Jesus, o
existente
Li recentemente um livro da professora e escritora
Heloísa Pires, chamado Herculano Pires, o homem no
mundo ¹. Nele a autora fala da trajetória de
trabalho e luta de seu pai, Herculano, desde jovem,
sempre às voltas com as dificuldades naturais da vida e
sua tranquila capacidade de superá-las. Fala também da
intimidade do grande pensador, do seu amor pelos
animais, plantas e livros, do bom humor constante, além
do seu brilhantismo intelectual e força moral.
Nas duas partes finais (das três partes do livro),
Heloísa aborda temas existenciais segundo a ótica
espírita, com respaldo no pensamento doutrinário de
Herculano Pires.
Um destes temas traz “Jesus, o existente”, um texto
simples que reúne objetivamente informações verdadeiras
sobre a vida e a missão de Jesus, que fazem recordar a
quem já as conhecia, e esclarecer a quem nunca se
preocupou em sabêlas.
Heloísa Pires traça com singeleza o caráter superior de
Jesus e põe em relevo sua preocupação prioritária com
“os necessitados de todos os matizes”. Realça a natureza
do Mestre, humana enquanto encarnado, divina em relação
à sua pureza e elevação da sua missão, bem diver-sa da
caracterização mística e so-brenatural que as religiões
cristãs criaram para ele. Enfim, um Jesus que existiu,
bem distante de qual-quer possibilidade de enquadrá-lo
na categoria de mito.
Pelo interesse e reflexão que pode trazer a muitos,
divido o texto com os leitores:
Na época em que Jesus veio à Terra, o ‘tora’, escrito
sobre tábuas de pedras, era a lei. A vinda de Jesus foi
o acontecimento mais notável da história (...).
O profeta hebreu falava sobre a vinda do Messias e sua
morte, cercado pela incompreensão na Terra. Mas disse
que os interesses de Jeová prosperariam após a sua
morte.
Jesus nasceu entre os hebreus, o povo mais adiantado da
época, espiritualmente falando. A mostrar a
importância da família, teve a cercálo indivíduos de
moral irrepreensível. Seus pais, Maria e José, eram pobres, simples, mas dignos. Seu nome era um nome
comum, alte-ração de Josué. Nasceu em Nazaré, mas
deturparam a estória para enquadrar Jesus nas lendas da
época. Jesus foi o primogênito, mas depois vieram os
irmãos; nenhum o seguiu. (...)
Nazaré era uma deliciosa cidade, o clima era ameno, as
mulheres formosas. (...)
A educação de Jesus foi a da época. (...) O Nazareno não
se preocupou em obter nenhum título. Colocou-se sempre
acima da tradição e da época. Era isento de egoísmo, de
ambição, de todos os defeitos próprios dos mundos de
provas e ex-piações. Foi um revolucionário, mas sua arma
foi o Amor. Um amor como jamais fora visto na Terra, um
amor que perdoava, compreendia. Estendeu seu afeto aos
pecadores, aos necessitados de todos os matizes. Não era
um Deus, era um Espírito mais adiantado que veio à Terra
para mostrar onde devemos chegar, como agir em cada
circunstância. Dizia que era filho de Deus e o filho do
homem. Um irmão mais velho que descobriu, antes, o
caminho que facilitava a subida da montanha e veio
mostrá-lo aos irmãos menores. Disse sempre que faríamos
o que ele fez e muito mais. Foi o maior psicólogo, o
maior filósofo de todos os tempos; mas não ficou só na
teoria, exemplificou tudo o que ensinou.
Não realizou milagres, disse que viera para cumprir a
lei; e a cumpriu, mesmo as leis biológicas do planeta,
quando de seu nascimento. Foi filho de Maria e José e
não do Espírito Santo. Se o corpo de Jesus era igual ao
de todos nós, se nascera fruto do amor de um casal
maravilhoso, onde estava a superioridade de Jesus? Isso
é bem explicado em
“A gênese”, de Allan Kardec, no capítulo sobre
milagres e profecias de Jesus. A superioridade do
Nazareno era consequência de seu Espírito
superevoluído, que produziu um perispírito superior.
Portanto, era o perispírito de Jesus que ocasionava a
diferença. Formado, por lei de afinidade, das
partículas mais puras dos fluidos espirituais da Terra,
possuía no mais alto desenvolvimento as propriedades do
perispírito. Em Jesus a expansão, irradiação,
flexibilidade do perispírito haviam atingido o
desenvolvimento pleno, o que lhe permitia realizar
fatos normais considerados milagres.
Em outros dois capítulos de “A Gênese” entendemos melhor
o para-normal Jesus de Nazaré: “Formação do perispírito”
e “Ação dos Espíritos sobre os fluidos espirituais”.
Entendemos porque aqueles que se aproximavam de Jesus,
pensando que iriam sarar, conseguiam a cura.
Jesus criava, através de emissões mentais que provam a
sua superioridade espiritual, um campo eletro-magnético
que induzia os indivíduos ao fortalecimento interior.
Quando os seus discípulos disseram que não podiam curar
um lunático, ele afirmou:
– Não puderam curá-lo por causa de sua pouca fé. Se
tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda nada vos
será impossível.
Jesus explicou a importância do pensamento positivo e a
necessidade da utilização de nossas forças interiores.
Jesus veio nos conscientizar da necessidade de
melhorarmos o nosso padrão vibratório para conseguir
saúde, paz, vitórias na horizontal e na vertical.
‘Podeis fazer o que eu faço e muito mais’.
¹
Herculano Pires, o homem
no mundo,
Heloísa Pires, Edições FEESP, São Paulo, 1992.