Internacional
por Ênio Medeiros

Ano 11 - N° 519 - 4 de Junho de 2017

 

Divaldo: “A maior caridade que se pode fazer a alguém é libertá-lo da ignorância”

Em 25 de maio de 2017, quinta-feira, foi a vez da bela e histórica cidade de Berlim, capital da Alemanha, receber Divaldo Pereira Franco pela 16ª vez. Ao chegar ao aeroporto, já o aguardavam os amigos do grupo espírita SAJA - Studien-und Arbeitsgruppe Joanna de Ângelis e.V., para conduzi-lo ao hotel, a fim de preparar-se para a conferência, marcada para o entardecer, com o tema "Das Leben Aus Der Sicht Des Spiritismus" (A vida na visão espírita). Como de hábito, a dedicada e eficiente Edith Burkhard foi a tradutora, vertendo o riquíssimo conteúdo da conferência para o idioma alemão.

A data de 25 de maio assinala um feriado em quase toda a Europa, comemorando-se o "Christi Himmelfahrt" (Ascensão de Jesus), e em Berlim teve lugar a "Noite das Religiões", que movimentou muito além do normal a cidade. Diversas personalidades internacionais estavam na capital alemã para a comemoração, tais como Barack Obama e o Dalai Lama, entre outros. Por esta razão os espíritas berlinenses marcaram a conferência para esta mesma data, somando-se o Espiritismo às comemorações deste dia especial.

A matemática e o cosmos – Iniciando a conferência, Divaldo Franco, sempre fidalgal, de imediato apre-sentou o seu querido amigo Dr. Juan Danilo Rodríguez, médico de família, residente em Quito no Equador, médium e fundador do primeiro centro espírita daquele país, que, ao fazer uso da palavra, com muita gentileza saudou o público e em breves palavras repassadas de ternura apresentou-se como trabalhador do Cristo.

Divaldo fez uma excursão através da história da humanidade. Citando Lord Bacon, Francis Bacon, (1561-1626), político, filósofo e ensaísta inglês, considerado como o fundador da ciência moderna, o ínclito conferencista destacou que, sob a ótica do filósofo inglês, uma filosofia superficial leva o indivíduo ao materialismo, enquanto uma filosofia profunda leva-o ao espiritualismo, à espiritualidade.

Com relação aos estudos de Galileu Galilei (1564-1642), frisou que suas afirmativas apontavam que tudo no cosmos é resultado de exercícios matemáticos. Referindo-se, também, a Napoleão, disse que em 1804 assinou uma concordata com o Vaticano, estabelecendo que Deus voltava, a partir de então, novamente à França. Nesse mesmo ano nascia Hippolyte Léon Denizard Rivail, que passou mais tarde a ser conhecido como Allan Kardec. Tudo na história se encadeia sob o olhar e a ação atenta dos Benfeitores da Humanidade.

Qual é a maior caridade – Falan-do sobre a trajetória de Alan Kardec, Divaldo Franco destacou que com o lançamento de O Livro dos Espíritos surgiu a Doutrina Espirita, marcando o seu nascimento, haja vista que antes já existia o espiritualismo. A nova doutrina ia mais além, pois provava que a imortalidade é real, comprovada através da comunicação dos espíritos, e que há a Justiça Divina, que se apresenta na vida dos homens pela reencarnação, bem como destaca os ensinamentos morais de Jesus. Essa Doutrina é conhecida, também, por Espiritismo.

A conferência conduzida pelo Embaixador da Paz no Mundo, Divaldo Franco, foi uma aula de Espiritismo. O experiente orador foi apresentando e discorrendo sobre todas as bases desta doutrina luminífera, uma ciência que estuda a origem, a natureza, o destino dos espíritos e as relações existentes entre o mundo material e o espiritual.

O Espiritismo, proporcionando o consolo diante da terrível dor da morte de um ser querido, assinala que aquele "morto" tem a possibilidade de voltar e manifestar-se, informando como se encontra. O Espiritismo se torna, portanto, em excelente terapeuta. Com efeito, afirmou Divaldo, a maior caridade que se pode fazer a alguém não é dar coisas, mas libertá-lo da ignorância. Livre dos dogmas, dos cultos externos, dos cerimoniais, o Espiritismo é a religião do amor, a que Jesus viveu.

Richet e o sexto sentido – Divaldo citou em seguida Charles Richet (1850-1935), Nobel de fisiologia, que se referiu à mediunidade como um sexto sentido. Nunca a humanidade necessitou tanto de amor como hoje. Cercado de conforto, porém vazio de sentido existencial, o homem moderno carece de metas que não sejam utilitaristas. A proposta da Doutrina Espirita é auxiliar as criaturas a se transformarem para melhor. Os conceitos espíritas são para autoaplicação, para dar um sentido à vida, para enriquecer o dia a dia com virtudes e ações no bem.

Com jovialidade e brincando com a plateia acerca da vida e de sua própria idade, frisou que através do sorriso se alcança a descontração. Em sua habilidade ímpar, Divaldo foi conduzindo o tema, convidando ao exercício efetivo dos exemplos que cada um pode demonstrar, a bem viver, sorrindo, amando, tornando-se um indivíduo solidário, fraterno, caridoso. “Quem tem um ideal não envelhece!” A certeza da sobrevivência, o reencontro com as almas queridas, a lógica do sofrimento, a fé raciocinada, como referiu Kardec, são conceitos e sentimentos que elevam o homem, dando-lhe segurança, esperança e confiança em Deus e na vida futura.

