além das
expressões do espaço.
A dor que hoje a
comprime é camartelo de
estimulação para que
saia da situação que
propicia esse
desagradável fator de
perturbação.
Compreendendo, por fim,
a grandeza do amor,
alça-se às cumeadas do
trabalho pelo bem geral,
empenhando-se na
conquista de si mesma,
do seu próximo, da Vida
em geral. Esse
significado existencial
somente é descoberto
quando atinge um grau de
elevada percepção da
realidade, que
transcende o limite da
forma física,
transitória e
experimental que,
todavia, pode e deve ser
cultivada com alegria e
saúde integral.
Lutar sem fadigas
exaustivas por
conquistar-se,
superando-se quanto
possível, enfrentando os
desafios com alegria e
compreendendo que são os
degraus de ascensão
diante dos seus passos –
eis como incorporará ao
cotidiano os objetivos
essenciais do seu
aprimoramento físico,
emocional e mental.
Nesse empreendimento de
ascensão inevitável, o
ser depara-se com as
construções do seu
passado nele
insculpidas, que se
exteriorizam amiúde,
afligindo-o,
limitando-o...
Somente acreditando nas
próprias possibilidades
e empenhando-se por
vivê-las, apesar dos
obstáculos que surgem, é
que se atinge com êxito
a viagem interior,
o auto-descobrimento
e as técnicas que podem
ser aplicadas para
auferir os benefícios
dessa realização.
Alcançado esse estágio,
surge a vontade da
libertação das coisas,
das cadeias frágeis que
atam aos
condicionamentos
passados, que pareciam
oferecer segurança, em
uma existência física
que se interrompe a
qualquer momento, mas
que parece impor
necessidades de fixação,
que não vão além de
quimeras.
A Vida interior
implícita, quando
conquistada, ressurge no
campo das formas em
manifestação explícita.
O ser se apresenta
total, livre de
impedimentos, rico de
aspirações, sem
conflitos, sem queixas;
pleno, portanto...”
Por fim, completa o
incomparável Mestre
Lionês (4):
“O homem pode suavizar
ou aumentar o amargor de
suas provas, conforme o
modo por que encare a
Vida terrena. Tanto
mais sofre ele, quanto
mais longa se lhe
afigura a duração do
sofrimento. Ora, aquele
que a encara pelo prisma
da Vida espiritual
apanha, num golpe de
vista, a Vida corpórea.
Ele a vê como um ponto
no infinito,
compreende-lhe a curteza
e reconhece que esse
penoso momento terá
presto passado. A
certeza de um próximo
futuro mais ditoso o
sustenta e anima e,
longe de se queixar,
agradece ao Céu as dores
que o fazem avançar.
Contrariamente, para
quem apenas vê a Vida
corpórea, interminável
lhe parece esta e a dor
o oprime com todo o seu
peso. Daquela maneira
de considerar a Vida,
resulta ser diminuída a
importância das coisas
deste mundo, e sentir-se
compelido o homem a
moderar os seus desejos,
a contentar-se com a sua
posição, sem invejar a
dos outros, a receber
atenuada a impressão dos
reveses e das decepções
que experimente. Daí
tira ele uma calma e uma
resignação tão úteis à
saúde do corpo quanto à
da alma, ao passo que,
com a inveja, o ciúme e
a ambição,
voluntariamente se
condena à tortura e
aumenta as misérias e as
angústias da sua curta
existência.”