Internacional
por Ênio Medeiros

Ano 11 - N° 521 - 18 de Junho de 2017

 

 
Divaldo Franco: “A sensação é física, o prazer é parafísico”
 

No início deste mês, dias 2 a 5 de junho, Divaldo Franco falou aos espíritas e simpatizantes do Espiritismo radicados na Suíça.

No dia 2, vindo de Milão, ele foi recebido pelos amigos espiritistas de Zurique. De imediato, foi conduzido às instalações da Fundação G19 -Stiftung G19 -, onde se hospeda há muitos anos e onde se realiza o seminário anual, sempre no período de Pentecostes.

À noite, no Marriott Hotel Zürich, Divaldo proferiu uma conferência para um público de 230 pessoas que lotaram as belíssimas instalações do auditório. O tema foi: Die Wandlung des Menschen durch Selbsterkenntnis (A transformação do ser humano através do autoconhecimento). A tradução para o idioma alemão foi feita por Edith Burkhard.

Divaldo, ao iniciar a conferência, afirmou que a iluminação interior é inadiável, ilustrando com a trajetória de Sidarta Gautama – o Buda -, que abandonou a vida de príncipe para iluminar-se, deixou a vida intramuros e saiu para o contato com os seres humanos, com a vida, com o sofrimento.

Sempre com exemplos, demonstrando a viabilidade da autoiluminação, Divaldo narrou a trajetória de Teresa D’Ávila, que viajava para dignificar os conventos da época e conter os impulsos dos instintos que dominavam aquelas que deveriam ser instituições de vivência do Evangelho de Jesus. Ela transformou os conventos, novamente, em santuários. Outro exemplo de sucesso é o de Teresa de Lisieux, que foi para a Índia, na cidade de Calcutá, e que afirmava que só há felicidade quando se ama; por isso, devemos amar, principalmente quando o ser amado é difícil.

Por fim, apresentou a figura inesquecível do Homem de Nazaré, Jesus, que estabeleceu que a filosofia mais importante da vida é amar. O evangelho de Jesus, disse ele, é hoje considerado a melhor terapia.

Referindo-se depois a Allan Kardec, Divaldo destacou a questão sobre o meio prático mais eficaz que o ser humano possui de se melhorar nesta vida e resistir ao mal, obtendo a resposta dos Espíritos que, para tal, é necessário conhecer-se a si mesmo.

A vida é uma eterna primavera para quem tem os olhos de ver. Neste momento de tumultos, todos possuem problemas, desafios. Todos necessitam de Jesus. Ele, porém, conta conosco, para que nossas mãos sejam as suas mãos, o nosso verbo seja a sua voz. “A iluminação de uma pessoa muda a história da humanidade”, afirmou o orador. “Tornemo-nos mais alegres, mais gratos.”

O seminário Seja Feliz Hoje No dia seguinte, 3 de junho, mantendo uma tradição de 29 anos, Divaldo Franco retornou à Fundação G19 - Stiftung G19, para o Pentecostes anual, realizando mais um seminário, momento de renovação psíquica, emocional e espiritual, desta vez com o tema Seja Feliz Hoje, no qual contou novamente com a tradução ao idioma alemão feita pela eficiente Edith Burkhard.

A participação do pianista Flávio Benedito e do barítono Maurício Virgens proporcionou momentos de elevação com suas belíssimas peças musicais. Como vem fazendo ao longo do atual roteiro de conferências e seminários pela Europa, Divaldo apresentou seu querido amigo Dr. Juan Danilo Rodríguez, que, com sua simpatia habitual, narrou uma experiência vivida por ele e por algumas pessoas de um povoado indígena do Equador, sua terra natal. Dr. Juan, na condição de médico, terapeuta holístico, teve a oportunidade de aprender com as pessoas daquele lugar que as coisas mais importantes da vida não se devem delegar a ninguém, cada um deve fazer por si mesmo, com trabalho, dedicação. Todos podem começar a construir a própria felicidade.

Em seguida, Divaldo, o experiente orador, semeador incansável da Boa Nova, dando início ao seminário que teria seguimento no dia seguinte, afirmou que existem valores na vida de qualquer indivíduo, que são atribuídos, mas não são reais. A felicidade tem um significado especial para cada indivíduo, e decorre de três requisitos básicos: 1º. A paz de consciência. 2º. Um sentimento de amor. 3º. Ser útil à comunidade.