Finalizada a exuberante conferência, Divaldo foi muito aplaudido. Havia um sentimento de gratidão emanado por cada presente. Atencioso e amoroso, Divaldo respondeu às perguntas formuladas, concedeu autógrafos, sempre com carinho e atenção para com todos, que retornaram para seus lares com a mensagem de alegria e conforto moral.

No Universo o dinamismo é constante – Concluída a atividade doutrinária em Berlim, Divaldo Franco viajou para a belíssima cidade de Colônia, na tarde de sexta-feira, 26 de maio, com muito sol e temperatura pouco comum para esta época do ano. No destino, foi ele recepcionado por mais de 300 pessoas que o aguardavam no salão de conferências do Marriot Hotel, na região central da cidade, para ouvi-lo discorrer sobre o tema "Die Wandlung des Menschen durch Selbsterkenntnis" (A transformação do ser humano através do Autoconhecimento).  Antes do início da conferência, o barítono Maurício Virgens se apresentou e encantou, com o seu imenso talento, emocionando os presentes.

Inicialmente Divaldo, como tem feito em todas as cidades deste roteiro, apresentou seu querido amigo Dr. Juan Danilo Rodríguez, bem como o livro de sua autoria, intitulado Alliyana, que trata da cura de enfermidades. É uma obra de natureza holística, não é um livro religioso, mas de auxílio aos que padecem enfermidades.

O dedicado e incansável orador Divaldo Franco, iniciando a conferência, afirmou que se olharmos nossas próprias vidas poderemos ter muitos planos que talvez não ocorram como planejamos, mas sempre poderemos buscar nossos ideais e prosseguir projetando o porvir. No Universo não existem situações estáticas, há um dinamismo constante. Segundo o grande físico e astrônomo inglês Sir James Hopwood Jeans (1877-1946), o Universo é um pensamento, e este pensamento vibra, tudo se move e se transforma, sendo o ser humano um dos agentes desta transformação.

O Reino dos Céus está dentro de nós – Quando Sócrates apresentou sua filosofia, sua técnica era a da contestação, ele afirmava que o ser humano procede do mundo das ideias e, após a vida no mundo, volta ao mundo das ideias. As criaturas humanas devem tirar do mundo das ideias o que é, bem como os recursos de que necessita para evoluir. A psicologia moderna conclui que não existem doenças, existem doentes, apresentando um conceito plenamente identificado com a Doutrina Espírita, ou seja, a doença é o efeito de uma causa que reside no Espírito, na alma do homem. Poderemos fazer, sugeriu o lúcido conferencista, uma incursão para encontrarmos dentro de nós mesmos as causas das aflições.

A nobre psicanalista alemã, Dra. Hanna Wolff, autora do livro “Jesus Psicoterapeuta”, concluiu que Jesus é um ser tão extraordinário que quem o conhece jamais permanece indiferente a Ele: ou o ama, ou o detesta. Ela afirma que podemos resolver todos os nossos problemas através do autodescobrimento. Carl Gustav Jung asseverava que o estado de Individuação é um estado de plenitude. Para alcançá-lo será necessário vencer a própria sombra, o Ego.

Allan Kardec, continuou Divaldo, afirmava que somos convidados pelas leis que regem a vida a colhermos os frutos de nossas próprias ações. É necessário, portanto, transformar os nossos instintos em lógica e razão para alcançarmos a plenitude. É interessante notar que Jesus já afirmava que o Reino dos Céus está dentro de nós. Em várias circunstâncias o instinto está disfarçado de preservação da vida, isto é, os indivíduos reagem, quando poderiam agir. Somente poderemos nos autotransformar quando nos conhecermos intimamente.

Só o amor nos salvará – A verdadeira lição da sabedoria é conhecer o mal, mas não se permitir agir no mal, transformando os instintos em razão. Todos temos um monstro interior, é o nosso arquétipo do mal, os conflitos, as paixões, no entanto temos também um médico interno, que é o altruísmo, as virtudes, para tentarmos mudar, ao menos um pouco, o nosso temperamento.

A aquisição da consciência é um momento psicológico muito difícil. Segundo Jung, é quando o Ego toma conhecimento dos nossos conteúdos psíquicos, quando descobrimos quem somos, e, portanto, trabalhamos para nos corrigirmos.

O Espiritismo, esclareceu Divaldo, nos propõe uma visão otimista, transformadora, fazendo com que hoje sejamos semeadores de esperanças para sermos felizes ainda hoje.

Finalizando a conferência indutora do autoconhecimento, logo após responder a várias perguntas, elucidando e ampliando o riquíssimo conteúdo, o sempre jovial servidor de Jesus exorou com sentida emoção, rogando a Deus que nos abençoe, que nos faça muito felizes, pois só o amor salvará a humanidade.

Edith Burkhard, com sua versatilidade e aguçada percepção, verteu o expressivo conteúdo da conferência para o idioma alemão.

Seminário em Bad Honnef – Nos dos dias seguintes – 27 e 28 de maio – Divaldo Franco ministrou em Bad Honnef, Alemanha, um Seminário já tradicional na acolhedora cidade. O evento foi realizado no hotel Seminaris, como veremos na reportagem a ser publicada na próxima edição desta revista.

Nota

As fotos são também de Ênio Medeiros, de Santa Cruz do Sul (RS). 


 

     
     

O Consolador
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