Estudando as obras
de Manoel Philomeno
de Miranda

por Thiago Bernardes

Sexo e Obsessão (Parte 38)

Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial do livro Sexo e Obsessão, obra de autoria de  Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada originalmente em 2002.

Questões preliminares

A. Em que sentido um médium encarnado pode auxiliar Espíritos aturdidos, enfermos ou em situação de grande sofrimento?

Segundo explicação dada pelo médium Ricardo, muitos Espíritos, em face do aturdimento que demonstram e de sua fixação nos despojos materiais, não se dão conta da realidade espiritual em que se encontram, tendo dificuldade para exteriorizar o pensamento somente através da ação mental. É aí, então, que entra a ação dos médiuns encarnados, cujo perispírito funciona para eles como decodificador de suas necessidades e manifestações internas. Vê-se, pois, que para os médiuns que se devotam ao Bem há, sempre, labor a executar em ambos os planos da vida. (Sexo e Obsessão, capítulo 19: Liberdade e vida.)

B. Como era feita a doutrinação dos desencarnados antes do advento do Espiritismo na Terra?

Essa tarefa era feita diretamente pelos Benfeitores Espirituais, da mesma forma como hoje é realizada nos Núcleos cristãos restaurados. Dia virá, porém, em que labores desse gênero se tornarão naturais e conscientes, facultando às criaturas humanas o saudável e contínuo intercâmbio com o mundo espiritual sem as barreiras que a ignorância das Leis da Vida impõe. (Sexo e Obsessão, capítulo 19: Liberdade e vida.) 

C. Com a libertação do marquês de Sade, quem passaria a governar a cidade perversa?

O marquês de Sade nunca foi o governante da cidade perversa, que é, em verdade, comandada por célebre imperador romano, que se entregou a excessos de toda natureza, enquanto deambulou pelo corpo. Renascendo em situações deploráveis, que lhe eram impostas pela necessidade da evolução, manteve-se ele acumpliciado com alguns algozes da Humanidade, sendo ele próprio, um impenitente tirano, sempre insaciável de sangue, que se permitia toda sorte de hediondez, inclusive nos desvarios sexuais. Foi, nesse período, que a sociedade do Império declinou, em razão do abastardamento dos valores éticos, abrindo espaço para a decadência e a desagregação dos costumes. Através dos séculos ergueu com outros infelizes perturbadores da paz da sociedade os alicerces da infeliz cidade que ora governava, tornando-a núcleo de punição para aqueles que lhes caem na sedução ou reduto de prolongadas bacanais. (Sexo e Obsessão, capítulo 20: A ruidosa debandada.)

Texto para leitura

186. Função do médium no atendimento a Espíritos sofredores – Atendendo a uma pergunta feita por Manoel Philomeno, o médium Ricardo disse que a intermediação por ele feita no caso do marquês de Sade fora a primeira no tocante ao atendimento a desencarnados vítimas de obsessões do sexo. Todavia, ele participava com relativa frequência de incursões a regiões de amargura e de sofrimento, onde também funcionava como médium psicofônico, tanto dos Mentores como dos mais aflitos, que não conseguem comunicar-se diretamente, tal o estado de intoxicação fluídica em que se encontram encharcados. Devido ao aturdimento e à fixação nos despojos materiais, tais Espíritos não se dão conta da realidade espiritual em que se encontram, tendo dificuldade para exteriorizar o pensamento somente através da ação mental. Assim, o perispírito do médium funciona para eles como decodificador das suas necessidades e mani-festações internas. Esclareceu ainda o medianeiro: "Como constatamos, para os médiuns que se devotam ao Bem, sempre há labor a executar em ambos os planos da vida. Se considerarmos que a claridade da Doutrina Espírita chegou à Terra há pouco menos de um século e meio, não podemos negar que todo o labor de socorro desobsessivo aos transeuntes do corpo somático era feito no mundo espiritual, quando os Construtores do progresso se utilizavam dos médiuns encarnados e desencarnados para o mister de esclarecimento e de libertação das injunções penosas, lamentáveis”. (Sexo e Obsessão, capítulo 19: Liberdade e vida.)

187. Doutrinação de desencarnados feita no plano espiritual – Segundo o médium Ricardo, graças a essas ocorrências, não foram poucos os santos, os místicos, os profetas, que assinalavam haver estado no Purgatório e no Inferno, onde mantiveram contatos dolorosos com personagens que viveram na Terra, ou conheceram os lugares que os aguardavam quando não se conduziam com a correção que deles se esperava. Concluindo os esclarecimentos, Ricardo acrescentou: “Eram reminiscências de suas visitas aos sítios de amargura e de recuperação em que se demoravam alguns desencarnados, ou atividades mediúnicas de socorro aos mesmos, assim como aos reencarnados em rudes provações. Quantos denominados exorcismos, que se iniciavam com as célebres palavras sacramentais e gestos, alguns burlescos e circenses, tinham continuidade técnica fora da indumentária física, resultando positivos! Tratava-se de processos de doutrinação dos desencarnados perversos pelos Benfeitores da Humanidade, conforme hoje se realizam nos Núcleos cristãos restaurados. Dia virá, e já se aproxima, em que labores desse gênero se tornarão naturais e conscientes, facultando às criaturas humanas o saudável e contínuo intercâmbio com o mundo espiritual sem as barreiras que a ignorância das Leis da Vida impõe”. Dito isso, Manoel Philomeno agradeceu-lhe as informações e, como os demais companheiros, aguardou a continuidade do ministério socorrista. (Sexo e Obsessão, capítulo 19: Liberdade e vida.)

188. Sublimes sortilégios do amor... – Enquanto diligentes cooperadores socorriam os Espíritos que anelavam pela própria renovação e os Benfeitores tomavam outras providências, o grupo socorrista e Philomeno ouviram, de repente, uma atroada, em gritaria infrene e ruidosa movimentação, enquanto clarins e fanfarras emitiam ruídos estranhos, produzindo verdadeiro pandemônio na parte externa da Instituição. Percebendo-lhes a surpresa, o irmão Anacleto aproximouse, e, com a sua habitual gentileza, informou, tranquilo e feliz: “Trata-se do retorno daqueles que não tiveram ensejo de participar das nossas atividades, assim como daqueloutros que se recusaram a autolibertação. Desorientados, sem o comando a que se acostumaram, volvem, aturdidos uns e amedrontados outros, temendo-nos e acreditando que somos representantes da Divina Justiça e os ameaçamos com sortilégios e mágicas, para impedir-lhes o prosseguimento nos prazeres animalizantes a que se entregam. De certo modo, têm razão. Embora não nos consideremos como embaixadores da Corte Celeste, estamos a serviço do Bem, utilizando-nos dos sublimes sortilégios do amor para libertar aqueles que ainda se encontram escravizados às paixões dissolventes. Já havíamos previsto esse efeito, perfeitamente natural, em se considerando o estado de profunda ignorância e primitivismo no qual estacionam alguns dos nossos irmãos que, embora infelizes, ainda não se dão conta da própria realidade. Inspiram-nos, por isso mesmo, mais compaixão e solidariedade, aguardando o momento próprio, quando lhes luzirá a ocasião para o recomeço e a busca de Deus”. (Sexo e Obsessão, capítulo 20: A ruidosa debandada.) 

189. O verdadeiro comandante da cidade perversa – O generoso Mentor calou-se por um pouco, como a coordenar ideias, e logo prosseguiu: “A cidade perversa é comandada por célebre imperador romano, que se entregou a excessos de toda natureza, enquanto deam-bulou pelo corpo. Renascendo em situações deploráveis, que lhe eram impostas pela necessidade da evolução, manteve-se acumpliciado com alguns algozes da Humanidade, ele próprio, um impenitente tirano, sempre insaciável de sangue, que se permitia toda sorte de hediondez, inclusive nos desvarios sexuais. Foi, nesse período, que a sociedade do Império declinou, em razão do abastardamento dos valores éticos, abrindo espaço para a decadência e a desagregação dos costumes. Através dos séculos ergueu com outros infelizes perturbadores da paz da sociedade os alicerces da infeliz cidade que ora governa, tornando-a núcleo de punição para aqueles que lhes caem na sedução ou de reduto de prolongadas bacanais, que a matéria não mais permite realizar-se. Condensando sempre o pensamento servil nas expressões da animalidade primitiva, conseguiu realizar um símile em deboche e ultraje do que vivenciara quando governava Roma. Dali têm partido em direção da Terra inúmeros verdugos da Humanidade, que se encarregaram de perverter os costumes e disseminar a licenciosidade, ora sob o disfarce da hipocrisia, noutras vezes em deboche público, de que se tornaram célebres muitas cortes e culturas através da História. Antro de perdição, ali não luzem a liberdade nem a esperança, conforme a mitológica informação de Dante Alighieri, na entrada do seu Inferno. Não obstante, o amor de Jesus em nome do Soberano Pai, periodi-camente favorece os seus residentes com a oportunidade de libertação, qual ocorre neste momento que atravessamos”. (Sexo e Obsessão, capítulo 20: A ruidosa debandada.)

190. A reação das Trevas à libertação do marquês – Interrompendo, momentaneamente, os esclarecimentos, logo prosseguiu: “Com a libertação do marquês de Sade, começa uma fase nova para a cidade perversa, já que o seu governante irá tomar providências, que consideramos graves, especialmente contra aqueles que mourejam nas fileiras de O Consolador, que deverão experimentar o látego do desforço e da crueldade. Estamos em campo aberto de batalha, no qual a Treva se empenha por manter os seus domínios, ante a mirífica luz do amor que dilui toda sombra e abre espaço para o desenvolvimento dos seres humanos, por largo tempo retido na impulsividade e na ignorância. Não padecem quaisquer dúvidas que a vitória do Bem é inapelável, cabendo-nos a todos a desincumbência dos compromissos abraçados, com o pensamento vinculado ao Pai, que não cessa de ajudar-nos. Desse modo, firmados nos objetivos elevados que nos unem, avancemos confiantes, trabalhando sem cessar e amando sempre, porque o reino de Deus está dentro de nós, aguardando poder exteriorizar-se em favor de todos os seres”. Com ordem, o salão foi sendo esvaziado, e as Entidades encaminhadas aos vários setores de socorro da Instituição Espírita, enquanto os Mentores ministravam as orientações finais. Logo após, o apóstolo Dr. Bezerra de Menezes despediu-se, havendo-se desincumbido da atividade que lhe competia, ficando ali somente aqueles que faziam parte do socorro a padre Mauro, agora acompanhados por madre Clara de Jesus, diretora do Núcleo socorrista que hospedava Manoel Philomeno. A Alva abria o seu suave manto de cor e de luz, arrancando da noite aqueles que se encontravam acobertados pelo seu véu de sombras. Assim, enquanto o irmão Anacleto prosseguia dando curso aos seus labores, Dilermando e Philomeno buscaram o necessário repouso, a fim de encetarem futuros compromissos na esteira da aprendizagem infinita. (Sexo e Obsessão, capítulo 20: A ruidosa debandada.) 

191. Entidades grosseiras cercam a Casa Espírita – Transcorreram poucas horas, quando eles foram despertados para ruidosa e intempestiva manifestação espiritual que se situava nas imediações da Casa Espírita. Dirigindo-se à entrada, foram colhidos pela estranha presença de alguns milhares de Entidades grosseiras, mascaradas umas, outras apresentando aspectos ferozes, evocando as hostes bárbaras que, no passado, invadiram a Europa, usando exóticos animais e preparadas para aguerrido combate que, certamente, por motivos óbvios, não teria curso. Apresentando toda a miséria espiritual do primarismo em que chafurdavam, aqueles Espíritos eram comandados por alguns conhecidos conquistadores do pretérito, que se mantinham nas mesmas condições de atraso e de inferioridade característicos dos seus dias transatos. Era como se o tempo não houvesse transcorrido, mantendo-os na mesma época e nas mesmas circunstâncias da sua infeliz celebridade. Belicosos e atrevidos, cercaram as dependências externas da Casa cristã, como se pudessem impedir-lhe o acesso. Instrumentos rudes, tambores e outros veículos de percussão soavam em perturbadora musicalidade, facultando aos desocupados observar o fluir da estranha agitação. Utilizando-se de aparelhos de projeção da voz, gritavam ameaças grosseiras e impertinentes, como se estivessem dispostos à destruição do conjunto de edifícios nos quais se realizavam os labores espíritas. Concomitantemente, as defesas foram reforçadas por Espíritos bem preparados com equipa-mentos especiais, que podiam emitir ondas eletromagnéticas, que, atingindo-os, produziam sensações semelhantes aos choques elétricos. (Sexo e Obsessão, capítulo 20: A ruidosa debandada.) (Continua no próximo número.)


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita