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por Jane Martins Vilela

Refletir e asserenar
 

“Não são doze as horas do dia? Se alguém caminha durante o dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo: mas, se alguém caminha à noite, tropeça, porque a luz não está nele.” – Jesus (João, 11:9 a 11).

Simbólicas e elucidativas as palavras de Jesus. Necessária a iluminação interior para manter a paz. Estamos numa época em que quase todas as religiões estão caminhando com a ideia disseminada aos seus seguidores, de reforma moral, de crescimento interno, de se tornar alguém melhor. Aqueles que já estão nesse caminho, compreendem que a paz é interior e que o exterior não deve ter poder para desequilibrar o ser.

Para se alcançar a paz é necessária a fé no futuro, certeza da imortalidade da alma. Os postulados espíritas, de crença em Deus, certeza da imortalidade, da comunicação dos Espíritos com o mundo corporal, da reencarnação e das muitas moradas na casa do Pai, são um trajeto de esperanças para o Espírito encarnado, mas não bastam.

Há pessoas no mundo que não têm esses ensinos e estão em paz. Aprofundaram-se no autodescobrimento, corrigiram seus defeitos e aprimoraram qualidades. Se cristãs, vivem a realidade do Cristianismo na alma. A grande resposta é a caridade. Caridade para com todos. Caridade na conduta, caridade sempre, agindo com amor. O lema grandioso de “Fora da Caridade não há Salvação” está inserido no Espiritismo e, aliado ao conhecimento dos postulados e à reforma moral, dão a grande força para a paz. O remédio é ser cristão verdadeiro.

Ter o Evangelho na alma e amor a Jesus é um passo muito importante.

Pessoas há, cedendo ao desespero, mesmo nas fileiras do Espiritismo. Grassa uma ideia na atualidade de que nascemos para ser felizes. Não é bem assim. O espírita sabe que a finalidade da encarnação é para seu crescimento espiritual. Na questão 167 de “O Livro dos Espíritos”, Kardec pergunta isso e os Espíritos respondem: expiação, melhoramento progressivo da humanidade. Sem isso, onde estaria a justiça?

Kardec comenta na questão 171 que todos os Espíritos tendem à perfeição, e Deus lhes proporciona os meios de consegui-la com as provas da vida corpórea. Mas, em sua justiça, permite-lhes realizar, em novas existências, aquilo que não puderam fazer ou acabar numa primeira prova. Alcançar a felicidade é mérito. O Espírito que ama e serve ao seu semelhante é feliz. Não nascemos para ser felizes, mas para atingir um dia a felicidade, através de nossos esforços e conquista. O Espírito, quando se afasta do bem e se aproxima do egoísmo, sofre, pois está ínsita no ser a necessidade de amar. Quem ama é feliz. Existe aqui uma diferença. O ser encarnado na Terra sofre, e essa ideia de que tem que ser feliz a qualquer custo aumenta o seu sofrimento.

Preciso é compreender que podemos ter paciência com as aflições e passá-las com coragem. Lembramos um Espírito Amigo, em O Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo IX, A Paciência. Maravilhoso esse texto, deveríamos relê-lo sempre: a dor é uma bênção que Deus envia aos seus eleitos. Não vos aflijais, pois, quando sofrerdes, mas bendizei, ao contrário, o Deus todo poderoso que vos marcou pela dor nesse mundo para a glória no céu.

Sede pacientes: a paciência é também uma caridade e deveis praticar a lei da caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. O leitor pode ler sempre essa página no Evangelho. Por que a mencionamos? Porque as dores estão avolumadas e as pessoas precisam suportá-las. Há aqueles que têm coragem e lutam com todas as suas forças para permanecerem na vida e há aqueles que querem se ausentar da vida, sucumbindo às provações e agindo contra si mesmos.

É importante ensinar coragem às crianças e a passar por situações difíceis com serenidade. A superproteção, a ideia de que se tem que ser feliz a qualquer preço está gerando muito prejuízo. É preciso ensinar que a felicidade é o amor em ação, que ninguém passa nesse mundo sem experimentar sofrimento, mas é possível passar por ele sem desespero.

Temos ouvido muito sobre suicídios, eles estão aumentando. Isso é desistir, achar que terminará o sofrimento saindo da vida, quando ao contrário, ele aumenta.

Em reunião mediúnica, sempre são trazidos Espíritos que não suportaram. Há poucos dias trouxeram um grupo de dez jovens em total desespero, porque se deixaram vencer e desistiram da vida. Sofrem muito mais. Para eles a nova existência será muito difícil. Invigilância e pouca fé. A fé no futuro, na imortalidade da alma e as boas ações poderiam ter evitado isso.

Precisamos refletir. Asserenar a emoção com o conhecimento edificante. Não é em vão que o Espírito de Verdade orienta: espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo.

Eduquemo-nos com amor e exemplifiquemos sempre. Eduquemos nossos jovens, na certeza de que nascemos para progredir e que o amor é o caminho para a felicidade. Por certo haveremos de ver mais jovens felizes por estarem agindo no bem, e não desesperados, desistindo da vida porque ela não atende seus desejos.

Reflitamos mais e nos acalmemos. Tenhamos conosco a fé verdadeira, na certeza de que para o Espírito imortal, dias melhores virão.

Tenhamos fé. Choremos sim, nas horas de sofrimento, mas reergamos o pensamento na esperança e tenhamos muita coragem e muita fé. Chorar é importante, alivia. Reerguer-se, no entanto, após o alívio e continuar firme é imprescindível. Permanecer com o Cristo e continuar intimorato, vivendo e aprendendo a amar. Um dia, o sofrimento desaparecerá da Terra, quando o egoísmo desaparecer e o amor vencer.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita