Um minuto
com Chico Xavier

por Regina Stella Spagnuolo

Preocupado com a própria "rebeldia" e em estado de depressão, Chico teve mais uma visão. Um burro teimoso atrelado a uma carroça carregada de documentos puxava a carga e encarava com inveja os companheiros livres no pasto.

De vez em quando, enquanto era alimentado com água e alfafa, assistia, de longe, às brigas violentas entre os colegas. Uma sucessão de coices sanguinolentos. Chico olhou aquele burro e pensou: talvez fosse melhor estar sob freios do que estar solto no pasto da vida para escoicear e ser escoiceado.

Aprendi a lição - disse ele, pronto para receber os arreios.

Chico já estava cansado. Trabalhava, lutava no centro, fazia caridade, escrevia quase por compulsão e continuava desacreditado. Ele reclamava dos incrédulos, se queixava dos comentários envenenados e se entregava à reza.

Após uma das várias orações, Maria João de Deus voltou à cena e, em vez de um conselho, sugeriu um remédio:

- Meu filho, para curar essas inquietações, você deve usar água da paz.

Chico saiu à procura do remédio em todas as farmácias de Pedro Leopoldo. Nada. Recorreu a Belo Horizonte. Nada de novo. Ao fim de duas semanas, comunicou à mãe o fracasso da busca. A aparição ensinou:

- Não precisava viajar. Você poderá obter o remédio em casa mesmo. Pode ser a água do pote.

- Como assim?

- Quando alguém lhe fizer provocações, beba um pouco de água pura e conserve-a na boca. Não a lance fora nem a engula. Enquanto persistir a tentação de responder, guarde a água da paz banhando a língua.

Chico engoliu a lição do silêncio. E digeriu.

Nessa noite, sentiu o braço movido por alguém. Tomou o lápis e despejou estes versos:

"Meu amigo, se desejas:

Paz crescente e guerra pouca,

Ajuda sem reclamar e aprende a calar a boca".

Dessa vez, o recado veio com assinatura: Casimiro Cunha, poeta de Vassouras, morto em 1914.

 

Do livro As Vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita