Divaldo Franco encerrou
seu atual ciclo de conferências na Alemanha com o
esperado Seminário organizado pelos espíritas de Bad Honnef,
o qual se realizou nos dias 27 e 28 de maio.
O evento foi realizado no hotel Seminaris,
intercalando atividades pela manhã, tarde e noite. A
maioria dos cerca de 300 participantes estava hospedada
no hotel, o que gerou um clima de amizade e
fraternidade.
O tema escolhido para este ano foi "A Criança
Ferida: Razões Psicológicas do Sofrimento Humano".
Para enriquecer e acolher os participantes, as
atividades contaram com o apoio de Flávio Benedito, ao
piano, e do barítono Maurício Virgens, que apresentaram
belas páginas musicais, sensibilizando e envolvendo
emocionalmente os assistentes.
Ao iniciar sua abordagem, Divaldo Franco apresentou seu
estimado amigo Dr. Juan Danilo Rodríguez,
residente em Quito, no Equador, que, ao se pronunciar,
referiu-se à psicologia, bem como à especial
contribuição que a Doutrina Espirita oferece na diluição
dos conflitos da criatura humana. Reconhecido, agradeceu
o fenomenal trabalho realizado por Allan Kardec e também
a Divaldo pela oportunidade do contato com a amada
doutrina.
Conduzindo o público para um clima de compreensão,
visando uma perfeita assimilação do tema, Divaldo narrou
a bela história de um lenhador humilde que recebeu este
convite: - “Homem, entra na floresta”. Esse convite é
uma alusão ao mergulho inadiável que o ser humano
necessita realizar em si mesmo, para a sua transformação
moral para melhor, bem como um convite ao enfrentamento
dos desafios, dos conflitos, das aspirações, que compõem
a floresta dos problemas humanos.
Ninguém sofre sem um motivo relevante
– É necessário, afirmou o nobre conferencista, que a
criatura humana realize essa viagem para dentro de si,
trabalhando para identificar a criança maltratada que
quase todos carregamos, que necessita de carinho, de
atenção, que reclama cuidados, mas que, no entanto, não
se empenha em modificar-se.
Facilitando o encontro consigo mesmo, o exímio
conferencista questionou:
- O que a criança que eu fui diria ao adulto que me
tornei?
- Se a criança que existe em mim pudesse me perguntar:
estou contente, era isso mesmo que hoje vivo? Isso
corresponde aos desejos daquela época infantil? Quais
seriam as minhas respostas?
Conduzindo os presentes aos questionamentos íntimos,
fazendo-os brotar na consciência de cada um, Divaldo
Franco, com sua habilidade ímpar, dedilhando a fibras da
alma humana como exímio violinista, despertou muitas
emoções, objetivando direcionar os participantes para
uma autoanálise mais acurada.
Aprofundando o tema, Divaldo adentrou-se pelo vasto
terreno da educação, expondo sua ampla experiência de
educador que já educou dezenas de milhares de crianças e
jovens na instituição Mansão do Caminho, em Salvador,
Bahia. Só o amor, afirmou, possui condições para trazer
de novo à infância o homem adulto, mesmo aqueles que
possuem dramas, carências. Somente o amor é capaz de
apagar essas marcas negativas que os indivíduos possuem,
em diversos níveis de amplitude e complexidade. Ninguém
sofre sem possuir débitos para com a Lei Divina.
A dor não é um castigo
divino,
é uma bênção
que Deus concede aos homens, e a reencarnação é a sua
lógica em ação. A dor é semelhante a um lapidador que,
tomando um diamante bruto e sujo, transforma-o em uma
joia de alto valor.
O psiquismo divino nos envolve a todos
– Encerrando as esclarecedoras abordagens realizadas ao
longo do dia, Divaldo, na sua sensibilidade amorosa,
destacou a magnífica ação do Semeador Divino, Jesus, que
concitava as criaturas a ir até Ele, acrescentando que é
o caminho, a estrada das ovelhas, e aquele que, indo a
Ele, mesmo morrendo, viverá.
Em um chamamento forte, o nobre conferencista estimulou
os presentes a abrirem-se à vida, esclarecendo que o
psiquismo divino nos envolve, e que Jesus veio para nos
consolar.
Fazendo uma ligeira comparação, Divaldo explicou que, à
semelhança do Espírito de Verdade, os pais desempenham a
função de acolher, orientar e acompanhar a trajetória de
seus filhos, doando-se integralmente a eles.
Este foi um seminário terapêutico, sem sombra de
dúvidas, porque todos tiveram oportunidade de realizar
verdadeiras catarses, porém o que mais impressiona é ver
Divaldo Franco em ação o dia inteiro falando, atendendo
a todos com alegria e carinho, não se permitindo ceder
ao cansaço e ao desânimo. Pelo contrário, superando
todas as limitações, ele impõe-se não desanimar nesta
tarefa hercúlea de servir a Jesus e divulgar o
Espiritismo, demonstrando, pelo seu exemplo, que aquele
que ama é sustentado nas vibrações e no Amor Divino.
Edith Burkhard, experiente na arte da tradução, verteu
para o idioma alemão a formidável exposição, tornando-se
figura ímpar no sucesso do evento.
O sofrimento tem uma face positiva
– O seminário teve continuidade no domingo, 28 de maio,
perante representantes de 18 diferentes países da
Europa. Prosseguindo com a temática, Divaldo lembrou que
teve a oportunidade de visitar 41 cidades nos 35 anos em
que apresenta os postulados espíritas na Alemanha.
A primeira vez que falou em solo alemão contou com um
público de nove pessoas, no segundo ano o público teve
um aumento expressivo, afinal foram vinte e cinco 25
pessoas. Esses dados significativos levam o observador
atento a refletir quão desafiador foram aqueles
primeiros dias de divulgação da Doutrina Espírita em
solo alemão.
Foram realizadas longas viagens para plantar uma
preciosa semente. Certamente que os benfeitores sabiam,
de antemão, que as sementes lançadas naquele solo árido
de outrora multiplicar-se-iam geometricamente,
facilitando e abrindo portas, inclusive para os que
viriam depois, encontrando, assim, felizmente, o solo
preparado para receber novas semeaduras.
Despertando os sentimentos de elevada vibração, Divaldo
narrou a vida do famoso cirurgião cardiovascular
americano Dr. Dean Ornish, que viajando para dentro de
si mesmo, no alto de sua fama e na posse de uma fortuna
colossal, carregava, ele próprio, a culpa insculpida no
íntimo, o conflito da ingratidão com seu velho pai. Este
episódio está narrado na obra “Amor e Sobrevivência”, de
sua própria autoria. Desta forma, mostrou que o
sofrimento tem uma face positiva. É um recurso
terapêutico para a alma, que ao mesmo tempo torna-se um
verdadeiro método educacional para o progresso do ser
humano.
Um momento de emoção e de lágrimas
– Assim, o indivíduo é impulsionado a realizar a viagem
interior, autodescobrindo-se e libertando-se dos
grilhões que o retêm na inferioridade espiritual.
Esse foi, certamente, um daqueles momentos em que o
auditório, aparentando encontrar-se hipnotizado,
deixou-se tomar pela emoção, a maioria tentando conter
as lágrimas. Na reflexão, por certo, cada um deve ter
encontrado em si mesmo vivências idênticas, que tocaram
a alma ao identificar-se com a experiência do Dr. Ornish.
Afinal, quem nunca agiu com uma certa ingratidão para
com o velho pai ou para com a mãezinha dedicada?
É curioso notar a habilidade e a maestria com que
Divaldo conduziu o Seminário, podendo ser comparado a um
"cirurgião de almas", pois através de sua oratória todos
são penetrados pelo bisturi divino, fomentando o
despertar para a vida cotidiana, para a realidade
espiritual. Quem o escuta com atenção e realiza
movimentos em direção ao autoconhecimento, sai da
ignorância, extirpando fulcros de cegueira e de
ignorância, geradores de enfermidades e sofrimentos.
Finalizando o seminário, teve lugar o momento da
gratidão aos organizadores que há meses vinham
preparando o evento, aos exímios músicos, aos que vieram
de outros países, e a todos que de forma anunciada ou
anônima auxiliaram na obra do bem. A emoção mais uma vez
tomou conta dos corações amigos, que na ânsia de beberem
a água cristalina do Espiritismo, servida pelo
incansável e amoroso Divaldo Franco, se perguntavam
mentalmente: como será para o ano?
A tradução primorosa de Edith Burkhard, vertendo ao
idioma alemão o magnífico seminário, de caráter
terapêutico, tornou possível alcançar as almas
germânicas presentes no evento.