Mais uma de
Kardec...
Na Revista Espírita de março de 1860, com o título
"Cartas não assinadas", Allan Kardec informa aos
leitores que as cartas sem assinatura vão para o cesto,
ou seja, não são publicadas, não recebem respostas e
sequer são lidas.
Para o francês, ou informa quem é, ou nada feito, sem
meio termo. Assinala Kardec que em face dos inúmeros
preconceitos vigentes na época, e da dificuldade em
assumir posições, ele só publica os nomes dos remetentes
se for autorizado. Porém, para seu registro, é
fundamental as correspondências estarem assinadas.
Alguns indivíduos mais sensíveis com palavras tão
diretas podem pensar que Kardec fora mal-educado.
Nada disso. Ele fora apenas bem direto, sem rodeios. Era
o seu estilo, objetivo, rápido e sem tempo a
desperdiçar.
Recordo-me que, certa vez, conversava com um amigo, papo
ameno, no entanto, em dado momento ele me pediu licença
para encerrarmos a conversa, pois tinha de ler um livro.
Uma pessoa que presenciou o fato ficou muito incomodada
a julgar ser o amigo alguém insensível.
Vi a questão por um outro lado. Ele não fora insensível,
apenas queria otimizar o seu tempo.
Em suma, temos a tendência de perder tempo com
abobrinhas, jogando conversa fiada fora.
Uma fofoca aqui, um comentário bobo acolá, uma piadinha
mais adiante e, quando percebemos, lá se foram 30
minutos desperdiçados com bobagens.
Fique claro que não me refiro à conversa saudável com o
intuito de agregar valor a todos, mas ao papo-furado...
Em cada artigo de Kardec colhem-se preciosos
ensinamentos. Ele não tinha tempo a perder com quem não
se identificava.
Homens ocupados, sérios e dedicados não têm tempo para
perder com trotes ou abobrinhas do gênero e, por isso,
colocam regras e estabelecem métodos para trabalhar.
Com isso ganham tempo, eu diria que se vestem com roupa
de polvo e podem, então, abraçar as inúmeras atividades
que se dispuseram a realizar outrora... Mas para isso é
preciso disciplina e uma boa dose de bom senso, coisas
que sobravam em Kardec...