Elucidações de Emmanuel |
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por Francisco Cândido Xavier |
A árvore útil
Vão e voltam viajores. Sucedem-se os dias ininterruptos.
A árvore útil permanece, à margem do caminho, atendendo,
generosa-mente, aos que passam.
Mergulhando as raízes na terra, protege a fonte próxima,
alentando os seres inferiores, que se arrastam no solo.
Recolhendo o orvalho celeste, na fronde alta, atende aos
pássaros felizes que cortam os céus.
Costuma descansar em seus braços a serpente venenosa.
Na folhagem, as aves pacíficas tecem o ninho. A
andorinha errante e exausta ganha força nova em seus
galhos, enquanto o filhote mirrado ensaia o primeiro voo.
O viandante repousa à sua sombra.
O botânico submete-a a estudos demorados e experiências
laboriosas.
A agricultura apossa-se lhe das sementes.
Pede-lhe o enfermo a substância medicamentosa.
O faminto exige-lhe frutos.
Os jovens arrebatam-lhe as flores.
O podador reclama-lhe o fogo de inverno.
Não raro, seus ramos são condu-zidos às câmaras
mortuárias, onde chovem as lágrimas de dor ou aos
adornos de praças festivas, onde vibram gargalhadas de
ironia da multidão.
Em seu tronco respeitável, muitos servos do campo
experimentam o gume afiado da foice ao deixar o rebolo.
Na ausência do homem, os animais grosseiros buscam-lhe
os benefícios. A lesma percorre-lhe os galhos, o lobo
goza-lhe o refúgio.
Seu trabalho, porém, não se circunscreve ao plano
visível. Movi-mentando todas as suas possi-bilidades, o
vegetal precioso esfor-ça-se e respira, para que as
criatu-ras respirem melhor, em atmosfera mais pura.
O mordomo da terra, no entanto, quase nunca lhe vê o
serviço integral, não lhe conhece os sacrifícios
silenciosos e jamais relaciona a totalidade das dádivas
recebidas.
Raramente, dá-lhe um punhado de adubo e nunca se
informa, respeito à invasão dos vermes para defendê-la,
convenientemente.
Conhecendo-lhe apenas o concurso econômico, ameaça-a,
todos os dias, com o machado destruidor, se a colheita
dos benefícios tangíveis oferece expressão menos
abundante.
A árvore generosa, porém, continua produzindo e
alimentando, servindo e espalhando o bem, nada
esperan-do dos homens, mas confiando na garantia eterna
de Deus.
Irmãos, dedicados a Jesus, fixai a árvore útil como
símbolo de vossas vidas!...
Dilacerados e perseguidos, incom-preendidos e
humilhados, alimen-tando vermes e pássaros, auxiliando
viajores felizes e infelizes, continuai em vosso
ministério sublime de amor não obstante a indiferença do
ingrato e o escárnio da foice, convencidos de que,
enquanto o machado do mundo vos ameaça, sustenta-vos,
na batalha do bem, o invisível manancial da Providência
Divina.
Do livro Instrumentos do Tempo, obra mediúnica
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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