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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda

Ano 10 - N° 466 - 22 de Maio de 2016

THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)
 


 
Tormentos da Obsessão

Manoel Philomeno de Miranda

(Parte 32)

Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial do livro Tormentos da Obsessão, obra de autoria de  Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada em 2001.

Questões preliminares 

A. Diante da resistência de Mefistófeles em aceitar as ponderações de Eurípedes, que recurso foi então utilizado pelo benfeitor?

A regressão da memória, fato que levou o Espírito numa viagem à época em que nele se instalou a ideia absurda de ser Mefistófeles. Sem muita relutância o visitante adormeceu e, estimulado a recuar ao passado, no século 19, logo começou a caracterizar-se como um ator em pleno palco representando a figura dramática da tragédia do Fausto. Enquanto repetia as palavras de Goethe, enunciadas por Mefistófeles, em atitude prepotente e exuberante, o Benfeitor esclarecia: “Você confundiu a personagem da fantasia trágica a que dava vida no teatro com o homem da realidade terrena, igualmente atormentado, vaidoso, sonhador e perseguidor do triunfo na ribalta dos interesses humanos, sem qualquer estrutura em torno da espiritualidade interior. Repetindo o papel que o fascinava, introjetou-o de tal forma, que passou a vivê-lo no comportamento cotidiano, embrenhando-se no matagal da auto-obsessão”. (Tormentos da Obsessão, cap. 17 – Alucinações espirituais.)

B. Quer dizer que o Espírito que se intitulava Mefistófeles era, na verdade, um ator?

Sim. Chamava-se Augusto. Durante o processo de regressão, passes de dispersão energética aplicadas nele permitiram que fossem desaparecendo as construções ideoplásticas. O Espírito começou então a contorcer-se e a respirar com dificuldade, e enquanto se diluíam as formações da indumentária e da máscara facial, ele se foi reconstituindo e assumindo a personalidade que lhe pertencia, recurvando-se como alguém de muita idade, portador de problema na coluna, para finalmente ser tomado por convulsivo pranto, que lhe dificultou o verbo. (Tormentos da Obsessão, cap. 17 – Alucinações espirituais.)

C. Quem visitou Honório e o levou ao pranto?

Sua mãe. Ao vê-la, Honório foi acometido de grande emoção, mas, em seguida, pediu-lhe:  “Volte para o Céu, mamãe, porque eu não mereço a sua presença. Eu sou um pântano e a senhora é um lírio de Deus. Não me atormente com a sua visita, porquanto eu sou detestável e devo estar sonhando...” A Senhora disse-lhe, então: “Não, meu filho, você está desperto, não é um sonho. Você já não se encontra entre as pessoas da Terra. A morte, essa benfeitora de todos nós, trouxe-o para o reino da verdade, onde nada permanece oculto, e as oportunidades de elevação se apresentam enriquecedoras”. (Tormentos da Obsessão, cap. 17 – Alucinações espirituais.) 

Texto para leitura 

165. Um diálogo difícil com o obsessor de Honório – Ante as palavras enérgicas de Eurípedes, o Espírito que se intitulava Mefistófeles replicou: “Exijo que me respeite. Não vim aqui para ser desconsiderado. O meu problema é com o bandido traidor, mas posso aceitar o repto e enfrentá-los a todos os senhores, porque sou decidido e sei o de que necessito, bem como a melhor maneira de consegui-lo”. Sem perder a serenidade, antes pelo contrário, Eurípedes contestou: “Não é nosso objetivo desrespeitá-lo, submetê-lo ou intimidá-lo. O nosso Guia é Jesus, que sempre conquista com amor e compaixão, jamais com violência. A Sua compassiva misericórdia desce hoje sobre você, como sempre tem acontecido embora o amigo não o haja detectado anteriormente. Desejamos esclarecê-lo que Honório, como você mesmo e todos nós, somos filhos de Deus, que não nos encontramos ao desamparo. É certo que ele se comprometeu e se enganou. Quem lhe pode atirar a primeira pedra, considerando-se isento de erro? Porém, através do sofrimento que se impôs, já resgatou a dívida, estando em condições de iniciar uma nova experiência iluminativa para crescer e libertar-se da inferioridade que lhe pesa na economia moral”. Arrogante, o Espírito perguntou: “E se eu não o permitir?” Eurípedes respondeu: “Deus o fará através de Jesus, Aquele a quem entregamos a operação desta noite. O que pretendemos é que o amigo-irmão dê-se conta do tempo que vem sendo desperdiçado na ilusão de manter-se como uma personagem que não tem existência real. Conforme sabemos, o mito do diabo está ultrapassado, embora a loucura de alguns Espíritos que desejam assumir-lhe o comportamento e dar-lhe legitimidade em um esforço insensato que vai além da fantasia. Ninguém foge de si mesmo, dos seus próprios arquivos mentais, das suas realizações... Neste momento, iremos convidá-lo a recordar-se de suas experiências pessoais, levando-o numa viagem ao tempo-ontem, quando se lhe instalou a ideia absurda de ser Mefistófeles”. (Tormentos da Obsessão, cap. 17 – Alucinações espirituais.) 

166. Uma salutar regressão ao passado – Ato contínuo, dr. Inácio acercou-se da médium e começou a aplicar-lhe energias dissolventes no centro cerebral, a fim de que a memória do Espírito se desenovelasse das induções mentais a que fora submetida. Ao mesmo tempo, pôs-se a induzi-lo ao sono profundo, usando o recurso da palavra tranquila, monocórdia, repetitiva. Sem muita relutância o visitante adormeceu e, estimulado a recuar ao passado, no século 19, logo começou a caracterizar-se como um ator em pleno palco representando a figura dramática da tragédia do Fausto. Enquanto repetia as palavras de Goethe, enunciadas por Mefistófeles, em atitude prepotente e exuberante, o Benfeitor esclarecia: “Você confundiu a personagem da fantasia trágica a que dava vida no teatro com o homem da realidade terrena, igualmente atormentado, vaidoso, sonhador e perseguidor do triunfo na ribalta dos interesses humanos, sem qualquer estrutura em torno da espiritualidade interior. Repetindo o papel que o fascinava, introjetou-o de tal forma, que passou a vivê-lo no comportamento cotidiano, embrenhando-se no matagal da auto-obsessão. Ao desencarnar foi, por sua vez, vítima de hábil hipnotizador, que o induziu a assumir a forma perversa, para que lhe fosse útil nos lamentáveis processos de perturbação espiritual em que o atirou, desprevenido e insano como tem sido. Enfrente agora a realidade diversa. Você é filho de Deus e necessita ser feliz. Abandone a indumentária triste e ilusória que o veste”. (Tormentos da Obsessão, cap. 17 – Alucinações espirituais.) 

167. Augusto volta à personalidade que lhe é própria – Enquanto o Espírito apresentava diferentes expressões faciais que variavam do espanto ao terror durante o esclarecimento oportuno, Eurípedes prosseguia: “O seu período de sofrimentos também acabou. Atrás da máscara sempre se encontra o ser humano angustiado, sem roteiro, escondendo suas dores no disfarce da ilusão. Você merece despertar para uma nova realidade, começando a experiência dignificadora, aquela que constrói o ser interno verdadeiramente harmonizado”. E dando maior ênfase à voz, enquanto dr. Inácio aplicava passes de dispersão energética no Espírito, permitindo que fossem desaparecendo as construções ideoplásticas, Eurípedes acentuou com firmeza: “Augusto, acorde para a realidade e para a vida. Retome a sua forma humana, aquela que o vestiu durante a trajetória terrestre antes da alucinação. Saia do palco e volva à realidade. Você está entre amigos que lhe compreendem o drama íntimo, que não vem ao caso aqui examinar, e é muito bem recebido. Ninguém foge indefinidamente de si mesmo, nem das Leis de Deus, que a todos nos alcançam onde quer que nos refugiemos. Desperte... desperte... e seja bem-vindo, meu irmão”. O Espírito começou a contorcer-se na aparelhagem mediúnica delicada, a respirar com dificuldade, e enquanto se diluíam as formações da indumentária e da máscara facial, ele se foi reconstituindo e assumindo a personalidade que lhe pertencia, recurvando-se como alguém de muita idade, portador de problema na coluna, para finalmente ser tomado por convulsivo pranto, que lhe dificultou o verbo. (Tormentos da Obsessão, cap. 17 – Alucinações espirituais.) 

168. Honório desperta – Ante o Espírito que chorava, Eurípedes falou-lhe com suavidade: “Acalme-se, meu amigo! Todo renascimento é doloroso, especialmente quando se dá através do abandono da fantasia para a realidade, da loucura para a razão. Tudo agora é passado, e você dispõe de um futuro abençoado que o aguarda. Agora é necessário repousar, dormir e sonhar com o Bem, de forma que o amanhã surja das névoas do ontem com as claridades da alegria de viver”. Nesse momento, dr. Inácio, que prosseguia aplicando energias restauradoras do equilíbrio, deslindou o comunicante dos laços que o vinculavam ao perispírito da médium e o colocou em uma cama de campanha que se encontrava atrás do semicírculo para posterior transferência para a Enfermaria adequada, onde prosseguiria o seu tratamento. Ainda sob o clima psíquico de júbilo ante o êxito do cometimento espiritual com o irmão Augusto, Honório despertou, chamado por Eurípedes, logo assumindo a postura alucinada. As formas-pensamento, que o exauriam em terrível processo de vampirização das suas energias espirituais, assomaram ao consciente e ele começou a delirar, assumindo posturas grotescas, escabrosas, que eram os resíduos dos seus conflitos morais e sexuais em desalinho, vivenciados pela mente atormentada. Utilizando-se das bênçãos do clima psíquico, uma das damas presentes, a Sra. Ernestina, visivelmente mediunizada, levantou-se e aproximou-se do enfermo. Irradiava mirífica luz que a banhava toda em tom prata-violáceo, espraiando-se pelo pequeno recinto e dando-lhe uma tonalidade especial. Eurípedes então falou: “Honório, você já não se encontra no corpo no qual se refugiava. Espírito liberto da matéria, mas preso às suas sensações, você já não necessita das imagens delirantes para encontrar o prazer. Enquanto não mudar de atitude perante a vida, descobrindo outros valores, permanecerá nesse estado de loucura. Acorde para a realidade na qual está instalado e passe a vivenciá-la. Acorde! Abandone, por momentos breves que sejam, as fantasias sexuais e os devaneios mentais. Desperte, nós lhe ordenamos em nome de Jesus, o Cristo!” (Tormentos da Obsessão, cap. 17 – Alucinações espirituais.) 

169. Honório vê sua mãe e se emociona – Do terapeuta, à medida que a voz assumia expressão enérgica, ondas sucessivas de energia envolviam o enfermo, diluindo as imagens mentais que permaneciam como verdadeiro envoltório em torno da sua cabeça, e ele, nominalmente convocado, pareceu despertar, alterou a expressão da face, os olhos recuperaram a normalidade, banhado por débil luminosidade, e enquanto balbuciava palavras desconexas, num retorno lento, como quem desperta de um largo letargo recheado de pesadelos intérminos, percebeu o Benfeitor e escutou-o: “Observe onde se encontra. Você não está a sós como lhe era habitual. Aqui estamos alguns amigos interessados em liberá-lo do largo sofrimento, da loucura do prazer impossível. Volva à consciência e olhe bem à sua volta...” O paciente atendeu à solicitação, quase automaticamente, e gritou, quando viu o Espírito comunicando-se através de dona Ernestina: “Deus meu, um anjo! Será a Mãe de Jesus?!” A Entidade respondeu: “Não, meu filho. Sou a tua pobre mãezinha, que vem em teu auxílio em nome da nossa Mãe espiritual, a Genitora de Jesus”. Honório foi acometido de emoção sincera e levantou-se do leito, ajoelhando-se, num impulso intempestivo, dobrando-se quase até o solo, que tentou beijar em uma atitude profundamente comovedora. A seguir, explicitou: “Volte para o Céu, mamãe, porque eu não mereço a sua presença. Eu sou um pântano e a senhora é um lírio de Deus. Não me atormente com a sua visita, porquanto eu sou detestável e devo estar sonhando...” A Senhora disse-lhe, então: “Não, meu filho, você está desperto, não é um sonho. Você já não se encontra entre as pessoas da Terra. A morte, essa benfeitora de todos nós, trouxe-o para o reino da verdade, onde nada permanece oculto, e as oportunidades de elevação se apresentam enriquecedoras. As aflições deveriam ter ficado com o corpo que já se desfez, mas você as trouxe no seu mundo íntimo, fechado à luz do discernimento e da confiança irrestrita em Deus. Agora, devem cessar suas aflições”. (Tormentos da Obsessão, cap. 17 – Alucinações espirituais.) (Continua no próximo número.)



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita