Entrevista
por Orson Peter Carrara

Ano 11 - N° 522 - 25 de Junho de 2017

Como ajudar a criança hospitalizada

Carlos Henrique Vernier (foto), espírita de infância, natural de Jaú e residente em Dois Córregos, ambos municípios paulistas, com formação em Psicologia, pós-graduação em Psico-Oncologia e cursando psicoterapia, é um dos voluntários do Centro Espírita Francisco Xavier dos Santos, de Mineiros do Tietê (SP), no qual responde pelo agendamento de palestras na instituição.

Tendo lançado o livro E o palhaço entrou no hospital – contribuições para a diminuição do estresse na criança hospitalizada, ele nos fala nesta entrevista sobre essa experiência.
   

De onde surgiu seu interesse pela Psicologia?

Sempre tive um amor muito grande pelo ser humano, quis conhecer suas mazelas, angústias, e sempre tive vontade de ajudar as pessoas em resolver os seus conflitos pessoais. Quando na adolescência eu me sentia como quem mais ajudava meus amigos, familiares com aconselhamento, orientação. Mas a certeza de que cursaria Psicologia foi quando estava no curso pré-vestibular. Antes tinha vontade de fazer direito ou medicina, para atuar como legista.

Hoje atuo como Psicólogo Clínico em consultório particular, ministro palestras-show sobre autoestima e autoconhecimento em escolas estaduais, particulares e municipais da região. E atuo também como voluntário em uma Escola Estadual e da ONG Elo Solidário de Bauru-SP.

Como você atrelou isso ao interesse pela prática do "palhaço no hospital"?

Meu interesse pela prática do palhaço hospitalar foi ainda na adolescência, creio que tinha aproximadamente 16 anos, quando assisti ao filme “Patch Adams - O amor é contagioso”. Tive um despertar e um interesse muito grande por esse trabalho. Ainda na adolescência realizava visitas a creches junto com a mocidade espírita de Dois Córregos. Fazia algumas visitas sozinho a asilos. Porém me recordo que desde criança frequentava as festividades de asilos, com família e amigos.

Logo após assistir ao filme do Patch Adams, tive interesse em me aprofundar mais, e assim fui descobrir o médico por trás do filme, adquiri seus livros e tive a oportunidade de comunicar-me com ele por alguns anos e conhecê-lo pessoalmente quando veio ao Brasil.

Sempre tive uma grande paixão por mágica desde meus 11 anos, a qual é uma das artes que prevalece em minhas atuações como palhaço no hospital. Sempre conhecido como “Palhaço Mágico”.

Fiz um curso de capacitação em Palhaço Hospitalar, em Pardinho, com o grande amigo Arlindo Maciel Jr. e Geraldo Alexandrino, que fundaram a ONG Cuestalhaços. Fiz parte da 1ª turma. Esse curso deu-me uma base muito sólida para minhas atuações como Palhaço no Projeto Alegria, de Bauru, em que fiquei aproximadamente por 5 ou 6 anos, durante a época da faculdade. Logo após um ano de formado, voltei para Dois Córregos, onde tive vontade de formar um grupo. Em setembro de 2013 (se não me engano), ministrei o Curso de Capacitação e Formação em Palhaço Hospitalar, com o que aprendi com os amigos Arlindo e Geraldo, ampliado com os conhecimentos e vivências que adquiri na faculdade de Psicologia e principalmente na vivência em hospitais.

Tive como fonte de inspiração os amigos Carlos Hisldorf, Patrícia F. Antunes, Átila e Rosi, e também com meus ídolos de infância, como os Trapalhões, Os Três Patetas, Chaves, Chapolim e o grande Palhaço Arrelia, um ser que levava muito amor e alegria por onde passava.

O livro é resultado dessas experiências? Qual o principal conteúdo da obra?

Sim, o livro possui embasamento científico da contribuição do lúdico para a diminuição do estresse da criança hospitalizada. Encontram-se nele informações de como realizar trabalhos voltados para o palhaço hospitalar, alguns conteúdos que aprendi com Arlindo e Geraldo, orientações sobre o que se pode e não se pode fazer em uma visita, dicas de atuações e experiências particulares e de outros colegas palhaços, com participação especial do ator Breno Moroni, com sua vasta contribuição ao universo do palhaço. Dicas de filmes, livros, muitas informações para todos aqueles que atuam na área da saúde, e todos que se interessarem pelo tema.

Como surgiu a ideia de publicar o livro?

Surgiu ainda na faculdade, na disciplina de Métodos e Técnicas de Pesquisa. Foi um trabalho de longos anos de vivências e pesquisas, e sempre tive a vontade de compartilhar esse trabalho para que as pessoas utilizem como fonte de inspiração para realizarem trabalhos voluntários, não somente na área hospitalar como palhaços, e sim em diversas áreas de atuações.

De suas lembranças com essa interação, o que mais lhe chama atenção?

Muitas lembranças positivas, relatos de pacientes e familiares pós-hospitalização. Lembro quando uma mulher ficou me encarando em um circular, e depois de algum tempo, perguntei a ela se acontecera algo... Ela apenas sorriu e disse: - Lembro quando você visitou meu filho quando estava internado há mais de 1 ano. Fiquei surpreso ao ser reconhecido, pois estava totalmente de cara limpa. Momentos em que os pacientes seguraram minhas mãos para tomar uma injeção... Ou ouvir de uma mãe: “Semana passada minha filha disse que sonhou com você fazendo mágica para ela, de tão significativo que foi”. Perdemos muitas crianças, mas sempre recordando delas com muito amor e carinho, pois nos ensinavam muito!   

Algo marcante que gostaria de relatar aos leitores?

Já relatei algumas ocasiões marcantes. Mas uma frase que sempre repito é: O hospital é uma verdadeira escola. Não percam a oportunidade de aprender. Aprenda com todas as pessoas, com muita humildade e amor no coração, e em hipótese alguma jamais desista de você!

Como adquirir a obra?

A obra pode ser adquirida a partir do dia 12 de Julho em Jaú (SP) no meu consultório: Rua Floriano Peixoto, 453 – Centro. Ou então, via internet, pela minha página profissional no facebook. Para acessá-la clique aqui

Você aceita convites para apresentações também? Quais os contatos?

Sim, realizo palestras-shows em escolas para adolescentes e pais, com temas relacionados a autoestima, autoconhecimento, perspectiva de vida e futuro, sempre levando as experiências tidas nos hospitais. Quem tiver interesse é só entrar em contato pelo celular (14) 99852-3798 ou pelo e-mail vernierch@gmail.com

Suas palavras finais.

Espero que meu livro seja fonte de inspiração para todos aqueles que desejam  aprofundar-se no trabalho do palhaço hospitalar ou pretendem iniciar-se em um trabalho voluntário. Finalizando, lembro aqui uma lição que nos deixou Waldemar Seyssel, nome verdadeiro do palhaço Arrelia: “Para ser um bom palhaço é preciso amar verdadeiramente as crianças... e EU AMO”.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita