A. Podemos
dizer que
Animismo e
Espiritismo
são aspectos
complementares
do mesmo
fenômeno?
Sim. Essa é,
por sinal, a
conclusão a
que chegou
Ernesto
Bozzano.
Segundo ele, o
primeiro de
tais
aspectos é a
melhor
confirmação
do segundo
ou, em
outros
termos, que
o
Espiritismo
não teria
base sem o
Animismo.
(1ª
Categoria:
Mensagens
experimentais
no mesmo
aposento.)
B. Que é que
Bozzano
considera
fenômenos
telepáticos
propriamente
ditos?
Ele assim
considera os
fenômenos de
telepatia em que o agente
transmite ao percipiente
o seu
próprio
pensamento
sob formas
sensoriais
diversas,
distinguindo-os
dos fenômenos
telepáticos
em que o
sensitivo,
em virtude
de uma
faculdade
psicodinâmica
subconsciente,
entra
diretamente
em
comunicação
com a
subconsciência
de pessoas
afastadas,
de modo a
tornar-se
agente e percipiente
ao mesmo
tempo.
(2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.)
C. Em que
periódico
foi
publicado o
caso
relatado
pelo Sr.
Kirchdorf
Kruitja
Gorki,
exemplificativo
de mensagem
transmitida
ao médium
por pessoa
imersa no
sono?
Esse caso, o
primeiro
dessa
natureza
relatado
nesta obra,
Bozzano o
extraiu da
Rivista di
Studi
Psichici
(1898, pág.
14), mas ele
havia sido
inicialmente
publicado
pela
revista
psíquica
russa
Rebus e
plenamente
documentado
e
confirmado.
(2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.
Subgrupo A)
Texto para
leitura
47. Conforme
a resposta
dada pelo
guia
espiritual “Imperator”,
a ilusão dos
clarividentes
adviria
deste fato:
eles
conversam
telepaticamente
com a
personalidade
integral da
pessoa
visualizada,
e a sua
condição de
“espírito
encarnado”
faz com que
caiam na
ilusão de
conversar
humanamente,
isto é, de
viva voz.
(1ª
Categoria:
Mensagens
experimentais
no mesmo
aposento.)
48. É de
notar que a
vidente em
questão,
além de ver
à distância
as pessoas
com as quais
estava
vinculada
por relações
afetivas, e
perceber o
pensamento
de tais
pessoas e
lhes
transmitir
seus
próprios
pensamentos
e a sua
vontade,
distinguia
também os
seus
fantasmas
“desdobrados”.
Por outro
lado,
percebia os
fantasmas
dos mortos,
separando
uns dos
outros pela
densidade
diversa dos
seus “corpos
etéreos”.
(1ª
Categoria:
Mensagens
experimentais
no mesmo
aposento.)
49. Tal
visualização
simultânea
de espíritos
de vivos e
de mortos
demonstra
ainda uma
vez que
Animismo e
Espiritismo
não são mais
que dois
aspectos
complementares
do mesmo
fenômeno,
graças aos
quais se
contempla o
espírito
humano nas
suas duas
fases, de
encarnação e
desencarnação.
E, portanto,
fica mais
que claro
que o
primeiro de
tais
aspectos é a
melhor
confirmação
do segundo
ou, em
outros
termos, que
o
Espiritismo
não teria
base sem o
Animismo.
(1ª
Categoria:
Mensagens
experimentais
no mesmo
aposento.)
50. O caso
em apreço
demonstra
também que
as
faculdades
supranormais,
graças às
quais os
sensitivos
percebem à
distância,
distinguem e
conversam
com
entidades
espirituais
de vivos e
de mortos,
são as
mesmas
faculdades
espirituais
que os
mesmos
sensitivos
exercerão
normalmente
depois de
passarem
pela crise
da morte:
faculdades
existentes e
pré-formadas,
em estado
latente, nos
recessos da
consciência,
à espera de
emergirem e
se
exercitarem
num ambiente
espiritual,
assim como
as
faculdades
de sentido
terreno
existem
pré-formadas,
em estado
latente, no
embrião
humano, à
espera de
emergirem e
se
exercitarem
no ambiente
terreno.
(1ª
Categoria:
Mensagens
experimentais
no mesmo
aposento.)
51. O
paralelismo
é perfeito.
E como a
Natureza
procede, em
cada caso,
de modo
idêntico,
isto é,
pré-formando
em cada ser
e
preservando,
em estado
latente, as
faculdades e
sentidos a
serem
exercitados
em uma
futura fase
da
existência
(como, por
exemplo, a
transformação
da lagarta
em
borboleta),
daí resulta
a
confirmação
da
interpretação
exposta, que
é baseada
nos
processos
científicos
da análise
comparada.
(1ª
Categoria:
Mensagens
experimentais
no mesmo
aposento.)
52. Jamais
me cansarei
de repetir
tão claras e
incontestáveis
verdades, na
esperança de
que a sua
frequente
repetição
sirva para
fazê-la
triunfar
mais
rapidamente
do
misoneísmo
humano,
tornando-se
assimiláveis
a algumas
mentalidades
eminentes
que se
tornam
inacessíveis
por
preconceitos
de escola.[i]
(1ª
Categoria:
Mensagens
experimentais
no mesmo
aposento.)
53. Em
linhas
gerais,
também nesta
segunda
categoria
pode-se
afirmar que
os vários
casos que a
compõem, no
fundo, não
representam
mais do que
uma parte
das
modalidades
com que os
fenômenos
telepáticos
se produzem
ou pelo
menos assim
se deveria
afirmar
conforme o
significado
atribuído
aos
fenômenos
telepáticos
pelos
primeiros
colecionadores
dos próprios
fenômenos.
(2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.)
54. De um
certo ponto
de vista,
tais
conclusões
podem ser
aceitas
também em
nossos dias,
embora se
deva
reconhecer
que uma
fenomenologia
telepática,
com
fronteiras
tão
extensas,
não pode
deixar de
mostrar-se
demasiadamente
genérica e
demasiadamente
ampla para
que não gere
perplexidades
e confusões
em quem
empreenda a
análise
comparada
dos
fenômenos em
questão.
Isso porque
nela se
contêm
numerosas
variedades
de
manifestações
notavelmente
diversas e
algumas
vezes
opostas
entre si.
(2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.)
55. Existe,
por exemplo,
uma
diferença
radical de
manifestação
entre os
fenômenos
telepáticos
propriamente
ditos, em
que o agente
transmite ao
percipiente
o seu
próprio
pensamento
sob formas
sensoriais
diversas, e
os fenômenos
telepáticos
em que o
sensitivo,
em virtude
de uma
faculdade
psicodinâmica
subconsciente,
entra
diretamente
em
comunicação
com a
subconsciência
de pessoas
afastadas,
de modo a
tornar-se
agente e
percipiente
ao mesmo
tempo.
(2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.)
56. Em
atenção à
clareza, se
não se
quiser
excluir tais
episódios da
categoria
dos
fenômenos
telepáticos,
dever-se-á
pelo menos
considerá-los
à parte e,
conforme a
modalidade
em que se
manifestam,
denominá-los
“casos de
clarividência
telepática”.
(2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.)
57. O Prof.
Hyslop havia
proposto uma
diferenciação
neste último
grupo,
segundo a
qual a
“clarividência
telepática”,
ao invés de
referir-se
ao
conhecimento
do
pensamento
atual
do paciente
distante,
referia-se a
casos de
pesadelos,
como se
fosse dado
ao
clarividente
penetrar nos
recessos da
memória
alheia e
selecionar
as
informações
desejadas no
acervo
infinito de
recordações
latentes.
(2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.)
58. Em tal
caso, o
Prof. Hyslop
propunha que
se
designassem
os fatos com
o nome de
“casos de
telemnesia”
(leitura a
distância,
na memória
latente de
terceiros),
termo bem
apropriado
mas que não
teve sorte e
mereceria,
ao
contrário,
ser acolhido
e conservado
pela
utilidade
inegável que
apresenta na
análise
comparada
dos fatos.
(2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.)
59. A
propósito
dos
episódios
designados
com tal
nome, o
Prof. Hyslop
pergunta se,
em
contingências
semelhantes,
se trata
efetivamente
de um
fenômeno de
leitura
selecionada
nas
subconsciências
alheias ou
se, pelo
contrário,
se trata de
um diálogo
entre duas
personalidades
integrais
subconscientes.
E ele
responde,
observando
que a
solução mais
lógica seria
escolher
esta última
verdade,
muito menos
inverossímil
do que a
outra (Journal
of the
American S.
P. R.,
1907, pág.
522). (2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.)
60. Em face
disso, e
antecipando
as
conclusões
finais,
observaremos
que, se tudo
concorre
para
demonstrar
que a
hipótese da
“clarividência
telepática”
tem
fundamento
(embora os
fenômenos de
tal natureza
se realizem
mais
raramente do
que se
pressupõe),
não se pode
afirmar o
mesmo da
hipótese da
“telemnesia”,
que serve
para
designar
unicamente
uma classe
de fenômenos
considerados
prováveis
por poucos
pesquisadores,
mas que na
realidade
não existem.[ii]
(2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.)
61. Com este
preâmbulo,
passo à
exposição
dos casos,
observando
que a
presente
categoria é
constituída
de
manifestações
que se
diferenciam
notavelmente
entre si, de
modo que
parece
indispensável
dividi-las
nos
seguintes
subgrupos:
Subgrupo A – Mensagens
inconscientes
transmitidas
ao médium
por pessoas
imersas no
sono.
Subgrupo B – Mensagens
inconscientemente
transmitidas
ao médium
por pessoas
em estado de
vigília.
Subgrupo C – Mensagens
obtidas por
expressa
vontade do
médium, às
quais são
aplicáveis
as hipóteses
da
“clarividência
telepática”
e de “telemnesia”.
Subgrupo D – Mensagens
transmitidas
ao médium
pela vontade
expressa do
agente.
Subgrupo E – Casos
de transição
em que o
vivo que se
comunica
mediunicamente
é um
moribundo.
Subgrupo F – Mensagens
mediúnicas
entre vivos,
transmitidas
com o
auxílio de
uma entidade
espiritual.
(2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.)
62.
Caso 4
- Eis o
primeiro
caso de
mensagens
inconscientemente
transmitidas
ao médium
por pessoas
imersas no
sono, que
Bozzano
extraiu da
Rivista di
Studi
Psichici
(1898, pág.
14).
O caso foi
primeiramente
publicado na
autorizada
revista
psíquica
russa
Rebus,
estando
plenamente
documentado
e
confirmado.
O Sr. K.
Gorki
escreveu nos
seguintes
termos ao
diretor da
citada
revista:
“Distinto
Senhor:
Interessando-me
vivamente
pelos
fenômenos
mediúnicos,
eu nutria,
há muitos
anos, o
íntimo
desejo de
poder
realizar
experiências
práticas a
respeito
deles...
Depois de
algumas
tentativas
inúteis,
consegui
afinal
alcançar o
meu
objetivo,
formando um
“grupo” com
conhecidos
meus. Não
obtivemos
manifestações
físicas mas,
em
compensação,
desenvolveu-se
entre nós um
excelente
médium
psicógrafo,
com o qual
conseguimos
manifestações
interessantíssimas.
E eis que,
depois de um
mês de
experiências,
deu-se um
caso muito
semelhante
ao narrado
em seu
opúsculo:
manifestou-se
o espírito
de um irmão
ausente.
Nossa
família
compõe-se de
minha mãe,
do
abaixo-assinado,
de minha
irmã e de um
irmão mais
velho, o
qual, por
força de seu
emprego,
achava-se em
viagem numa
das mais
remotas
cidades da
Sibéria.
Como
tínhamos
necessidade
da certidão
de batismo
de minha
irmã, a qual
não fora
localizada
entre os
papéis de
família,
dirigimos
uma carta ao
nosso irmão,
perguntando-lhe
se, por
acaso, a
teria posto
em algum
lugar, mas
passaram-se
dias sem
chegar
qualquer
resposta.
Telegrafamos-lhe
então, e o
nosso
telegrama
ficou sem
resposta.
Entretanto,
aproximava-se
o dia em que
era de
absoluta
necessidade
apresentar
às
autoridades
competentes
o documento
ansiosamente
desejado.
À noite
fizemos a
sessão de
costume, mas
preocupados
e aflitos
pela falta
de notícias
de nosso
irmão. O
lápis do
médium
corria
celeremente
sobre o
papel, e
recebemos
comunicações
interessantes.
De repente,
o lápis
interrompeu
bruscamente
a escrita no
meio de uma
palavra e,
depois de um
minuto mais
ou menos,
recomeçou a
escrever,
mas com
letras quase
ilegíveis e
de modo
incerto. Não
conseguimos
decifrar as
últimas
frases, mas
quando se
perguntou
quem era o
espírito
comunicante,
o médium
escreveu
claramente o
nome de
nosso irmão.
Um espanto
indizível
nos invadiu
a todos,
pensando nós
que ele
tivesse
morrido e
que era por
essa razão
que não
respondera
nem à carta,
nem ao
telegrama.
Interrompemos
a sessão,
mudos e
angustiados.
Passado
certo tempo
e
recuperando-nos
do susto, o
médium pegou
novamente no
lápis e logo
começou a
escrever com
a rapidez de
costume,
traçando
algumas
linhas nas
quais só
pudemos ler
claramente a
frase: A
certidão
está
guardada em
um escaninho
interno,
secreto, do
meu cofre.
Nenhum de
nós pensara
em
procurá-la
naquele
lugar;
entretanto,
logo que o
abrimos,
encontramos
o documento
desejado no
local
indicado na
mensagem.
Mais do que
nunca
amargurados
e abatidos,
pois
achávamos
que a
comunicação
viera mesmo
de nosso
irmão e que
este não se
achava mais
entre os
vivos,
interrompemos
a sessão e
nos
dirigimos
para o nosso
quarto,
tristíssimos,
com os
soluços na
garganta. No
dia
seguinte,
porém, o
telégrafo
nos trouxe
uma notícia
muito
alegre, era
o nosso
irmão que
nos
telegrafava
o seguinte:
A
certidão
está
guardada em
um escaninho
interno,
secreto, do
meu cofre.
Alguns dias
após
recebemos
uma carta
que nos
esclarecia
tudo. Tendo
ele voltado
para casa
certa noite
(justamente
na noite da
famosa
sessão),
fatigado e
aflito por
não nos ter
podido
escrever,
chamou um
criado,
mandou-o
passar o
telegrama
mencionado e
depois,
vencido pela
fadiga,
deitou-se e
caiu em
profundo
sono. As
preocupações
da vigília o
acompanharam
no sono e
ele sonhou
que viera
pessoalmente
nos dar a
desejada
resposta, o
que serviu
para
acalmá-lo.
Tal sonho
lhe ficara
tão
fortemente
impresso na
memória, que
no dia
seguinte
tinha quase
firme a
convicção de
que havíamos
obtido,
naquela
mesma noite,
a preciosa
notícia.
Ao ter a
honra de
levar ao seu
conhecimento
o presente
caso,
certamente
notável, de
comunicação
mediúnica da
parte de um
vivo,
faço-me
fiador da
veracidade
do que
exponho e o
ratifico com
a minha
assinatura,
à qual junto
as
assinaturas
de outros
que a
testemunharam.”
(Ass.
Kirchdorf
Kruitja
Gorki –
Governo de
Saratov
– M.
Jaroslawzeff,
Sra. E.
Jaroslawzeff,
N.
Jaroslawzeff,
K. Martinoff,
S.
Polatiloff).
(2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.
Subgrupo A)
63. Para
explicação
do caso
exposto, a
única
hipótese que
se poderia
contrapor a
que seja
considerado
um genuíno
caso de
comunicação
mediúnica
entre vivos
seria
pressupor
que as
faculdades
supranormais
do médium
tivessem
descoberto,
pela
clarividência
direta (telemnesia),
o documento
escondido no
escaninho
secreto,
porém tal
hipótese
fica
excluída
pela
circunstância
de ser a
frase, pela
qual foi
mediunicamente
indicado o
lugar em que
se achava o
documento,
idêntica à
outra frase
telegrafada
pelo irmão,
o que
demonstra
que o autor
do telegrama
foi também o
agente no
caso
telepático-mediúnico,
conclusão
resolutiva
que fica
ulteriormente
demonstrada
pela
circunstância
de ter-se o
irmão
deitado
apreensivo
por não ter
podido
escrever
para casa,
estado de
alma que
indubitavelmente
serviu para
determinar o
fenômeno de
transmissão
telepático-mediúnica
durante o
sono, o que
também ficou
provado pela
outra
circunstância
de ter o
dito irmão
sonhado que
fora em
pessoa dar a
informação
tão
ansiosamente
esperada.
(2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.
Subgrupo A)
(Continua no
próximo
número.)
[i]
Bozzano
oferece
aqui
a
solução
da
controvérsia
parapsicológica
entre
a
Escola
de
Rhine
(Estados
Unidos)
de
um
lado,
e a
de
Robert
Amadou,
católico
(França)
e J.
Vassiliev,
materialista
(Rússia),
sobre
a
natureza
das
funções
psi
ou
paranormais.
Para
Rhine,
trata-se
de
funções
em
desenvolvimento,
e
para
Amadou
e
Vassiliev
de
funções
arcaicas,
em
fase
de
extinção.
Faltou
a
ambos
os
lados
a
explicação
espírita.
[ii]
Hipótese
formulada
arbitrariamente,
como
tantas
ainda
hoje
propostas
na
Parapsicologia,
para
negar
a
existência
do
espírito
e de
sua
intervenção
nos
fenômenos
paranormais.