Refletir e asserenar
“Não são doze as horas do dia? Se alguém caminha durante
o dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo: mas, se
alguém caminha à noite, tropeça, porque a luz não está
nele.” – Jesus (João, 11:9 a 11).
Simbólicas e elucidativas as palavras de Jesus.
Necessária a iluminação interior para manter a paz.
Estamos numa época em que quase todas as religiões estão
caminhando com a ideia disseminada aos seus seguidores,
de reforma moral, de crescimento interno, de se tornar
alguém melhor. Aqueles que já estão nesse caminho,
compreendem que a paz é interior e que o exterior não
deve ter poder para desequilibrar o ser.
Para se alcançar a paz é necessária a fé no futuro,
certeza da imortalidade da alma. Os postulados
espíritas, de crença em Deus, certeza da imortalidade,
da comunicação dos Espíritos com o mundo corporal, da
reencarnação e das muitas moradas na casa do Pai, são um
trajeto de esperanças para o Espírito encarnado, mas não
bastam.
Há pessoas no mundo que não têm esses ensinos e estão em
paz. Aprofundaram-se no autodescobrimento, corrigiram
seus defeitos e aprimoraram qualidades. Se cristãs,
vivem a realidade do Cristianismo na alma. A grande
resposta é a caridade. Caridade para com todos. Caridade
na conduta, caridade sempre, agindo com amor. O lema
grandioso de “Fora da Caridade não há Salvação” está
inserido no Espiritismo e, aliado ao conhecimento dos
postulados e à reforma moral, dão a grande força para a
paz. O remédio é ser cristão verdadeiro.
Ter o Evangelho na alma e amor a Jesus é um passo muito
importante.
Pessoas há, cedendo ao desespero, mesmo nas fileiras do
Espiritismo. Grassa uma ideia na atualidade de que
nascemos para ser felizes. Não é bem assim. O espírita
sabe que a finalidade da encarnação é para seu
crescimento espiritual. Na questão 167 de “O Livro dos
Espíritos”, Kardec pergunta isso e os Espíritos
respondem: expiação, melhoramento progressivo da
humanidade. Sem isso, onde estaria a justiça?
Kardec comenta na questão 171 que todos os Espíritos
tendem à perfeição, e Deus lhes proporciona os meios de
consegui-la com as provas da vida corpórea. Mas, em sua
justiça, permite-lhes realizar, em novas existências,
aquilo que não puderam fazer ou acabar numa primeira
prova. Alcançar a felicidade é mérito. O Espírito que
ama e serve ao seu semelhante é feliz. Não nascemos para
ser felizes, mas para atingir um dia a felicidade,
através de nossos esforços e conquista. O Espírito,
quando se afasta do bem e se aproxima do egoísmo, sofre,
pois está ínsita no ser a necessidade de amar. Quem ama
é feliz. Existe aqui uma diferença. O ser encarnado na
Terra sofre, e essa ideia de que tem que ser feliz a
qualquer custo aumenta o seu sofrimento.
Preciso é compreender que podemos ter paciência com as
aflições e passá-las com coragem. Lembramos um Espírito
Amigo, em O Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo
IX, A Paciência. Maravilhoso esse texto, deveríamos
relê-lo sempre: a dor é uma bênção que Deus envia aos
seus eleitos. Não vos aflijais, pois, quando sofrerdes,
mas bendizei, ao contrário, o Deus todo poderoso que vos
marcou pela dor nesse mundo para a glória no céu.
Sede pacientes: a paciência é também uma caridade e
deveis praticar a lei da caridade ensinada pelo Cristo,
enviado de Deus. O leitor pode ler sempre essa página no
Evangelho. Por que a mencionamos? Porque as dores estão
avolumadas e as pessoas precisam suportá-las. Há aqueles
que têm coragem e lutam com todas as suas forças para
permanecerem na vida e há aqueles que querem se ausentar
da vida, sucumbindo às provações e agindo contra si
mesmos.
É importante ensinar coragem às crianças e a passar por
situações difíceis com serenidade. A superproteção, a
ideia de que se tem que ser feliz a qualquer preço está
gerando muito prejuízo. É preciso ensinar que a
felicidade é o amor em ação, que ninguém passa nesse
mundo sem experimentar sofrimento, mas é possível passar
por ele sem desespero.
Temos ouvido muito sobre suicídios, eles estão
aumentando. Isso é desistir, achar que terminará o
sofrimento saindo da vida, quando ao contrário, ele
aumenta.
Em reunião mediúnica, sempre são trazidos Espíritos que
não suportaram. Há poucos dias trouxeram um grupo de dez
jovens em total desespero, porque se deixaram vencer e
desistiram da vida. Sofrem muito mais. Para eles a nova
existência será muito difícil. Invigilância e pouca fé.
A fé no futuro, na imortalidade da alma e as boas ações
poderiam ter evitado isso.
Precisamos refletir. Asserenar a emoção com o
conhecimento edificante. Não é em vão que o Espírito de
Verdade orienta: espíritas, amai-vos, eis o primeiro
ensinamento; instruí-vos, eis o segundo.
Eduquemo-nos com amor e exemplifiquemos sempre.
Eduquemos nossos jovens, na certeza de que nascemos para
progredir e que o amor é o caminho para a felicidade.
Por certo haveremos de ver mais jovens felizes por
estarem agindo no bem, e não desesperados, desistindo da
vida porque ela não atende seus desejos.
Reflitamos mais e nos acalmemos. Tenhamos conosco a fé
verdadeira, na certeza de que para o Espírito imortal,
dias melhores virão.
Tenhamos fé. Choremos sim, nas horas de sofrimento, mas
reergamos o pensamento na esperança e tenhamos muita
coragem e muita fé. Chorar é importante, alivia.
Reerguer-se, no entanto, após o alívio e continuar firme
é imprescindível. Permanecer com o Cristo e continuar
intimorato, vivendo e aprendendo a amar. Um dia, o
sofrimento desaparecerá da Terra, quando o egoísmo
desaparecer e o amor vencer.