Chico Xavier, quando esteve em
Goiânia, concedeu entrevistas a vários jornalistas em
emissora televisiva local, sempre com paciência e amor,
como era de costume.
Perguntaram ao médium:
– V. Sª não acha que a Doutrina
Espírita e muitos de seus fenômenos parapsicológi-cos,
como ocorre nos casos da necroman-cia, telecinesia e
telepatia, podem ter sua explicação à luz das causas e
efeitos da Psicanálise ou da própria Psicologia?
Chico respondeu:
– Nosso profundo apreço ao nobre
jorna-lista que formula a interrogação. Mas, vendo
espíritos, habitantes de um outro mundo, desde os 5 anos
de idade – tempo em que pude ver de perto minha mãe
desencarnada que me prometera voltar do além, para velar
novamente por nós, filhos dela, que deixava na primeira
infância – e continuando esses fenômenos da mediunidade
em minha vida, durante tantos anos, de minha parte não
posso transferir a minha certeza da vida espiritual a
companheiro algum. Cumpro apenas o dever de registrar as
mensagens, as notícias dos nossos amigos espirituais nos
livros que nunca me pertenceram, que sempre foram
entregues à comunidade espírita cristã em seus trabalhos
editoriais, sem nenhuma vantagem pecuniária em nosso
favor, no que apenas estamos cumprindo o dever.
Desde a infância, há precisamente
quase 60 anos, e desses quase 60 anos, 47 estou eu na
mediunidade organizada ou treinada com os ensinamentos
de Allan Kardec, apesar das imperfeições que carrego.
Compreendo e aceito a mediunidade em minha vida –
perdoem a minha expressão – como se eu fora um cego
animalizado ou mesmo um animal em serviço, obedecendo
àqueles que me trazem tanta luz ao caminho, que me
amparam sempre com tanta bondade e aos quais seria
ingratidão de minha parte sonegar o concurso e a boa
vontade que devo a todos eles.
Creio na mediunidade e creio na
vida espiritual. Procurando na Parapsicologia como é que
os senhores parapsicólogos definiriam a psicografia em
meu caso pessoal, verifiquei que eles me denominavam o
processo de trabalho medianímico (perdoem-me esse
possessi-vo meu, entretanto é necessário que eu fale
assim) como sendo um fenômeno de prosopopese. Não
cheguei a compreender todo o sentido da palavra pelo meu
desconhecimento das raízes que a formaram; a psicografia
em meu caso, então, seria um caso de prosopopese ou
mudança psicológica da personalidade, dando ensejo a que
personalidades supostas se manifestem por meu
intermédio, sem que eu tenha qualquer conotação em
quadros patológicos.
Confesso, porém, que para mim, que
me sinto espírita cristão, o assunto não ecoou com a
significação que eu esperava, porque não sinto
necessidade de palavras assim tão difíceis para
determinar uma questão simples que apenas envolve a
comunicação entre dois mundos. Para mim, a psicografia é
o intercâmbio espiritual entre os espíritos que estão
encarnados neste mundo e espíritos que estão
desencarnados, vivendo em outras condições vibratórias,
na Terra e fora da Terra; mas naturalmente que a ciência
tem o direito de cunhar as expressões que deseje para
melhorar-nos os conhecimentos e evitar os abusos de
criaturas capazes de criar problemas para a comunidade
com o abuso provável desses mesmos conhecimentos.
Respeitando a ciência parapsicológica, estamos
satisfeitos com o termo mediunidade psicográfica, porque
eu sei que a página por mim psicografada não me pertence
e sim ao espírito que a escreveu.