Tormentos da
Obsessão
Manoel Philomeno
de Miranda
(Parte 32)
Damos
prosseguimento
ao
estudo metódico
e sequencial do
livro Tormentos
da Obsessão, obra de
autoria de
Manoel Philomeno
de Miranda,
psicografada por
Divaldo P.
Franco
e publicada em 2001.
Questões
preliminares
A. Diante da
resistência de
Mefistófeles em
aceitar as
ponderações de
Eurípedes, que
recurso foi
então utilizado
pelo benfeitor?
A regressão da
memória, fato
que levou o
Espírito numa
viagem à época
em que nele se
instalou a ideia
absurda de ser
Mefistófeles.
Sem muita
relutância o
visitante
adormeceu e,
estimulado a
recuar ao
passado, no
século 19, logo
começou a
caracterizar-se
como um ator em
pleno palco
representando a
figura dramática
da tragédia do
Fausto. Enquanto
repetia as
palavras de
Goethe,
enunciadas por
Mefistófeles, em
atitude
prepotente e
exuberante, o
Benfeitor
esclarecia:
“Você confundiu
a personagem da
fantasia trágica
a que dava vida
no teatro com o
homem da
realidade
terrena,
igualmente
atormentado,
vaidoso,
sonhador e
perseguidor do
triunfo na
ribalta dos
interesses
humanos, sem
qualquer
estrutura em
torno da
espiritualidade
interior.
Repetindo o
papel que o
fascinava,
introjetou-o de
tal forma, que
passou a vivê-lo
no comportamento
cotidiano,
embrenhando-se
no matagal da
auto-obsessão”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
17 – Alucinações
espirituais.)
B. Quer dizer
que o Espírito
que se
intitulava
Mefistófeles
era, na verdade,
um ator?
Sim. Chamava-se
Augusto. Durante
o processo de
regressão,
passes de
dispersão
energética
aplicadas nele
permitiram que
fossem
desaparecendo as
construções
ideoplásticas. O
Espírito começou
então a
contorcer-se e a
respirar com
dificuldade, e
enquanto se
diluíam as
formações da
indumentária e
da máscara
facial, ele se
foi
reconstituindo e
assumindo a
personalidade
que lhe
pertencia,
recurvando-se
como alguém de
muita idade,
portador de
problema na
coluna, para
finalmente ser
tomado por
convulsivo
pranto, que lhe
dificultou o
verbo.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
17 – Alucinações
espirituais.)
C. Quem visitou
Honório e o
levou ao pranto?
Sua mãe. Ao
vê-la, Honório
foi acometido de
grande emoção,
mas, em seguida,
pediu-lhe:
“Volte para o
Céu, mamãe,
porque eu não
mereço a sua
presença. Eu sou
um pântano e a
senhora é um
lírio de Deus.
Não me atormente
com a sua
visita,
porquanto eu sou
detestável e
devo estar
sonhando...” A
Senhora
disse-lhe,
então: “Não, meu
filho, você está
desperto, não é
um sonho. Você
já não se
encontra entre
as pessoas da
Terra. A morte,
essa benfeitora
de todos nós,
trouxe-o para o
reino da
verdade, onde
nada permanece
oculto, e as
oportunidades de
elevação se
apresentam
enriquecedoras”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
17 – Alucinações
espirituais.)
Texto para
leitura
165. Um
diálogo difícil
com o obsessor
de Honório
– Ante as
palavras
enérgicas de
Eurípedes, o
Espírito que se
intitulava
Mefistófeles
replicou: “Exijo
que me respeite.
Não vim aqui
para ser
desconsiderado.
O meu problema é
com o bandido
traidor, mas
posso aceitar o
repto e
enfrentá-los a
todos os
senhores, porque
sou decidido e
sei o de que
necessito, bem
como a melhor
maneira de
consegui-lo”.
Sem perder a
serenidade,
antes pelo
contrário,
Eurípedes
contestou: “Não
é nosso objetivo
desrespeitá-lo,
submetê-lo ou
intimidá-lo. O
nosso Guia é
Jesus, que
sempre conquista
com amor e
compaixão,
jamais com
violência. A Sua
compassiva
misericórdia
desce hoje sobre
você, como
sempre tem
acontecido
embora o amigo
não o haja
detectado
anteriormente.
Desejamos
esclarecê-lo que
Honório, como
você mesmo e
todos nós, somos
filhos de Deus,
que não nos
encontramos ao
desamparo. É
certo que ele se
comprometeu e se
enganou. Quem
lhe pode atirar
a primeira
pedra,
considerando-se
isento de erro?
Porém, através
do sofrimento
que se impôs, já
resgatou a
dívida, estando
em condições de
iniciar uma nova
experiência
iluminativa para
crescer e
libertar-se da
inferioridade
que lhe pesa na
economia moral”.
Arrogante, o
Espírito
perguntou: “E se
eu não o
permitir?”
Eurípedes
respondeu: “Deus
o fará através
de Jesus, Aquele
a quem
entregamos a
operação desta
noite. O que
pretendemos é
que o
amigo-irmão
dê-se conta do
tempo que vem
sendo
desperdiçado na
ilusão de
manter-se como
uma personagem
que não tem
existência real.
Conforme
sabemos, o mito
do diabo está
ultrapassado,
embora a loucura
de alguns
Espíritos que
desejam
assumir-lhe o
comportamento e
dar-lhe
legitimidade em
um esforço
insensato que
vai além da
fantasia.
Ninguém foge de
si mesmo, dos
seus próprios
arquivos
mentais, das
suas
realizações...
Neste momento,
iremos
convidá-lo a
recordar-se de
suas
experiências
pessoais,
levando-o numa
viagem ao
tempo-ontem,
quando se lhe
instalou a ideia
absurda de ser
Mefistófeles”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
17 – Alucinações
espirituais.)
166. Uma
salutar
regressão ao
passado
– Ato contínuo,
dr. Inácio
acercou-se da
médium e começou
a aplicar-lhe
energias
dissolventes no
centro cerebral,
a fim de que a
memória do
Espírito se
desenovelasse
das induções
mentais a que
fora submetida.
Ao mesmo tempo,
pôs-se a
induzi-lo ao
sono profundo,
usando o recurso
da palavra
tranquila,
monocórdia,
repetitiva. Sem
muita relutância
o visitante
adormeceu e,
estimulado a
recuar ao
passado, no
século 19, logo
começou a
caracterizar-se
como um ator em
pleno palco
representando a
figura dramática
da tragédia do
Fausto. Enquanto
repetia as
palavras de
Goethe,
enunciadas por
Mefistófeles, em
atitude
prepotente e
exuberante, o
Benfeitor
esclarecia:
“Você confundiu
a personagem da
fantasia trágica
a que dava vida
no teatro com o
homem da
realidade
terrena,
igualmente
atormentado,
vaidoso,
sonhador e
perseguidor do
triunfo na
ribalta dos
interesses
humanos, sem
qualquer
estrutura em
torno da
espiritualidade
interior.
Repetindo o
papel que o
fascinava,
introjetou-o de
tal forma, que
passou a vivê-lo
no comportamento
cotidiano,
embrenhando-se
no matagal da
auto-obsessão.
Ao desencarnar
foi, por sua
vez, vítima de
hábil
hipnotizador,
que o induziu a
assumir a forma
perversa, para
que lhe fosse
útil nos
lamentáveis
processos de
perturbação
espiritual em
que o atirou,
desprevenido e
insano como tem
sido. Enfrente
agora a
realidade
diversa. Você é
filho de Deus e
necessita ser
feliz. Abandone
a indumentária
triste e
ilusória que o
veste”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
17 – Alucinações
espirituais.)
167.
Augusto volta à
personalidade
que lhe é
própria
– Enquanto o
Espírito
apresentava
diferentes
expressões
faciais que
variavam do
espanto ao
terror durante o
esclarecimento
oportuno,
Eurípedes
prosseguia: “O
seu período de
sofrimentos
também acabou.
Atrás da máscara
sempre se
encontra o ser
humano
angustiado, sem
roteiro,
escondendo suas
dores no
disfarce da
ilusão. Você
merece despertar
para uma nova
realidade,
começando a
experiência
dignificadora,
aquela que
constrói o ser
interno
verdadeiramente
harmonizado”. E
dando maior
ênfase à voz,
enquanto dr.
Inácio aplicava
passes de
dispersão
energética no
Espírito,
permitindo que
fossem
desaparecendo as
construções
ideoplásticas,
Eurípedes
acentuou com
firmeza:
“Augusto, acorde
para a realidade
e para a vida.
Retome a sua
forma humana,
aquela que o
vestiu durante a
trajetória
terrestre antes
da alucinação.
Saia do palco e
volva à
realidade. Você
está entre
amigos que lhe
compreendem o
drama íntimo,
que não vem ao
caso aqui
examinar, e é
muito bem
recebido.
Ninguém foge
indefinidamente
de si mesmo, nem
das Leis de
Deus, que a
todos nos
alcançam onde
quer que nos
refugiemos.
Desperte...
desperte... e
seja bem-vindo,
meu irmão”. O
Espírito começou
a contorcer-se
na aparelhagem
mediúnica
delicada, a
respirar com
dificuldade, e
enquanto se
diluíam as
formações da
indumentária e
da máscara
facial, ele se
foi
reconstituindo e
assumindo a
personalidade
que lhe
pertencia,
recurvando-se
como alguém de
muita idade,
portador de
problema na
coluna, para
finalmente ser
tomado por
convulsivo
pranto, que lhe
dificultou o
verbo.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
17 – Alucinações
espirituais.)
168.
Honório desperta
– Ante o
Espírito que
chorava,
Eurípedes
falou-lhe com
suavidade:
“Acalme-se, meu
amigo! Todo
renascimento é
doloroso,
especialmente
quando se dá
através do
abandono da
fantasia para a
realidade, da
loucura para a
razão. Tudo
agora é passado,
e você dispõe de
um futuro
abençoado que o
aguarda. Agora é
necessário
repousar, dormir
e sonhar com o
Bem, de forma
que o amanhã
surja das névoas
do ontem com as
claridades da
alegria de
viver”. Nesse
momento, dr.
Inácio, que
prosseguia
aplicando
energias
restauradoras do
equilíbrio,
deslindou o
comunicante dos
laços que o
vinculavam ao
perispírito da
médium e o
colocou em uma
cama de campanha
que se
encontrava atrás
do semicírculo
para posterior
transferência
para a
Enfermaria
adequada, onde
prosseguiria o
seu tratamento.
Ainda sob o
clima psíquico
de júbilo ante o
êxito do
cometimento
espiritual com o
irmão Augusto,
Honório
despertou,
chamado por
Eurípedes, logo
assumindo a
postura
alucinada. As
formas-pensamento,
que o exauriam
em terrível
processo de
vampirização das
suas energias
espirituais,
assomaram ao
consciente e ele
começou a
delirar,
assumindo
posturas
grotescas,
escabrosas, que
eram os resíduos
dos seus
conflitos morais
e sexuais em
desalinho,
vivenciados pela
mente
atormentada.
Utilizando-se
das bênçãos do
clima psíquico,
uma das damas
presentes, a
Sra. Ernestina,
visivelmente
mediunizada,
levantou-se e
aproximou-se do
enfermo.
Irradiava
mirífica luz que
a banhava toda
em tom
prata-violáceo,
espraiando-se
pelo pequeno
recinto e
dando-lhe uma
tonalidade
especial.
Eurípedes então
falou: “Honório,
você já não se
encontra no
corpo no qual se
refugiava.
Espírito liberto
da matéria, mas
preso às suas
sensações, você
já não necessita
das imagens
delirantes para
encontrar o
prazer. Enquanto
não mudar de
atitude perante
a vida,
descobrindo
outros valores,
permanecerá
nesse estado de
loucura. Acorde
para a realidade
na qual está
instalado e
passe a
vivenciá-la.
Acorde!
Abandone, por
momentos breves
que sejam, as
fantasias
sexuais e os
devaneios
mentais.
Desperte, nós
lhe ordenamos em
nome de Jesus, o
Cristo!”
(Tormentos da
Obsessão, cap.
17 – Alucinações
espirituais.)
169.
Honório vê sua
mãe e se
emociona
– Do terapeuta,
à medida que a
voz assumia
expressão
enérgica, ondas
sucessivas de
energia
envolviam o
enfermo,
diluindo as
imagens mentais
que permaneciam
como verdadeiro
envoltório em
torno da sua
cabeça, e ele,
nominalmente
convocado,
pareceu
despertar,
alterou a
expressão da
face, os olhos
recuperaram a
normalidade,
banhado por
débil
luminosidade, e
enquanto
balbuciava
palavras
desconexas, num
retorno lento,
como quem
desperta de um
largo letargo
recheado de
pesadelos
intérminos,
percebeu o
Benfeitor e
escutou-o:
“Observe onde se
encontra. Você
não está a sós
como lhe era
habitual. Aqui
estamos alguns
amigos
interessados em
liberá-lo do
largo
sofrimento, da
loucura do
prazer
impossível.
Volva à
consciência e
olhe bem à sua
volta...” O
paciente atendeu
à solicitação,
quase
automaticamente,
e gritou, quando
viu o Espírito
comunicando-se
através de dona
Ernestina: “Deus
meu, um anjo!
Será a Mãe de
Jesus?!” A
Entidade
respondeu: “Não,
meu filho. Sou a
tua pobre
mãezinha, que
vem em teu
auxílio em nome
da nossa Mãe
espiritual, a
Genitora de
Jesus”. Honório
foi acometido de
emoção sincera e
levantou-se do
leito,
ajoelhando-se,
num impulso
intempestivo,
dobrando-se
quase até o
solo, que tentou
beijar em uma
atitude
profundamente
comovedora. A
seguir,
explicitou:
“Volte para o
Céu, mamãe,
porque eu não
mereço a sua
presença. Eu sou
um pântano e a
senhora é um
lírio de Deus.
Não me atormente
com a sua
visita,
porquanto eu sou
detestável e
devo estar
sonhando...” A
Senhora
disse-lhe,
então: “Não, meu
filho, você está
desperto, não é
um sonho. Você
já não se
encontra entre
as pessoas da
Terra. A morte,
essa benfeitora
de todos nós,
trouxe-o para o
reino da
verdade, onde
nada permanece
oculto, e as
oportunidades de
elevação se
apresentam
enriquecedoras.
As aflições
deveriam ter
ficado com o
corpo que já se
desfez, mas você
as trouxe no seu
mundo íntimo,
fechado à luz do
discernimento e
da confiança
irrestrita em
Deus. Agora,
devem cessar
suas aflições”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
17 – Alucinações
espirituais.) (Continua no
próximo número.)