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Divaldo Franco: “O caminho para a plenitude sempre será
o amor” |
Na noite de terça-feira, dia 6 de junho de 2017, após
ter sido recepcionado pelos amigos do Verein für
spiritistische Studien Allan Kardec - VAK/Viena no
entardecer da segunda-feira, Divaldo Franco realizou
conferência na sede da Sociedade Espírita que ele ajudou
a fundar.
Ainda no ano de 1989, no quarto do pequenino apartamento
do querido amigo Josef Jackulak, aconteceu a
primeira reunião espírita na Áustria após a II Guerra
Mundial, da qual participou um pequeno grupo de cinco
pessoas. Dessa modesta reunião se originou, mais tarde,
a fundação do VAK/Viena, que até hoje prossegue fiel aos
postulados da amada Doutrina Espírita e a Allan Kardec.
Divaldo falou sobre a temática das Vivências em
Família, contando com a eficiente tradução ao idioma
alemão de Edith Burkhard. De imediato, Divaldo
apresentou o amigo Dr. Juan Danilo Rodríguez,
médico equatoriano, que destacou a importância da
participação e convivência em sociedade e, referindo-se
à família, frisou ser ela um dos mais belos presentes
que Deus oferece aos seres humanos, sendo uma
oportunidade de redenção no caminho do amor.
Divaldo Franco fez uma retrospectiva histórica sobre a
família, termo originado do latim famulus, ou
seja, servo, referindo-se às famílias romanas, que se
caracterizavam pelo número de servidores que atendiam ao
clã. Porém, em uma análise contemporânea, pode-se
observar que a família possui, segundo sua natureza,
duas configurações: a biológica e a espiritual. A
família é a célula da sociedade e, em assim sendo,
quando a família adoece, a sociedade se desorganiza.
Apresentando dados sobre os estudos realizados pelo Dr. Rollo
May (1909-1994), teólogo e psicólogo dos Estados
Unidos da América, o lúcido orador explicou que a
violência urbana se tornou muito mais grave em razão da
dissolução dos costumes da família. Vivemos uma explosão
na busca da liberdade, os laços de respeito entre as
pessoas afrouxaram-se. A família de hoje é a da
libertinagem, caminhando para um momento onde a solidão
tomará conta da sociedade. As linhas básicas da educação
foram transferidas para a escola, os pais tentam
diminuir, a cada dia, a sua responsabilidade na formação
do caráter dos filhos, muito em razão de serem pais
ainda jovens, que se uniram mais por impulso do que por
amor. Esses jovens pais não suportam os desafios que uma
vida em família exige, dando surgimento aos filhos
órfãos de pais vivos.
A família é o laboratório sublime da sociedade. Nesse
núcleo, seus integrantes aprendem, através daqueles que
são "nossos", a amar aos que são "dos outros".
Temos hoje, asseverou o experiente orador, uma sociedade
culta, civilizada, rica de tecnologia e pobre de paz.
Cabe aos indivíduos o exercício que os leve a uma
mudança interior para melhor.
O Dr. Miguel Ruiz (1952-), descendente de uma
cultura indígena no México, com mais de 5.000 anos de
história, elaborou uma pequena síntese para uma vivência
saudável em sociedade:
1º - Ser impecável com a palavra.
2º - Nunca levar nada para o lado pessoal.
3º - Não tentar tirar conclusões apressadas.
4º - Dar sempre o melhor de si.
Utilizando-se de sua vastíssima experiência como
educador de almas, Divaldo penetrou nas intrincadas
questões da educação, com a firmeza semelhante aos
caminhos desvelados por Jesus, dos milhares de crianças
que passaram pela obra assistencial Mansão do Caminho,
explicitando como a Doutrina Espírita pode auxiliar na
grandiosa tarefa de educar, salientando, ainda, que a
grande divulgação do Espiritismo é a própria conduta dos
espíritas. A sociedade humana está cansada de palavras,
aguarda
por vivências, pela exemplificação através dos atos,
confirmando a teoria. “Não podemos falar em educação
sem falar em exemplo”, afirmou Divaldo Franco.
Encerrada a conferência, Divaldo ainda respondeu
diversas questões,
aprofundando alguns pontos, sempre com a alegria que lhe
habitual, oferecendo a simpatia e o sorriso aos que lhe
buscavam a atenção.
Encerramento do roteiro de luz
- Na noite de 8 de junho, quinta-feira, nas instalações
do Regina Hotel, no centro da bela Viena, foi onde se
deu o encerramento do que podemos denominar um
roteiro de luz.
Estava, pois, sendo concluída mais
uma grande jornada de divulgação da Doutrina Espírita no
Velho Mundo. Ao longo dos últimos 30 dias, o incansável
orador percorreu 12 países e 22 cidades da Europa
levando-lhes sua palavra de estímulo, sua alegria de
viver, a renovação e a esperança a muitos corações
afetuosos e a todos que o ouviram. Somente os obstinados
possuem as fibras necessárias para realizar uma
atividade dessa magnitude. Foi um trabalho hercúleo,
levando os ensinamentos de Jesus Cristo aos famintos da
alma que todos somos.
Desenvolvendo o tema autoiluminação, atendendo ao
convite dos amigos do Verein für spiritistische
Studien Allan Kardec - VAK/Viena, e contando com o
valioso auxílio de Edith Burkhard, que verteu a
conferência para o idioma alemão, Divaldo Franco, com
seu verbo iluminado, sensibilizou os presentes,
tocando-lhes as suas fibras íntimas, falando-lhes ao
coração sobre a fundamental importância da transformação
interior.
Como habitualmente fez na jornada, Divaldo apresentou
seu amigo, que o acompanhou por todo o percurso, Dr. Juan
Danilo Rodríguez, médico, fundador de uma
instituição holística em Quito, no Equador, dedicada ao
tratamento e cura do autismo, e também fundador do
primeiro centro espírita do Equador. Dr. Juan fez
referência à sincronicidade e à Lei de Causa e Efeito,
segundo a qual cada indivíduo encontra-se no local e na
situação de que necessita para evoluir, referindo-se
especialmente àqueles que deixaram o país onde nasceram
para florescer em outras pátrias, buscando, todos, a
autoiluminação, o crescimento espiritual.
O trator de Deus, nas palavras de Chico Xavier,
Divaldo Franco, asseverou que a criatura humana
necessita alcançar a finalidade para qual veio à Terra,
isto é, a plenitude, o estado numinoso, o Reino dos
Céus. Esta é uma busca inevitável, uma vez que todos
marchamos na direção do progresso. Segundo o experiente
expositor, o progresso moral não atingiu, ainda, os
mesmos níveis do progresso intelectual, pois a
humanidade prossegue sob o jugo das paixões inferiores,
dos instintos agressivos e das necessidades imediatas do
ego.
O psicólogo e professor Mira y Lopez (1896-1964),
em seus estudos, concluiu que existem gigantes
devoradores de vidas. Assim, ele escreveu o livro Os
Quatro Gigantes da Alma, comprovando que esses
gigantes conduziram e ainda conduzem os homens às
paixões, afastando-os da plenitude. A solidão, a
ansiedade, o medo e o sexo tomaram conta do pensamento
humano. Outros pensadores apresentaram projetos de
autoajuda, em uma tentativa de buscar a própria paz.
Muito se tem feito em benefício da humanidade. No
Oriente, por exemplo, a prática da meditação, a
contemplação, as artes marciais são propostas para a
conquista da autoiluminação.
O Espiritismo, uma ciência filosófica e moral, veio a
lume em 1857, apresentando recursos para iluminar a
criatura humana. Descobriu-se que o grande problema do
homem é o próprio homem, que, atribuindo aos outros suas
culpas, se permite vitimizar, sem coragem para assumir a
realidade de sua fragilidade. O grande vazio que o ser
humano enfrenta é a falta de um sentido existencial,
vivendo sem um rumo norteador, sem objetivos.
Apresentando exemplos de pessoas estoicas, que não se
curvaram diante das negativas da vida e, sem desistir,
triunfaram, deixando um legado de ensinamentos, Divaldo
demonstrou ser possível alcançar a plenitude,
sentindo-se feliz onde e como se encontra a criatura
humana.
Com sua verve característica, Divaldo narrou, na
sequência, a bela Lenda da Calhandra, ou do Rouxinol,
história real vivida e atribuída a Ernestine
Schumann-Heink, famosa cantora de ópera, e Elizabeth
Gladich, a pequena violinista. Inspirado, o
incansável orador sensibilizou os ouvintes. A lenda é
um exemplo de amor à vida, de valorização da presença de
Deus no ser humano, assim destacou o Embaixador da Paz
no Mundo, afirmando que todos somos calhandras de
Deus, que a cada um de nós falou: Vai e faz a tua parte,
seja ela qual for. Assim, cantando as Glórias de Deus,
os indivíduos devem buscar a felicidade, construindo-se
no amor e plenificando-se.
O Espiritismo, afirmou o nobre orador, propõe a
autoiluminação através da caridade, por ser a mais nobre
autotransformação para melhor. A maior caridade é
transformar o coração, amando-se, para poder amar aos
outros. Espíritos nobres, interessados em nossa
plenitude, são atraídos e nos ajudam a compreender que
só estaremos realmente bem quando tudo ao nosso redor
estiver bem, salientou o venerando orador. A verdadeira
felicidade está na alegria de encontrar-se bem, fazendo
todo o bem possível. A maioria das pessoas deseja uma
felicidade sensorial, que cansa, enquanto uma felicidade
transcendental plenifica. Quando damos, repartimos o
amor, multiplicamos e nos plenificamos.
Concluindo a brilhante conferência, Divaldo deixou
algumas interrogações com o objetivo de estimular
reflexões:
- Qual é o ideal que você abraça?
- Qual o anseio que você possui para uma vida melhor?
- O que você está fazendo para o mundo melhorar?
Ao encerrar, deixando mais um estímulo, Divaldo Franco
propôs o desenvolvimento da fraternidade, do amor,
afinal o caminho para a plenitude sempre será o amor.
Após a conferência o querido expositor ainda respondeu a
vários questionamentos, apresentando respostas calcadas
em sua vasta experiência de vida, o que muito enriquece
os que o ouvem, pois a sua história se constitui em uma
longa existência dedicada ao amor, ao próximo e à
educação.
Para sua surpresa, os amigos locais o presentearam com
uma linda torta, alusiva ao seu 90º aniversário
transcorrido no último 5 de maio.
Todos saíram repletos
de alegria e felizes pela abençoada oportunidade de
estar na companhia desse querido amigo, um verdadeiro
apóstolo do Espiritismo.
Nota:
As fotos desta reportagem são também de Ênio Medeiros, de Santa Cruz do
Sul (RS).