Grande parcela da humanidade acredita que os valores da terra são de grande importância, e, quando os indivíduos desejam possuir, utilizam-se de qualquer meio, independente da licitude. Assim, descem os degraus da desonra para atingir o que desejam, até o momento em que a consciência os acusa, perdendo a paz.

Como ser feliz hoje? É possível alcançar essa condição trabalhando-se interiormente. O Ego, fruto do instinto de preservação da vida, predomina em todos os indivíduos em evolução, porém, também, o amor é inerente em cada um, e o que falta na maioria das vezes é apenas o gatilho que o faça disparar. Deus é a alma do amor, e o amor é a presença de Deus em nós.

Divaldo narrou a história do escritor e médico inglês Archibald Cronin (1896-1981), em que a enfermeira que o assiste, ao dormir no seu trabalho, por cansaço, leva à morte um jovem paciente, evidenciando nesta narrativa que todos necessitam de uma segunda oportunidade. Aquele que deseja servir a Jesus deve ser rígido para consigo mesmo. Vale a pena dar uma nova oportunidade, sem, no entanto, ser conivente com o erro.

Apresentando os estudos realizados por George Gurdjieff (1866-1949), pesquisador russo, Divaldo discorreu sobre os quatro níveis de consciência – a de sono, a desperta, a de si mesmo, e a consciência objetiva, ou cósmica, como define Allan Kardec. O ínclito orador, concluindo, afirmou que o ser que somos é o que há de mais importante na vida: esse ser é o Espírito imortal.

Como o objetivo do seminário era também terapêutico, o nobre conferencista, através de suas afirmativas profundamente elaboradas, convidava os presentes a reflexões, afirmando que felicidade é um estado emocional de prazer, mas não de sensação. A sensação é física, o prazer é parafísico. Elucidando, apresentou o pensamento do escritor Robert Stevenson (1850-1894), assim traduzido: saudade é a presença do ser ausente e a ausência do ser presente.

E por fim, após ter falado por mais de cinco horas, com tradução, o que torna mais desgastante a exposição, o querido amigo semeador da esperança e da paz interrogou: - Será fácil ser feliz hoje? E, respondendo disse: - Sim, é fácil, diminuindo a ambição do querer, pelo prazer de amar.

Muito aplaudido pelos presentes que lotaram completamente o auditório, e após o dia todo de seminário, o jovem Divaldo correu para um rápido lanche. Era o final da tarde, não podia demorar-se, pois à noite tinha mais uma agenda a ser cumprida em uma pequena cidade muito próxima a Zurique, e aqueles que resolveram servir Jesus não podem se permitir relaxar, enquanto os compromissos não estiverem fielmente cumpridos, servindo à causa do bem com amor.

Imortalidade e Vida – No mesmo dia 3 de junho, após encerrar o primeiro módulo do seminário em Zurique, Divaldo Franco seguiu para a vizinha cidade de Kloten, a convite dos amigos do CEEAK – Centro de Estudos Espíritas Allan Kardec, de Winterthur, na Suíça. O tema da conferência foi: Imortalidade e Vida, que contou com a tradução ao idioma alemão de Edith Burkhard. A plateia foi constituída por 300 pessoas aproximadamente. Para o momento artístico, o evento contou com o magnífico trabalho do barítono Maurício Virgens, cantando belíssimas músicas. Esse foi um dia de atividades intensas, com trabalhos nos três turnos.

Divaldo apresentou o seu amigo Dr. Juan Danilo Rodríguez, que com seu carisma e humildade característicos, utilizando-se de linguagem simples, falou ao coração, utilizando-se do idioma universal do amor.

Os fatos paranormais, afirmou Divaldo, são tão antigos quanto a criatura humana. O ser humano, na sua trilha evolutiva, primeiro pintou, desenhou, para somente depois falar. Nas cavernas ficaram as marcas destes fenômenos, nelas surgiu, também, o culto ao fenômeno da morte, porque os mortos sempre voltaram para afirmar o prosseguimento da vida.

O ilustre orador narrou a história do rei Creso, da Lídia e de Ciro, rei da Pérsia, evidenciando fenômenos mediúnicos ocorridos no santuário de Delfos, quando o deus Apolo falou pela boca de uma pitonisa, uma médium, narrando fatos parapsicológicos que demonstram a possibilidade da veiculação das informações de além-túmulo. Divaldo utilizou-se da história para narrar diversos fatos paranormais ocorridos em várias partes do mundo, com diversas personalidades religiosas, militares e outras, que marcaram a história da humanidade.

Porém, a humanidade em progresso teve, no dia 18 de abril de 1857, a oportunidade de ingressar em uma nova era. Nesta data foi apresentado O Livro dos Espíritos, estava inaugurada a era do Espírito imortal. A conferência, a partir deste ponto, tornou-se em uma verdadeira aula de Espiritismo, fundamentando os postulados básicos desta doutrina de luz, que liberta as consciências e consola os corações aflitos. O Espiritismo é o Cristianismo puro, e o seu slogan é: Fora da Caridade não há Salvação.

A imortalidade da alma é uma das mais belas manifestações de Deus em favor da vida. Morrer não é aniquilar, mas mudar de uma espécie de onda, para outra. O Espiritismo matou a morte, pois a vida prossegue, a imortalidade é vida.

Enriquecendo a questão da imortalidade e da vida, Divaldo apresentou algumas de suas experiências com a mediunidade, adquiridas nesta longa existência de mediunato, ofertando conhecimento e ternura ao atento auditório.

Após um dia de trabalhos intensos, este Paulo de Tarso dos dias atuais, um gigante a serviço do bem e da paz, não cede nunca, não desiste. Haja o que houver, ele vai, mesmo combalido, o que é natural diante de um ritmo intenso de atividades. Sem transparecer cansaço, Divaldo é capaz de falar, de pé, por várias horas seguidas. Ele vai "até morto", mas ele vai. Vai e fala, fala e comove, comove e semeia a semente do amor, e os benfeitores que lhe inspiram, auxiliam-no e o acompanham, promovendo as condições necessárias para que o bem cresça e se agigante como suave perfume que toma conta do ambiente, sem se fazer notar, perfumando com o perfume do amor.

Que alegria a presença destes benfeitores da humanidade, que sob os auspícios do Mestre de Nazaré, vem ao encontro daqueles que nos encontramos nos pântanos das paixões onde ainda nos debatemos, louvado seja Senhor! E o semeador? Ele saiu a semear...

A conclusão do seminário em Zurique – No dia 4, domingo pela manhã, nas instalações do G19 - Stiftung G19 -, em Zurique, teve sequência o seminário Seja Feliz Hoje.

O Dr. Juan Danilo Rodríguez, espírita equatoriano, proferindo breves palavras, estabeleceu três itens importantes para a conquista da felicidade: A Paz Interior; O Amor e O Serviço no bem, que devem ser arquitetados e postos em prática através dos pensamentos e atos, afinal, o mundo que cultivamos é o mundo de nossas ideias. As emoções que cada um experimenta são o resultado do percurso realizado por nossas almas ao longo do tempo.

Com maestria, Divaldo Franco iniciou afirmando que Jesus falava de um reino que se encontra dentro das criaturas e, assim, cada qual deverá mergulhar em si mesmo e buscar esse reino que faculta a evolução, o crescimento. As pessoas O buscavam para a solução dos problemas, sem se darem conta que cada um é o autor dos próprios problemas e que é possível avançar a medida que o indivíduo se ilumina.

Citando os estudos do professor, sociólogo e psiquiatra Mira y Lopez (1896-1964), o dedicado e eficiente orador discorreu sobre os quatro gigantes da alma – medo, ira e dever, no aspecto negativo, e o amor, de caráter positivo -, e as heranças primitivas, sempre presentes no inconsciente. De uma maneira geral, apraz aos indivíduos vivenciar um conflito, um sofrimento, isto é fruto da herança arquetípica, quando o instinto imperava em a criatura humana.

Adentrando-se pelos caminhos da reencarnação, Divaldo explicou que esta é uma oportunidade nova de poder compreender porque a vida apresenta certas situações, construindo a redentora reabilitação diante da vida. Outro ponto destacado, dando oportunidade a reflexões íntimas, o nobre conferencista discorreu sobre as dificuldades de relacionamentos, onde, muitos, desejam e insistem que o outro se renove, esquecendo-se, porém, que a renovação é pessoal, íntima, intransferível.

Finalizando o profícuo seminário, após dois dias de atividades intensas, o ilustre orador ainda conduziu os presentes em uma visualização terapêutica dirigida, facultando o mergulho, pelo pensamento, nas questões propostas, enriquecendo os presentes com harmonia e paz.

Em gratidão, o público, revigorado pelos excelentes ensinamentos, aplaudiu intensamente o Semeador de Estrelas. Após estes dias de intensa convivência fraterna, todos ficaram já pensando no próximo pentecostes, no ano vindouro, ao tempo em que se deliciavam ouvindo a bela música interpretada pelos talentosos Maurício Virgens, barítono, e Flávio Benedito, pianista, sensibilizando as almas ali presentes, despedindo-se, renovando votos de felicidades mútuas.

Em um derradeiro estímulo, Divaldo ainda afirmou: Vale a pena amar. E, recolhendo-se nas próprias instalações do G19, para refazer-se, o ínclito e amoroso Divaldo Franco foi preparar-se para o compromisso do dia seguinte.

A conferência derradeira Na segunda-feira, 5 de junho, Divaldo Franco voltou a falar em Zurique, dessa vez por meio de uma conferência pública, em que o tema foi Seja Feliz Sempre, contando de novo com o auxílio de sua tradutora para o alemão Edith Burkhard. O evento teve a apresentação dos jovens músicos Flávio Benedito e Maurício Virgens, brasileiros, que, mesmo residindo na Europa, contribuem tanto quanto podem, para cantar o amor, acompanhando o querido amigo, Divaldo Franco, um verdadeiro pai.

Logo no início da conferência, Dr. Juan Danilo Rodríguez, dedicado médico equatoriano, terapeuta holístico, agradeceu o carinho e a acolhida que recebeu, afirmando que a felicidade se constrói através de pequenas ocorrências, de detalhes. A felicidade é o grande tesouro, tão buscado pelo homem.

Citando pensadores da antiguidade, Divaldo Franco, abordando o tema, disse que no período socrático os pensadores se questionavam sobre o real sentido da vida. A interrogação diz respeito à criatura humana, que se indaga sobre a existência da morte, haja vista que, de repente, tudo se acaba no nada. Qual a razão da dor?

Em breve síntese dos pensamentos filosóficos, esclareceu que Epicuro afirmava ser a felicidade sinônimo de prazer, que os esforços deveriam ser todos voltados para fruir o gozo. Se assim não é, a felicidade é para os que têm posses? Questionou Divaldo. Referindo-se, então, à doutrina da ética, da beleza, o Hedonismo, a possibilidade para se alcançar a felicidade através da posse. O pensamento filosófico, com base na doutrina Cínica, de Diógenes, propunha que a felicidade seria nada possuir, para não correr nenhum risco. Será, insistiu o querido orador, que a felicidade é não ter nada?

Promovendo uma melhor compreensão sobre a felicidade, o incansável seareiro discorreu sobre a doutrina Estoica, do filósofo Zenon de Cicio que assegurava ser a felicidade a ausência do sofrimento, até chegar no filósofo Sócrates, que, vendo a inscrição na entrada do templo de Delfos, conhece-te a ti mesmo, adotou esta proposta, tornando-se em exemplo para suportar todo tipo de perseguição, de injustiças. Sua ética é o autoconhecimento. Este é o caminho para a felicidade, sentenciou o orador, que dá condições ao indivíduo ser o mesmo em qualquer situação, seja ela positiva ou não.

Jesus, destacou, é o médico das almas, o maior psicoterapeuta da humanidade. Ele asseverou que A Felicidade não é deste mundo, pois a verdadeira felicidade não está na Terra. Todos podem atingir a plenitude, não, porém, neste estado horizontal, do tudo bem, sempre, mas quando o ser humano se dedicar ao crescimento vertical, buscando a angelitude, buscando Deus e o Seu Reino dentro de si mesmo.

A forma como se procede hoje, irá construir o amanhã. O Espiritismo confirma, por provas irrefutáveis, a realidade da reencarnação, e essa realidade demonstra que os indivíduos podem ser felizes hoje e sempre, basta ter um ideal, uma meta transcendente. Através da vivência deste ideal, que deve ser alcançado pela prática no bem, a criatura humana se encontrará com a felicidade.

Não fazer aos outros o que não gostaríamos que nos fizessem, esta é a meta. Amar o próximo é autoamar-se, a terapia que Jesus ensinou aos homens. A moderna filosofia recomenda que se viva intensamente o agora, que é toda hora, a atual, e a que virá. Temos tantos recursos, de diversas ordens, nem sempre valorizados, e com frequência somente compreendemos o valor destes recursos quando os perdemos.

Encerrando a conferência, Divaldo agradeceu o amor e o acolhimento com que foi honrado, recitando, com sentida emoção, o Poema da Gratidão, de Amélia Rodrigues.


Nota

As fotos desta reportagem são também de Ênio Medeiros, de Santa Cruz do Sul (RS). 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita