Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial do
livro Sexo e Obsessão, obra de autoria de Manoel
Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco
e publicada originalmente em 2002.
Questões preliminares
A. Em que sentido um médium encarnado pode auxiliar
Espíritos aturdidos, enfermos ou em situação de grande
sofrimento?
Segundo explicação dada pelo médium Ricardo, muitos
Espíritos, em face do aturdimento que demonstram e de
sua fixação nos despojos materiais, não se dão conta da
realidade espiritual em que se encontram, tendo
dificuldade para exteriorizar o pensamento somente
através da ação mental. É aí, então, que entra a ação
dos médiuns encarnados, cujo perispírito funciona para
eles como decodificador de suas necessidades e
manifestações internas. Vê-se, pois, que para os médiuns
que se devotam ao Bem há, sempre, labor a executar em
ambos os planos da vida. (Sexo e Obsessão, capítulo
19: Liberdade e vida.)
B. Como era feita a doutrinação dos desencarnados antes
do advento do Espiritismo na Terra?
Essa tarefa era feita diretamente pelos Benfeitores
Espirituais, da mesma forma como hoje é realizada nos
Núcleos cristãos restaurados. Dia virá, porém, em que
labores desse gênero se tornarão naturais e conscientes,
facultando às criaturas humanas o saudável e contínuo
intercâmbio com o mundo espiritual sem as barreiras que
a ignorância das Leis da Vida impõe. (Sexo e
Obsessão, capítulo 19: Liberdade e vida.)
C. Com a libertação do marquês de Sade, quem passaria a
governar a cidade perversa?
O marquês de Sade nunca foi o governante da cidade
perversa, que é, em verdade, comandada por célebre
imperador romano, que se entregou a excessos de toda
natureza, enquanto deambulou pelo corpo. Renascendo em
situações deploráveis, que lhe eram impostas pela
necessidade da evolução, manteve-se ele acumpliciado com
alguns algozes da Humanidade, sendo ele próprio, um
impenitente tirano, sempre insaciável de sangue, que se
permitia toda sorte de hediondez, inclusive nos
desvarios sexuais. Foi, nesse período, que a sociedade
do Império declinou, em razão do abastardamento dos
valores éticos, abrindo espaço para a decadência e a
desagregação dos costumes. Através dos séculos ergueu
com outros infelizes perturbadores da paz da sociedade
os alicerces da infeliz cidade que ora governava,
tornando-a núcleo de punição para aqueles que lhes caem
na sedução ou reduto de prolongadas bacanais. (Sexo e
Obsessão, capítulo 20: A ruidosa debandada.)
Texto para leitura
186. Função do médium no atendimento a Espíritos
sofredores – Atendendo a uma pergunta feita por
Manoel Philomeno, o médium Ricardo disse que a
intermediação por ele feita no caso do marquês de Sade
fora a primeira no tocante ao atendimento a
desencarnados vítimas de obsessões do sexo. Todavia, ele
participava com relativa frequência de incursões a
regiões de amargura e de sofrimento, onde também
funcionava como médium psicofônico, tanto dos Mentores
como dos mais aflitos, que não conseguem comunicar-se
diretamente, tal o estado de intoxicação fluídica em que
se encontram encharcados. Devido ao aturdimento e à
fixação nos despojos materiais, tais Espíritos não se
dão conta da realidade espiritual em que se encontram,
tendo dificuldade para exteriorizar o pensamento
somente através da ação mental. Assim, o perispírito do
médium funciona para eles como decodificador das suas
necessidades e mani-festações internas. Esclareceu ainda
o medianeiro: "Como constatamos, para os médiuns que se
devotam ao Bem, sempre há labor a executar em ambos os
planos da vida. Se considerarmos que a claridade da
Doutrina Espírita chegou à Terra há pouco menos de um
século e meio, não podemos negar que todo o labor de
socorro desobsessivo aos transeuntes do corpo somático
era feito no mundo espiritual, quando os Construtores do
progresso se utilizavam dos médiuns encarnados e
desencarnados para o mister de esclarecimento e de
libertação das injunções penosas, lamentáveis”. (Sexo
e Obsessão, capítulo 19: Liberdade e vida.)
187. Doutrinação de desencarnados feita no plano
espiritual – Segundo o médium Ricardo, graças a
essas ocorrências, não foram poucos os santos, os
místicos, os profetas, que assinalavam haver estado no
Purgatório e no Inferno, onde mantiveram contatos
dolorosos com personagens que viveram na Terra, ou
conheceram os lugares que os aguardavam quando não se
conduziam com a correção que deles se esperava.
Concluindo os esclarecimentos, Ricardo acrescentou:
“Eram reminiscências de suas visitas aos sítios de
amargura e de recuperação em que se demoravam alguns
desencarnados, ou atividades mediúnicas de socorro aos
mesmos, assim como aos reencarnados em rudes provações.
Quantos denominados exorcismos, que se iniciavam com as
célebres palavras sacramentais e gestos, alguns
burlescos e circenses, tinham continuidade técnica fora
da indumentária física, resultando positivos! Tratava-se
de processos de doutrinação dos desencarnados perversos
pelos Benfeitores da Humanidade, conforme hoje se
realizam nos Núcleos cristãos restaurados. Dia virá, e
já se aproxima, em que labores desse gênero se tornarão
naturais e conscientes, facultando às criaturas humanas
o saudável e contínuo intercâmbio com o mundo espiritual
sem as barreiras que a ignorância das Leis da Vida
impõe”. Dito isso, Manoel Philomeno agradeceu-lhe as
informações e, como os demais companheiros, aguardou a
continuidade do ministério socorrista. (Sexo e
Obsessão, capítulo 19: Liberdade e vida.)
188. Sublimes sortilégios do amor... –
Enquanto diligentes cooperadores socorriam os Espíritos
que anelavam pela própria renovação e os Benfeitores
tomavam outras providências, o grupo socorrista e
Philomeno ouviram, de repente, uma atroada, em gritaria
infrene e ruidosa movimentação, enquanto clarins e
fanfarras emitiam ruídos estranhos, produzindo
verdadeiro pandemônio na parte externa da Instituição.
Percebendo-lhes a surpresa, o irmão Anacleto
aproximouse, e, com a sua habitual gentileza, informou, tranquilo e feliz: “Trata-se do retorno daqueles que não
tiveram ensejo de participar das nossas atividades,
assim como daqueloutros que se recusaram a
autolibertação. Desorientados, sem o comando a que se
acostumaram, volvem, aturdidos uns e amedrontados
outros, temendo-nos e acreditando que somos
representantes da Divina Justiça e os ameaçamos com
sortilégios e mágicas, para impedir-lhes o
prosseguimento nos prazeres animalizantes a que se
entregam. De certo modo, têm razão. Embora não nos
consideremos como embaixadores da Corte Celeste,
estamos a serviço do Bem, utilizando-nos dos sublimes
sortilégios do amor para libertar aqueles que ainda se
encontram escravizados às paixões dissolventes. Já
havíamos previsto esse efeito, perfeitamente natural, em
se considerando o estado de profunda ignorância e
primitivismo no qual estacionam alguns dos nossos
irmãos que, embora infelizes, ainda não se dão conta da
própria realidade. Inspiram-nos, por isso mesmo, mais
compaixão e solidariedade, aguardando o momento
próprio, quando lhes luzirá a ocasião para o recomeço e
a busca de Deus”. (Sexo e Obsessão, capítulo 20: A
ruidosa debandada.)
189. O verdadeiro comandante da cidade perversa
– O generoso Mentor calou-se por um pouco, como a
coordenar ideias, e logo prosseguiu: “A cidade perversa
é comandada por célebre imperador romano, que se
entregou a excessos de toda natureza, enquanto
deam-bulou pelo corpo. Renascendo em situações
deploráveis, que lhe eram impostas pela necessidade da
evolução, manteve-se acumpliciado com alguns algozes da
Humanidade, ele próprio, um impenitente tirano, sempre
insaciável de sangue, que se permitia toda sorte de
hediondez, inclusive nos desvarios sexuais. Foi, nesse
período, que a sociedade do Império declinou, em razão
do abastardamento dos valores éticos, abrindo espaço
para a decadência e a desagregação dos costumes. Através
dos séculos ergueu com outros infelizes perturbadores da
paz da sociedade os alicerces da infeliz cidade que ora
governa, tornando-a núcleo de punição para aqueles que
lhes caem na sedução ou de reduto de prolongadas
bacanais, que a matéria não mais permite realizar-se.
Condensando sempre o pensamento servil nas expressões da
animalidade primitiva, conseguiu realizar um símile em
deboche e ultraje do que vivenciara quando governava
Roma. Dali têm partido em direção da Terra inúmeros
verdugos da Humanidade, que se encarregaram de
perverter os costumes e disseminar a licenciosidade, ora
sob o disfarce da hipocrisia, noutras vezes em deboche
público, de que se tornaram célebres muitas cortes e
culturas através da História. Antro de perdição, ali não
luzem a liberdade nem a esperança, conforme a
mitológica informação de Dante Alighieri, na entrada do
seu Inferno. Não obstante, o amor de Jesus em nome do
Soberano Pai, periodi-camente favorece os seus
residentes com a oportunidade de libertação, qual ocorre
neste momento que atravessamos”. (Sexo e Obsessão,
capítulo 20: A ruidosa debandada.)
190. A reação das Trevas à libertação do marquês
– Interrompendo, momentaneamente, os esclarecimentos,
logo prosseguiu: “Com a libertação do marquês de Sade,
começa uma fase nova para a cidade perversa, já que o
seu governante irá tomar providências, que consideramos
graves, especialmente contra aqueles que mourejam nas
fileiras de O Consolador, que deverão experimentar o
látego do desforço e da crueldade. Estamos em campo
aberto de batalha, no qual a Treva se empenha por manter
os seus domínios, ante a mirífica luz do amor que dilui
toda sombra e abre espaço para o desenvolvimento dos
seres humanos, por largo tempo retido na impulsividade e
na ignorância. Não padecem quaisquer dúvidas que a
vitória do Bem é inapelável, cabendo-nos a todos a
desincumbência dos compromissos abraçados, com o
pensamento vinculado ao Pai, que não cessa de
ajudar-nos. Desse modo, firmados nos objetivos elevados
que nos unem, avancemos confiantes, trabalhando sem
cessar e amando sempre, porque o reino de Deus está
dentro de nós, aguardando poder exteriorizar-se em favor
de todos os seres”. Com ordem, o salão foi sendo
esvaziado, e as Entidades encaminhadas aos vários
setores de socorro da Instituição Espírita, enquanto os
Mentores ministravam as orientações finais. Logo após, o
apóstolo Dr. Bezerra de Menezes despediu-se, havendo-se
desincumbido da atividade que lhe competia, ficando ali
somente aqueles que faziam parte do socorro a padre
Mauro, agora acompanhados por madre Clara de Jesus,
diretora do Núcleo socorrista que hospedava Manoel
Philomeno. A Alva abria o seu suave manto de cor e de
luz, arrancando da noite aqueles que se encontravam
acobertados pelo seu véu de sombras. Assim, enquanto o
irmão Anacleto prosseguia dando curso aos seus labores,
Dilermando e Philomeno buscaram o necessário repouso, a
fim de encetarem futuros compromissos na esteira da
aprendizagem infinita. (Sexo e Obsessão, capítulo
20: A ruidosa debandada.)
191. Entidades grosseiras cercam a Casa Espírita
– Transcorreram poucas horas, quando eles foram
despertados para ruidosa e intempestiva manifestação
espiritual que se situava nas imediações da Casa
Espírita. Dirigindo-se à entrada, foram colhidos pela
estranha presença de alguns milhares de Entidades
grosseiras, mascaradas umas, outras apresentando
aspectos ferozes, evocando as hostes bárbaras que, no
passado, invadiram a Europa, usando exóticos animais e
preparadas para aguerrido combate que, certamente, por
motivos óbvios, não teria curso. Apresentando toda a
miséria espiritual do primarismo em que chafurdavam,
aqueles Espíritos eram comandados por alguns conhecidos
conquistadores do pretérito, que se mantinham nas mesmas
condições de atraso e de inferioridade característicos
dos seus dias transatos. Era como se o tempo não
houvesse transcorrido, mantendo-os na mesma época e nas
mesmas circunstâncias da sua infeliz celebridade.
Belicosos e atrevidos, cercaram as dependências externas
da Casa cristã, como se pudessem impedir-lhe o acesso.
Instrumentos rudes, tambores e outros veículos de
percussão soavam em perturbadora musicalidade,
facultando aos desocupados observar o fluir da estranha
agitação. Utilizando-se de aparelhos de projeção da voz,
gritavam ameaças grosseiras e impertinentes, como se
estivessem dispostos à destruição do conjunto de
edifícios nos quais se realizavam os labores espíritas.
Concomitantemente, as defesas foram reforçadas por
Espíritos bem preparados com equipa-mentos especiais,
que podiam emitir ondas eletromagnéticas, que,
atingindo-os, produziam sensações semelhantes aos
choques elétricos. (Sexo e Obsessão, capítulo 20: A
ruidosa debandada.)
(Continua no próximo
número.)