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por Anselmo F. Vasconcelos

A dimensão da corrupção
 

A nação tenta assimilar, ainda estupefata, a dimensão da corrupção que veio à tona com as delações da Operação Lava Jato. Como se viu, personagens de alta expressão do meio empresarial desvendaram por meio de delações os meandros do poder no Brasil. As pessoas um pouco mais, digamos, rodadas, sempre desconfiaram que os interesses da classe política brasileira não estavam exatamente alinhados – e eu estou aqui sendo generoso – com os do país. Decisões à socapa, encontros ocultos em locais obscuros e personagens sombrios sempre moldaram a atividade política dessa nação. Portanto, era muito difícil não imaginar – por mais boa vontade que tenhamos – que algo profundamente nauseabundo não venha daí.

O estilo de vida meio nababesco de muitas excelências do mundo político não condiz com os ganhos legitimamente auferidos, chamando a atenção para algo no mínimo perturbador. Mas o que se viu nas últimas décadas em termos de conduta nessa área foi horripilante. Um grande historiador brasileiro contemporâneo costuma afirmar que não houve nada parecido na história da humanidade. Seja como for, é algo para se lamentar profundamente.

Afinal de contas, o que emerge das revelações é um mar de lama que envolve muitos parlamentares, que, aliás, receberam o apoio da população para representá-las adequadamente. As delações dos empresários e executivos são devastadoras para as biografias de ex-presidentes da república, senadores, deputados e servidores públicos, que, agora, vão ter de enfrentar o seu calvário redentor.

É extremamente triste imaginar que pessoas eleitas para cuidar e servir à nação tenham tido uma conduta tão escabrosa e lesiva. No entanto, essa é a realidade com a qual nós brasileiros temos agora de conviver. Em razão disso, lembrei-me do início dessa nação e dos degredados que para aqui vieram. Se começamos com o pé esquerdo, há tempo para consertarmos os erros. Graças a Deus também há aqui pessoas de bem e que, por força dos acontecimentos, terão oportunidade de ajudar na reconstrução moral das nossas instituições.

Enquanto os delinquentes caem irremediavelmente em razão dos seus crimes hediondos, outras pessoas bem-intencionadas e sequiosas por cooperar com o país encontram agora terreno mais fértil para se manifestar. O que é mais auspicioso é a constatação de que não há mal que persista indefinidamente. Chega um momento em que as forças do bem e do amor dão um basta aos desmandos e torpezas. É verdade que vamos ter de conviver também com essa triste lembrança ligada à história do Brasil. Esse fato é irremediável. No entanto, não somos a única nação do planeta a ter de enfrentar os males da corrupção. Outras democracias consolidadas também já passaram por algo semelhante em algum momento do passado.

O que nos torna uma nação singular é a constatação de que afastamos presidentes ineptos e moralmente comprometidos, sem sangue e perda de vidas. Ou seja, temos a prova cabal de que Jesus e a espiritualidade zelam por nós. É verdade que teremos um longo caminho à frente para higienizar as nossas instituições e colocar o país no caminho do desenvolvimento ético-moral novamente. O choque que ora sentimos faz parte desse processo e também para nos lembrar, uma vez mais, a recomendação de Jesus: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação”. As facilidades do mundo são muito perigosas e contra elas temos de nos precatar. Aos que aspiram a posições de comando e influência, todo cuidado é necessário para que os deslizes sejam evitados.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita