Estudando as obras
de Manoel Philomeno
de Miranda

por Thiago Bernardes

Sexo e Obsessão (Parte 40)

Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial do livro Sexo e Obsessão, obra de autoria de  Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada originalmente em 2002.

Questões preliminares
 
A. Por que a prece, quando fer-vorosa, faz bem?

Independentemente da resposta que terá, a blandícia proporcionada pela oração, quando bem entendida pela criatura humana, proporciona-lhe no seu exercício o reconforto e a coragem para todos os momentos. Quando o ser humano ora, penetra nos arcanos espirituais e refaz-se, adquirindo paz e enriquecendo-se de sabedoria, por estabelecer uma ponte de vinculação com as fontes do conhecimento, de onde promanam os bens da Imortalidade. (Sexo e Obsessão, capítulo 21: Recomeço feliz.)

B. Mauro relatou ao Sr. Bispo que sua mãe, falecida há quase cinco anos, lhe havia aparecido e auxiliado contra a ação dos seres satânicos que tanto o atormentavam?

Sim. Eis como ele se expressou a respeito do assunto: “Nesses momentos tenho visto minha mãe que, como sabe Vossa Eminência, é falecida há quase cinco anos. Aparece-me no vigor da sua juventude, tomada de profunda compaixão pelos meus atos ignóbeis, protege-me dos seres satânicos, que a respeitam, como também me infunde ânimo para prosseguir. Não fosse esse socorro propiciado pela Divindade e ter-me-ia suicidado na mesma noite em que a professora Eutímia me surpreen-deu com a criança. A vergonha, o asco que, de mim próprio, senti, tomaram-me o espírito fragilizado e uma voz terrível fazia repercutir no meu íntimo que o suicídio seria a única solução para o meu miserável destino”. (Sexo e Obsessão, capítulo 21: Recomeço feliz.)

C. Onde, segundo o Sr. Bispo, estaria localizado o Purgatório?

Ao comentar a informação dada por Jesus de que existem muitas moradas na Casa do Pai, consoante as anotações do evangelista João, o Sr. Bispo explicou: “Eu sempre pensei que essas moradas são os astros que constituem o Universo, mas também são redutos onde estagiam os Espíritos após a morte antes de seguirem ao seu destino final, conforme os atos praticados no mundo. Penso que o Purgatório, por exemplo, não seja um lugar definido geograficamente, mas incontáveis regiões de dor e de sombra, na Terra e fora dela, onde os culpados expungem e se depuram, tendo ensejo, então, de ascender ou não ao Paraíso. É certo que a minha reflexão não encontra respaldo teológico. Nada obstante, não existe nada em contrário”. (Sexo e Obsessão, capítulo 21: Recomeço feliz.)
 

Texto para leitura

197. Recomeço feliz – Com a che-gada do Sol e a movimentação de pessoas na via pública, as atividades na Instituição prosseguiram normalmente. Enquanto isso, longe dali, o jovem padre Mauro despertou dominado por uma disposição de efetivo bem-estar. Desde quando tiveram lugar os acontecimentos perturbadores, cujo desfecho daria início à vivência de uma nova ordem de valores, nunca se sentira tão bem. Recordava-se, fragmentariamente, de algumas das ocorrências espirituais de que participara, embora tivesse dificuldade de coordenar todos os fatos. Sentia-os interiormente e em forma de emoção restaurada, como se a chaga moral que sempre exsudava angústia houvesse recebido um penso balsâmico, refazente. Considerava que os sonhos recentes estavam recheados de informações inabituais, e davam-lhe a impressão de que vivia uma dicotomia de apoio de anjos em luta contra demônios que o sitiavam e afligiam. A verdade é que, tomado de impulso enriquecedor de paz, acercou-se do oratório, na capela próxima ao quarto, e, ajoelhando-se, conforme a disposição religiosa da fé que abraçava, envolveu-se nas delicadas vibrações que defluem da prece ungida de sentimentos elevados. Buscando o refúgio espiritual e a comunhão com Deus, sua mãezinha acercou-se-lhe e, em doce colóquio de mente a mente, procurou restaurar-lhe algumas lembranças das atividades vividas, há pouco, a fim de que ficassem impressas definitivamente, servindo-lhe de apoio e de segurança, assim como de roteiro para a plena libertação.
(Sexo e Obsessão, capítulo 21: Recomeço feliz.)

198. Benefícios diretos da prece – A blandícia proporcionada pela oração, quando bem entendida pela criatura humana, proporciona-lhe no seu exercício o reconforto e a coragem para todos os momentos, sempre que recorrendo aos seus tesouros e o fazendo com mais frequência do que lhe é habitual. Quando o ser humano ora, penetra nos arcanos espirituais e refaz-se, adquirindo paz e enriquecendo-se de sabedoria, por estabelecer uma ponte de vinculação com as fontes do conhecimento, de onde promanam os bens da Imortalidade. A prece seria, a partir de então, o bastão de apoio emocional do jovem sinceramente arrependido e preparado para o recomeço da luta. Sob a inspiração da genitora devotada e o amparo dos Mentores aos quais ela havia recorrido, ser-lhe-ia possível avançar vencendo os obstáculos, que não seriam poucos, e que deveria ultrapassar. Sucede que cada qual somente pode colher aquilo que haja semeado anteriormente, cabendo-lhe o discernimento para, enquanto recolhe os cardos deixados pelo caminho, realizar nova ensementação, agora de luz e de bênçãos, que lhe constituirão a seara futura por onde transitará. Naquele momento, portanto, a abnegada genitora, utilizando-se da percepção acentuada do jovem sacerdote, intuiu-o de que a luta seria áspera, e ele se veria a braços com situações muito perturbadoras, teria ensejo de voltar aos mesmos vícios e seria induzido, pelo pensamento e pelas circunstâncias, a reincidir nos anteriores gravames, cabendo-lhe fugir da tentação através da oração e da ação beneficente, renovadora. (Sexo e Obsessão, capítulo 21: Recomeço feliz.)

199. As advertências de D. Martina – A prece propicia forças espirituais e morais, mas a ação preenche os vazios existenciais, facultando vigor e superação das falsas necessidades a que o indivíduo, pelos hábitos doentios do passado, se afervora. Através da linguagem silenciosa do pensamento, ela advertiu-o sobre as influências dos seres perversos que rondam as criaturas humanas e as induzem a atitudes vergonhosas e comprometedoras através do crime, elucidando, também que, concomitantemente, anjos benfeitores protegem os seus tutelados, infundindo-lhes valor e inspirando-os na luta do bem invariável. Padre Mauro permaneceu por largo período no refúgio espiritual da oração, mergulhando nas esperanças do futuro. E porque estivesse assinalada uma nova entrevista com o Sr. Bispo para aquela tarde, D. Martina deixou-o nos deveres que lhe diziam respeito, a fim de que, no momento aprazado, com o nobre Instrutor pudessem Philomeno e seus companheiros acompanhar o desdobramento da terapia curadora do querido enfermo. (Sexo e Obsessão, capítulo 21: Recomeço feliz.)

200. Padre Mauro na residência episcopal – Quando Mauro procurou o seu pastor, ao cair da tarde, havia uma psicosfera de acentuada paz na residência episcopal. O sacerdote, cônscio dos seus deveres, considerando a gravidade da ocorrência que defrontava pela primeira vez durante todo o seu ministério, não descurou de procurar uma solução adequada de forma que as consequências pudessem ser atenuadas, evitando futuros desastres dessa ou de outra vergonhosa natureza. Havia-se dedicado ao rebanho com fidelidade, confiando nos postulados da fé que elegera como roteiro de iluminação e de salvação para os fiéis que se lhe entregavam confiantes. Em razão disso, foi-lhe muito penosa a realidade dos infelizes acontecimentos. Ao tempo que assim conjeturava, compreendia também que não podia destruir a existência do jovem padre, que sempre se lhe afigurara um homem de bem, digno servidor da grei. De maneira discreta, procurou ouvir outras autoridades religiosas e psiquiatras, resolvendo encaminhar o paciente a uma clínica especializada, que vinha atendendo a casos equivalentes, como a alguns de outra natureza, quando se apresentavam transtornos depressivos, desvios esquizofrêni-cos... Foi assim, com excelente disposição psíquica, que ele recebeu o filho espiritual, e, após algumas considerações valiosas, procurou auscultar-lhe os sentimentos. (Sexo e Obsessão, capítulo 21: Recomeço feliz.)

201. Mauro relata suas experiên-cias oníricas – Fortemente inspirado pelo irmão Anacleto, Mauro narrou que uma incomum transformação interior nele se operara. Havia vivido experiências oníricas, semelhantes às de muitos santos e taumaturgos, conforme relatos constantes nos livros sagrados. “Anteriormente – acrescentou, algo constrangido – sentia-me arrebatado por verdadeiros seres diabólicos que me levaram a regiões de gozo incessante e exaustivo, vampirizando-me as forças e deixando-me sequioso de vivências equivalentes. Dias houve, nesse ínterim, tão terríveis, que despertava mal humorado, infeliz, dominado por desejos incoercíveis, sendo impelido por forças cruéis a práticas abomináveis de que me arrependia e me condenava sem cessar. Nessas ocasiões, eu tinha a sensação de haver estado no Inferno, de onde retornava sob maléfica influenciação. Nos últimos dias, porém, mais de uma vez, encontrei-me em lugares de oração e de socorro, onde não poucos seres angélicos não só me atenderam como também a outros que me pareciam familiares...” Mauro calou-se, por um pouco, concatenando ideias e tentando captar melhor o pensamento do Benfeitor espiritual, para logo prosseguir: “Nesses momentos tenho visto minha mãe que, como sabe Vossa Eminência, é falecida há quase cinco anos. Aparece-me no vigor da sua juventude, tomada de profunda compaixão pelos meus atos ignóbeis, protege-me dos seres satânicos, que a respeitam, como também me infunde ânimo para prosseguir. Não fosse esse socorro propiciado pela Divindade e ter-me-ia suicidado na mesma noite em que a professora Eutímia me surpreendeu com a criança. A vergonha, o asco que, de mim próprio, senti, tomaram-me o espírito fragilizado e uma voz terrível fazia repercutir no meu íntimo que o suicídio seria a única solução para o meu miserável destino”. (Sexo e Obsessão, capítulo 21: Recomeço feliz.)

202. As diversas moradas da Casa do Pai – O Sr. Bispo, ante essa confissão, lembrou-lhe que o suicídio constitui um crime hediondo, para o qual não há perdão da Igreja nem de Deus. E Mauro explicou: “Sim, Eminência, eu o sei, mas sucede que a minha mente era vulcão em erupção, não havendo lugar para qualquer raciocínio lógico, para qualquer entendimento da vida nem da religião. Sentia-me assaltado por forças mais poderosas do que eu, e não vendo perspectiva para o futuro, a fuga seria a solução do momento. Felizmente, a mãezinha apareceu-me, não sei como, e libertou-me da instância do Mal, fazendo-me adormecer e conduzindo-me para um lugar fora da Terra, onde me pude refazer e recuperar... Na noite passada, novamente estando em uma estância de trabalho ativo, participei de uma reunião singular, onde anjos e demônios travaram uma estranha batalha, e na qual eu era uma das personagens envolvidas, ao lado de outros que me pareciam conhecidos, detestáveis alguns, amados outros...” Ao ouvir esse relato, o Sr. Bispo observou: “Você deve recordar-se que Jesus referiu-se a muitas moradas na Casa do Pai, havendo-nos prometido ir preparar lugar para nós outros, conforme anotou São João, no capítulo número quatorze do seu Evangelho. Eu sempre pensei que essas moradas são os astros que constituem o Universo, mas também são redutos onde estagiam os Espíritos após a morte antes de seguirem ao seu destino final, conforme os atos praticados no mundo. Penso que o Purgatório, por exemplo, não seja um lugar definido geograficamente, mas incontáveis regiões de dor e de sombra, na Terra e fora dela, onde os culpados expungem e se depuram, tendo ensejo, então, de ascender ou não ao Paraíso. É certo que a minha reflexão não encontra respaldo teológico. Nada obstante, não existe nada em contrário”. (Sexo e Obsessão, capítulo 21: Recomeço feliz.) (Continua no próximo número.)


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita