O Além e a Sobrevivência
do Ser
Léon
Denis
(Parte 9)
Continuamos nesta edição
a apresentar o
estudo do livro
O Além e a Sobrevivência
do Ser, de
autoria de Léon Denis,
com base na 8ª edição
publicada em português
pela Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Em que consiste o
fenômeno designado pelo
nome de cross-correspondence?
A
cross-correspondence
é o recebimento de parte
da comunicação por um
médium e parte por um
segundo médium, não
podendo qualquer das
partes ser compreendida
sem o concurso da outra,
fato que constitui boa
prova de que uma mesma
inteligência atua sobre
os dois automatistas.
(O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
B. Que observação fez o
Sr. Oliver Lodge a
respeito do fenômeno
citado na questão
anterior?
Segundo Oliver Lodge,
que descreveu esse
fenômeno no dia 30 de
janeiro de 1908, numa
reunião da Sociedade
de Pesquisas Psíquicas
de Londres, a
cross-correspondence
é prova inequívoca de
que a mesma inteligência
atua sobre dois médiuns.
Além disso, se a
mensagem traz a
característica de um
defunto e é recebida
como tal por pessoas que
não o conheceram
intimamente, o fato
prova a persistência da
atividade intelectual do
desaparecido. E se se
obtém dessa maneira um
texto inteiramente
conforme o seu modo de
pensar e impossível de
ser imaginado por
terceira pessoa,
conclui-se que a prova é
convincente. “Tais são
as espécies de provas
que a Sociedade pode
comunicar sobre esse
ponto”, declarou Oliver
Lodge. (O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
C. Para Léon Denis, a
identidade dos Espíritos
comunicantes era
naqueles fenômenos um
pormenor de grande
relevância?
Sim.
Essa identidade,
estabelecida do modo
mais preciso, seria, no
entendimento dele, a
melhor resposta aos
detratores do
Espiritismo e a todos os
que pretendem explicar
os fenômenos por outras
causas que não a
intervenção dos
defuntos. Em face disso,
ele passou a enumerar
diversos fatos em que a
identidade do
comunicante pôde ser
aferida. (O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
Texto para leitura
101. Os experimentadores
ingleses imaginaram, sob
o nome de
cross-correspondence,
um novo processo de
comunicação com o
invisível, bem de molde
a provar a identidade
dos Espíritos que se
manifestam por meio da
escrita mediúnica. O Sr.
Oliver Lodge, reitor da
Universidade de
Birmingham, o descreveu
a 30 de janeiro de 1908,
numa reunião da
Sociedade de Pesquisas
Psíquicas de
Londres. (O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
102. A
cross-correspondence,
diz Lodge, isto é, o
recebimento de parte da
comunicação por um
médium e parte por um
segundo médium, não
podendo qualquer das
partes ser compreendida
sem o concurso da outra,
constitui boa prova de
que uma mesma
inteligência atua sobre
os dois automatistas.
Se, além disso, a
mensagem traz a
característica de um
defunto e é recebida
como tal por pessoas que
não o conheceram
intimamente, isso prova
a persistência da
atividade intelectual do
desaparecido. E se se
obtém dessa maneira um
texto inteiramente
conforme o seu modo de
pensar e impossível de
ser imaginado por
terceira pessoa,
conclui-se que a prova é
convincente. “Tais são
as espécies de provas
que a Sociedade pode
comunicar sobre esse
ponto”, declarou Oliver
Lodge. (O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
103. Depois de tratar
dos esforços empregados
nesse sentido pelos
Espíritos de Gurney,
Hodgson e Myers, em
particular, Lodge
acrescentou:
“Achamos que suas
respostas a questões
especiais são dadas por
forma que lhes
caracteriza as
personalidades e revelam
conhecimentos à altura
da competência de cada
um deles. A muralha que
separa os encarnados dos
desencarnados ainda se
mantém firme, mas já se
mostra adelgaçada em
muitos lugares. Como os
trabalhadores de um
túnel, ouvimos, por
entre o rumor das águas
e diversos outros
ruídos, os golpes das
picaretas dos camaradas
que trabalham do lado
oposto.” (O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
104. Não julgamos demasiado
insistir numa questão
capital: a da identidade
dos Espíritos que se
comunicam, no curso das
experiências. Essa
identidade, estabelecida
do modo mais preciso,
será a melhor resposta
aos detratores do
Espiritismo e a todos os
que pretendem explicar
os fenômenos por outras
causas que não a
intervenção dos
defuntos. (O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
105. Passamos a enumerar
diversos fatos que nos
parecem característicos
e apoiados em
testemunhos importantes.
O primeiro, referido por
Myers em sua obra sobre
a consciência
subliminal, diz
respeito a uma pessoa
bem conhecida do autor,
o Sr. Brown, cuja
perfeita sinceridade ele
garante. (O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
106. Um negro cafre(1)
foi visitar o Sr. Brown
num dia em que se
entregava a experiências
espíritas com sua
família. Introduzido o
visitante,
perguntaram-lhe se sabia
de mortos seus
compatriotas que
desejassem comunicar-se
com ele. Imediatamente,
uma mocinha da família,
que não conhecia coisa
alguma do cafre,
escreveu muitas palavras
nesta língua. Lidas
estas ao negro,
causaram-lhe viva
estupefação. (O Além
e a Sobrevivência do
Ser.)
107. Veio depois uma
mensagem em idioma cafre,
que foi por ele
inteiramente
compreendida, exceto uma
palavra desconhecida do
Sr. Brown. Em vão este a
pronunciava de diversas
maneiras, mas o negro
não lhe apanhava o
sentido. Inesperadamente
a médium escreveu:
“Estale a língua.” O Sr.
Brown lembrou-se então
do estalido particular
da língua que acompanha
a articulação da letra
t entre os cafres
e foi imediatamente
compreendido. (O Além
e a Sobrevivência do
Ser.)
108. Ignorando os cafres
e a arte de escrever, o
Sr. Brown ficou
surpreendido de receber
de um cafre uma mensagem
escrita. Explicaram-lhe
que a mensagem fora
ditada, a pedido dos
amigos do negro, por um
de seus amigos europeus
que, quando vivo, falava
correntemente a língua
dos cafres. O africano
parecia aterrado com a
ideia de que os mortos
ali estivessem,
invisíveis. (O Além e
a Sobrevivência do Ser.)
109. O segundo caso é o
da aparição de um
Espírito que se chamara
Nefentés, numa sessão
realizada em Cristiânia,
na casa do professor
E..., sendo médium Mme.
d’Espérance. O Espírito
deu o molde de sua mão
em parafina. Levado o
modelo oco a um
profissional para que
executasse a obra em
relevo, ele e seus
operários se encheram de
espanto, por lhes estar
patente que mão humana
não poderia tê-lo feito,
porque o teria quebrado
quando fosse retirada, e
declararam que aquilo
era obra de feitiçaria.
(O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
110. Doutra vez,
Nefentés escreveu alguns
caracteres gregos no
livrinho de notas do
professor E...
Traduzidos, no dia
seguinte, do grego
antigo para linguagem
moderna, aqueles
caracteres, verificou-se
que significavam o
seguinte: “Sou Nefentés,
tua amiga. Quando tua
alma se sentir oprimida
por excessivas dores,
invoca-me e eu acudirei
prontamente para mitigar
tuas aflições.” (O
Além e a Sobrevivência
do Ser.)
111. Finalmente, o
terceiro caso é
autenticado pelo Sr.
Chedo Mijatovich,
ministro
plenipotenciário da
Sérvia, em Londres, que
o comunicou em 1908 no
Light: Instado
por espíritas húngaros
para se pôr em relação
com um médium, a fim de
elucidar um ponto de
História referente a
certo soberano sérvio
morto em 1350, o Sr.
Chedo foi ter com o Sr.
Vango, de quem muito se
falava na ocasião e que
lhe era, mesmo de vista,
inteiramente
desconhecido.
Adormecido, anunciou-lhe
o médium a presença do
Espírito de um mancebo,
que desejava muito ser
atendido, mas cuja
linguagem não lhe era
possível compreender.
Acabou, todavia, por
escrever algumas
palavras do que dizia o
Espírito. (O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
112. Este se exprimira
em sérvio e a tradução
do que o médium
conseguira grafar é a
seguinte: “Peço-te o
favor de escrever à
minha mãe Natália,
dizendo-lhe que imploro
o seu perdão.” O
Espírito era o do rei
Alexandre. O Senhor
Mijatovich nenhuma
dúvida pôde ter disso,
tanto mais que outras
novas provas de
identidade vieram
juntar-se à primeira: o
médium descreveu o
defunto, que lhe
manifestou o pesar que
sentia de não ter
seguido um conselho que
confidencialmente lhe
dera, dois anos antes de
seu assassínio, o
diplomata consultante.
(O Além e a
Sobrevivência do Ser.) (Continua no próximo
número.)
(1)
Cafre: o natural ou
habitante da Cafraria,
denominação que, no
passado, se dava à
região entre o rio Kei e
os limites da província
de Natal, na África do
Sul.
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