Tormentos da
Obsessão
Manoel Philomeno
de Miranda
(Parte 38)
Damos
prosseguimento
ao
estudo metódico
e sequencial do
livro Tormentos
da Obsessão, obra de
autoria de
Manoel Philomeno
de Miranda,
psicografada por
Divaldo P.
Franco
e publicada em 2001.
Questões
preliminares
A. Quais as
causas reais dos
distúrbios
mentais?
Na raiz de todo
processo de
desequilíbrio
mental e
emocional, as
causas dos
distúrbios são
os valores
morais negativos
do enfermo em
processo de
reeducação, como
decorrência das
ações pretéritas
ou atuais por
ele praticadas.
Não existindo
efeito sem
causa, é
compreensível
que toda
ocorrência
infeliz de hoje
resulte de
atividade
agressiva e
destrutiva
cometida
anteriormente.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
19 – Distúrbio
depressivo.)
B. É verdade
que, na cura da
depressão, o
trabalho
desempenha um
papel
terapêutico
fundamental?
Sim. De acordo
com a
experiência do
dr. Orlando
Messier, ao lado
de todos os
tratamentos
especializados
para a cura da
depressão, assim
como de outros
distúrbios de
comportamento, o
trabalho
desempenha um
papel
terapêutico
fundamental. E o
mesmo se dá com
a psicodança.
Enquanto a mente
do enfermo se
encontrar
direcionada para
um objetivo
saudável,
desvinculando-se
da ideia
depressiva, irá
regularizando a
distonia e
provocando uma
positiva reação
cerebral, em
face da
imposição do
pensamento bem
direcionado, que
agirá nos
neurônios,
favorecendo-lhes
as sinapses em
ritmo
equilibrado. (Tormentos
da Obsessão,
cap. 20 –
Terapias
enriquecedoras.)
C. No tratamento
da obsessão, o
trabalho exerce
igualmente um
papel
terapêutico
importante?
Sim. O trabalho
é um dos mais
eficazes
mecanismos de
promoção do
indivíduo. E
ajuda, nos
processos
obsessivos, o
obsidiado a sair
da inércia, da
autocompaixão,
da frustração
existencial ou
da revolta nele
instalada pela
ação corrosiva
da obsessão.
Quando a mente
se desvincula de
atividades
enriquecedoras,
o drama da
obsessão se
torna mais
grave, porque a
insistente ideia
transmitida
torna-se
acolhida pelo
enfermo, que
passa ao diálogo
desestruturador
do
comportamento. O
trabalho produz
efeito contrário
e, por isso, tem
no processo
desobsessivo um
papel
terapêutico que
não devemos
desprezar.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
20 – Terapias
enriquecedoras.)
Texto para
leitura
196.
Causas reais dos
distúrbios
mentais
– Dando
prosseguimento à
exposição, o
conferencista
lembrou que
nunca será
demasiado
repetir que na
raiz de todo
processo de
desequilíbrio
mental e
emocional, nas
psicopatologias
variadas, as
causas dos
distúrbios são
os valores
morais negativos
do enfermo em
processo de
reeducação, como
decorrência das
ações pretéritas
ou atuais
praticadas. Não
existindo efeito
sem causa, é
compreensível
que toda
ocorrência
infeliz de hoje
resulte de
atividade
agressiva e
destrutiva
anterior. E
acrescentou:
“Não poucas
vezes, também se
pode identificar
na gênese da
depressão o
fator
responsável pelo
funcionamento
sexual
deficiente,
receoso,
frustrante, que
induz o paciente
ao desinteresse
pela vida, à
fuga da
realidade...
Desse modo, a
depressão, mesmo
quando decorra
de uma
psicogênese bem
delineada, seja
pela
hereditariedade
ou pelos fatores
psicossociais e
outros, sua
causa profunda
se encontra
sempre no
Espírito
endividado que
renasce para
liberar-se da
injunção penosa
a que se
entregou. Assim
sendo,
aproxima-se o
dia, no qual, a
ciência
acadêmica se
dará conta da
realidade do ser
que transcende a
matéria, e cujas
experiências
multifárias
através dos
renascimentos
corporais
responde pelo
binômio
saúde-doença”.
“Como ninguém
pode deter o
progresso, que
se multiplica
por si mesmo, o
amanhã constitui
a esperança dos
que tombaram nos
processos
perturbadores e
degenerativos,
quando
encontrarão a
indispensável
contribuição dos
cientistas e
religiosos que,
de mãos dadas,
estarão
trabalhando em
favor da sua
recuperação
mental e
orgânica.”
(Tormentos da
Obsessão, cap.
19 – Distúrbio
depressivo.)
197.
Jesus, o
psicoterapeuta
excepcional
– O
conferencista
fez,
propositadamente,
nova pausa, que
a todos comoveu
pelo que disse
de imediato:
“Não há como
negar-se:
Jesus-Cristo é o
psicoterapeuta
excepcional da
Humanidade, o
único que pôde
penetrar
psiquicamente no
âmago do ser,
auxiliando-o na
reestruturação
da
personalidade,
da
individualidade,
facultando-lhe
uma perfeita
identificação
entre o ego e o
self,
harmonizando-o
para que não
mais incida em
compromissos
degenerativos.
Por isso mesmo,
todos aqueles
que lhe buscaram
o conforto
moral, a
assistência para
a saúde
combalida ou
comprometida,
física ou
mental,
defrontaram a
realidade da
vida, alterando
a forma
existencial do
comportamento
que lhes seria
de inapreciado
valor nas
futuras
experiências
carnais. A Ele,
o afável Médico
das almas e dos
corpos, a nossa
sincera gratidão
e o nosso apelo
para que nos
inspire na
equação dos
dramas que
afligem a
humanidade,
tornando a Terra
um lar melhor
para se crescer
moral e
espiritualmente,
onde os
sofrimentos
decorrentes das
enfermidades de
vária gênese
cedam lugar ao
equilíbrio e à
produção da vera
fraternidade
assim como da
saúde integral”.
A conferência
chegara ao fim e
todos
apresentavam o
semblante
irradiante de
júbilo. O lúcido
orador
mantinha-se
sereno e
suavemente
iluminado,
banhado por
peregrina
claridade que
jorrava dos
Altos Cimos...
Eurípedes
levantou-se,
abraçou-o,
conduziu-o à
mesa diretora da
solenidade e,
visivelmente
feliz, proferiu
inesquecível
oração
gratulatória,
dando como
encerrados os
trabalhos. Os
mais
interessados
acercaram-se do
palco, a fim de
conhecer mais de
perto o
convidado e com
ele dialogar
brevemente.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
19 – Distúrbio
depressivo.)
198. Dr.
Orlando Messier
– No dia
seguinte,
Alberto
apresentou
Manoel P. de
Miranda ao dr.
Orlando Messier,
que fora, no
país onde vivera
a sua mais
recente
experiência
carnal, devotado
psiquiatra que
se dedicara ao
estudo da
psicologia com
alma. Ele não
conhecera o
Espiritismo;
contudo,
mediante
cuidadosas
investigações
com os seus
pacientes, ao
lado da análise
demorada das
obras dos drs.
Roberto
Assagioli e
Viktor Frankl,
conseguira
detectar a
sobrevivência do
Espírito à
disjunção
molecular da
matéria e
entender a
interferência
que os
desencarnados
exercem na
conduta dos
viandantes
terrestres.
Tivera também
oportunidade de
atender diversos
pacientes
portadores de
obsessões, em
cujas
oportunidades se
manifestaram os
seus algozes,
bem como
examinou a
contribuição do
psiquiatra Karl
Wikland, através
das narrações
das suas
experiências de
consultório,
exaradas no
livro Trinta
anos entre os
mortos, que
o auxiliaram a
aceitar a
realidade da
vida além do
corpo,
facultando-lhe
desenvolver
psicoterapias
valiosas no
atendimento
àqueles enfermos
mentais que o
buscaram.
Desencarnado,
foi convidado a
especializar-se
no Sanatório
Esperança, onde
se encontrava em
atividade
socorrista fazia
mais de dez
anos. Ele também
estivera na
conferência da
noite anterior e
encontrava-se
vivamente
fascinado com a
exposição do
visitante
ilustre. Para
ele não houve
propriamente
novidades quanto
às origens dos
distúrbios
psicológicos e
das alienações
mentais, bem
como no tocante
às terapias que
eram aplicadas
largamente
naquele
Sanatório.
Todavia, as
referências
procedentes de
mais doutos
conhecedores da
psique humana,
perfeitamente
concordes com as
suas conclusões,
constituíam-lhe
motivo de
compreensível
gáudio. Foi,
portanto, num
clima de muita
cordialidade que
decorreu o
encontro, que
propiciou a
Miranda mais
amplas
possibilidades
de aprendizagem.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
20 – Terapias
enriquecedoras.)
199. O
papel
terapêutico do
trabalho
– Dando início à
conversação, dr.
Orlando Messier
declarou:
“Convenço-me,
cada vez mais,
que ao lado de
todos os
tratamentos
especializados
para a cura da
depressão, assim
como de outros
distúrbios de
comportamento, o
trabalho
desempenha um
papel
terapêutico
fundamental. O
mesmo
acreditamos, no
que diz respeito
à psicodança.
Enquanto a mente
do enfermo se
encontrar
direcionada para
um objetivo
saudável,
desvinculando-se
da ideia
depressiva, irá
regularizando a
distonia e
provocando uma
positiva reação
cerebral, face à
imposição do
pensamento bem
direcionado, que
agirá nos
neurônios,
favorecendo-lhes
as sinapses em
ritmo
equilibrado. O
trabalho é
recurso muito
valioso para
fazer o tempo
passar, informa
a tradição
terrestre, mas,
sobretudo, para
que passe de
maneira saudável
e dignificadora,
acentuamos nós.
Felizmente, a
praxiterapia vem
sendo utilizada
com propriedade,
colhendo
resultados
positivos.
Quando o
indivíduo se
envolve com
qualquer tipo de
trabalho ou
responsabilidade
edificante,
concentra-se na
sua execução e
mantém-se atento
aos objetivos
delineados.
Naturalmente
estimulados pela
ação mental
saudável os
neurônios
produzem enzimas
carregadas de
energia que, à
semelhança de
fótons
especializados,
produzem
harmonia
vibratória nos
neurotransmissores,
proporcionando
reequilíbrio. O
mesmo milagre
produz a oração.
Como, porém,
raros desses
pacientes podem
demorar-se
concentrados na
prece, na
meditação ou nas
leituras
elevadas, porque
entram em
divagação
pessimista, o
trabalho e a
dança, em razão
do esforço
físico para
desempenhá-los,
produz resposta
mais direta e
imediata”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
20 – Terapias
enriquecedoras.)
200.
Efeitos da
laborterapia
– Na sequência,
dr. Messier
esclareceu:
“Sempre quando
atendia um
cliente portador
de distúrbio
depressivo, após
as recomendações
terapêuticas
acadêmicas,
propunha-lhe
qualquer tipo de
laborterapia, a
começar por
quase
insignificantes
esforços no
próprio lar, no
jardim, na
reparação de
objetos ou
móveis quebrados
até os serviços
de beneficência
em favor da
comunidade. Os
resultados,
apesar das
permanentes
negativas do
mesmo em
executá-los,
explicando que
lhe era quase
impossível
atender-me,
redundavam
sempre
positivos.
Renascia-lhe o
interesse pela
vida, o desejo
de prosseguir, a
diminuição da
ansiedade, a
autoconfiança,
claro que
lentamente. O
importante era
demonstrar-lhe
as imensas
possibilidades
que lhe estavam
à disposição e
que, por
momentos se
encontravam
adormecidas,
aguardando
somente o
despertar da
vontade e do
esforço. Como
passo seguinte
procurava
identificar-lhe
a confissão
religiosa, a fim
de estimulá-lo à
crença em Deus,
eliminando as
propostas
fanatizantes das
diversas
religiões,
ensinando que o
apoio divino
nunca falta, e
quando a
criatura se
entrega ao
Criador, Ele
corresponde-lhe
com segurança e
amor. Esse meu
comportamento
causava
estranheza em
muitas famílias,
nas quais se
encontravam os
problemas
depressivos, bem
como entre os
colegas, quase
sempre aferrados
a terrível
convicção
materialista. No
entanto, a
observância de
tal procedimento
terapêutico
conferia-me
estatística
valiosa,
quantitativa e
qualitativamente,
confirmando-me a
sua excelência
nos resultados
favoráveis à
recuperação da
saúde”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
20 – Terapias
enriquecedoras.)
201. Por
que, na
desobsessão, o
trabalho faz bem
– Dito isso,
olhando-o com
interesse, o
médico perguntou
a Miranda se em
suas
experiências com
obsidiados na
Terra alguma vez
sugeriu o
trabalho como
terapia
libertadora.
Miranda
respondeu-lhe:
“Somos também de
parecer que o
trabalho é,
realmente, um
dos mais
eficazes
mecanismos de
promoção do
indivíduo. Jesus
teve ocasião de
acentuar,
conforme anotado
pelo evangelista
João, no
capítulo 5,
versículo 17: —
Meu Pai trabalha
até agora e eu
também trabalho,
demonstrando a
alta
significação
desse
procedimento.
Não poucas
vezes,
estimulando os
obsessos ao
trabalho, eles
reagiam
justificando-se
incapacidade de
realizar alguma
coisa de útil,
ao que lhes
objetava,
informando que
sempre se pode
fazer algo,
mínimo que seja,
quando se tem
interesse. E
insistindo,
conseguia
auxiliá-los a
sair da inércia,
da autocompaixão,
da frustração
existencial ou
da revolta neles
instalada pela
ação corrosiva
da obsessão...
Quando a mente
se desvincula de
atividades
enriquecedoras,
o drama da
obsessão se
torna mais
grave, porque a
insistente ideia
transmitida
torna-se
acolhida pelo
enfermo, que
passa ao diálogo
desestruturador
do
comportamento.
Quanto mais
recua para o
interior,
vivenciando a
conversação
infeliz, mais
poderosa se
torna a indução
do agente
perseguidor”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
20 – Terapias
enriquecedoras.)
(Continua no
próximo número.)