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Dr.
Jorge Andréa,
100 anos
de vida
O
conhecido médico,
escritor e orador
espírita comemora seu
centésimo aniversário
lançando um novo livro
Em 13 de agosto, o
CEJA-BARRA (Centro
Espírita Joanna de
Ângelis - Barra da
Tijuca), situado na Av.
Gilberto Amado, 311, na
Cidade do Rio de
Janeiro, foi palco de um
evento considerável,
comemorando os 100 anos
de vida do profícuo
pesquisador, escritor e
orador espírita Jorge
Andréa dos Santos,
considerado uma das mais
importantes figuras do
Movimento Espírita no
Brasil. Reencarnado em
Salvador, Bahia, em 10
de agosto de 1916,
formou-se em Medicina,
tendo exercido a
especialidade da
Psiquiatria. Oficial da
FAB (Força Aérea
Brasileira) e presidente
de honra do ICEB
(Instituto de Cultura
Espírita
do
Brasil),
é
Sócio-Funda-dor
da
AME-RIO
(Associação
Médi- |
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co-Espírita
do
Estado
do Rio
de
Janeiro)
e
responsável
pela sua
Primeira
Palestra
Científico-Doutrinária.
É,
ainda,
autor de
dezenas
de
livros,
sendo o
último,
lançado
no
evento,
intitulado
“Do
Outro
Lado da
Matéria-Enigma
da
Vida”.
|
Com um público calculado
de mil pessoas, a festa
foi dirigida pela Sra.
Iraci Campos, dirigente
do CEJA-BARRA,
assessorada pelo
Presidente do ICEB, Cel.
Cesar Soares dos Reis.
Estava presente o
Presidente da FEB, Sr.
Jorge Godinho Barreto
Nery. Abrilhantaram a
festa o estimado tribuno
espírita Divaldo Pereira
Franco, que proferiu
brilhante conferência, e
a valorosa cantora
Anatasha Meckenna, que
brindou a todos com
belas canções.
Versado em Ciência
Espírita, Andréa,
durante mais de meio
século, fez palestras
por todo o país e,
igualmente, no Exterior.
Participou de inúmeros
Congressos Espíritas, em
vários Estados do
Brasil, como também foi
entrevistado em diversos
programas de Rádio e
TV.
Tive a oportunidade de
desfrutar de sua
presença por muitos
anos, trabalhando
juntos, em dobradinha,
no ICEB (instituto de
Cultura Espírita do
Brasil), por uma década,
sendo responsáveis pela
Cadeira de Ciência
Espírita.
Uma pessoa de bem com a
vida
Na AME-RIO (Associação
Médico-Espírita de
Estado do Rio de
Janeiro), sua presença
era constante, desde a
sua fundação em primeiro
de outubro de 1995.
Sempre se apresentava
nas palestras de cunho
científico-doutrinário,
não só como magistral
orador, mas também como
participante, deixando
sempre, no final dos
eventos, seu comentário
bem abalizado.
Sempre que viajávamos
juntos por diversos
Estados do País,
participando de eventos
médico-espíritas, até
mesmo pernoitando no
mesmo quarto, comprovei
de fato ser Andréia uma
pessoa extremamente
agradável, portador de
uma simplicidade
comovedora, muito
alegre, sempre
sorridente e afável. Nos
momentos inesquecíveis
de bate-papo,
revelava-se portador de
assaz erudição.
Falávamos muito por
telefone e sempre o
chamei carinhosamente e
reconhecido de “garoto”,
pela jovialidade
continuamente
demonstrada e de estar
sempre de bem com a
vida.
Lembro que fomos
convidados para um dos
encontros
científico-doutrinários
na cidade de São Paulo,
e nos colocaram
hospedados em um hotel
da Rua Augusta, no mesmo
quarto. Pois bem, fomos
acordados em plena
madrugada por berros e
risadas, os quais
pareciam ressoar dentro
do nosso cômodo.
Constatamos, então, que
éramos vizinhos de um
inferninho e foi muito
difícil, inicialmente,
conciliar de novo o
sono. Aproveitei o
ensejo, sabendo do bom
humor inerente ao
Andréa, para gracejar um
pouco, inclusive com o
sentido de desanuviar o
mal-estar e sairmos
daquela situação
constrangedora.
Galhofando, convidei-o
para irmos participar da
farra ao lado. Sua
resposta foi uma intensa
gargalhada, tão especial
que me fez também sofrer
um ataque de riso que
parecia não mais ter
fim. A presença dele
realmente se revelava
especial e com sua
reação tão humorada,
nossos ouvidos se
fizeram moucos ao
barulho e pudemos dormir
em paz.
O caso do avião que
balançava muito
Outro episódio digno de
menção foi quando
retornávamos ao Rio e o
avião onde viajávamos
passou por uma intensa
turbulência. Estávamos
em grande altitude e a
aeronave começou a
balançar demasiadamente,
fazendo com que os copos
e pratos de plástico da
nossa refeição fossem
arremessados para longe.
Aproveitei o ensejo para
testar o amigo Andréa,
ao meu lado, sobre a
possibilidade de o avião
ser derrubado e
desencarnarmos. Com
muita tranquilidade, ele
me acalmou, dizendo que
as aeronaves modernas
são dimensionadas para
resistir às muitas e
intensas intempéries e
que ele, na Aeronáutica,
servindo no Correio
Aéreo Nacional, teve a
oportunidade de
aterrissar de barriga
inúmeras vezes por
motivo de panes nos
aviões monomotores.
Acentuou que, se não
desencarnara naquelas
situações, não seria
agora em um avião tão
especial e, ao mesmo
tempo, ao meu lado,
porquanto eu mais jovem
poderia dar ainda muito
de mim para a minha
família e para a
Doutrina Espírita.
Realmente, com tanta
demonstração de
conhecimento e de
experimentação, me senti
mais reconfortado e
confiante.
Contou-me, a seguir, que
ao participar de uma
reunião com sensitivo
versado em desdobramento
perispirítico
consciente, desejando
obter a comprovação do
fenômeno, solicitou ao
projetor que fosse até à
sua residência e
descrevesse com detalhes
todo o local. Assim fez
com sucesso, exceto o
quarto do casal,
porquanto foi impedido
por uma entidade que se
apresentou como um
índio, o qual lhe
relatou estar ali
protegendo o Andréa e,
ao mesmo tempo, lhe
disse ser aquele
dormitório um ambiente
sagrado. Interessante
que o sensitivo
descreveu com detalhes
todos os presentes
indígenas afixados na
parede da sala: cocares,
arco e flecha etc.
O “pajé branco” e a
tribo agradecida
Sempre juntos nas
viagens, conversávamos
muito e gostava de ouvir
seus interessantes
causos. Certa feita,
contou-me que, servindo
à Aeronáutica, teve o
ensejo de conhecer quase
todo o Brasil e, em uma
oportunidade, foi-lhe
solicitada a intervenção
médica em uma tribo
indigenista, assediada
por um surto gripal, com
inúmeros silvícolas
gravemente adoentados.
Andréa foi recebido
pelos índios como “pajé
branco” e, prontamente,
atendeu e medicou a
todos com muita
disposição e carinho, o
que é inerente a um
médico que professa a
excelsa Doutrina dos
Espíritos, revivendo em
tempos hodiernos a
mensagem do Mestre de
todos nós, o amado
Jesus. Pois bem, foi
recompensado com
inúmeros presentes pelos
indígenas, reconhecidos
e satisfeitos com o
acolhimento médico
recebido. Em se sentindo
à vontade, foi fazer um
passeio de
reconhecimento no
interior das tabas e,
quando fazia menção de
entrar em uma das ocas,
se deparou com vários
guerreiros,
preparando-se para
abatê-lo como se faz com
uma caça, apontando seus
arcos e flechas em sua
direção. Foi salvo pelo
guia da FUNAI,
apavorado, que relatou
ao atemorizado Andréa
que ninguém podia
penetrar naquele local,
exceto o pajé, porquanto
é o santuário sagrado da
tribo. Depois de tanto
ajudar os indígenas, o
meu estimado amigo
passou por um momento
assaz trágico. Contou-me
tudo isso sorrindo
muito, tendo eu a chance
de igualmente me
divertir. Afinal, ele
sobreviveu...
O caso do general
nazista
Em outra oportunidade,
discorreu a respeito de
um caso memorável, do
qual eu já conhecia os
pormenores na leitura de
um dos seus livros
(“Pelos Insondáveis
Caminhos da Vida”).
Contou-me que se
encontrava em pleno
trabalho mediúnico,
doutrinando uma rude
Entidade que lhe relatou
ter sido um general
nazista, o qual se
manifestava refratário
às suas oportunas e
carinhosas palavras de
soerguimento espiritual.
Contudo, após exaustivas
tentativas por parte do
bondoso seareiro
espírita, o Espírito se
mostrou mais tolerante e
receptivo. Agradecido,
despediu-se, revelando
ao Andréa que iria
reencarnar como seu
filho, fato que parecia
ser inteiramente
impossível pelo fato de
sua esposa Gildinha, já
com oito gravidezes, ter
sido submetida à
esterilização voluntária
definitiva com suas
trompas cortadas e suas
extremidades amarradas.
Andréa não fazia ideia
do que estava para
acontecer, porquanto
após algum tempo
decorrido da despedida
do irmão espiritual, a
companheira lhe comunica
a possibilidade da
ocorrência de uma nova e
estranha gestação. Isso
mesmo: o antigo general
alemão realmente
reencarnou em seu lar,
assim como tinha
afirmado, apesar da
impossibilidade
biológica.
Digno de registro,
inclusive pela faceta
humorística, o fato de o
caçula, ainda começando
a andar, já praticar
acentuados atos de
malcriação e rebeldia.
Então, insatisfeito,
Andréa deu-lhe a
seguinte reprimenda: -
Você foi general em
vivência passada; agora,
aqui em casa, quem manda
sou eu. Tudo bem?
Realmente, ser amigo
desse ser excepcional é
para mim muito
gratificante.
Certamente, nossa
amizade e apreço têm
suas origens no passado
distante, se mantêm
firmes e perdurarão para
sempre.
Chegar aos 100 anos não
é para qualquer um,
principalmente
esbanjando jovialidade,
alegria e saúde. É sem
dúvida, um feito, uma
missão para poucos.
Obrigado, Andréa, por
tudo que me ensinaste e,
principalmente, agradeço
a Deus pela maravilhosa
benção a mim concedida
de conhecer e ser amigo
de uma pessoa tão
excepcional. Parabéns,
amigo, pelo centenário e
por me ter dado a chance
de estar presente em um
evento histórico para o
movimento espírita do
Brasil.
Americo Domingos Nunes
Filho é médico na cidade
do Rio de Janeiro.
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