A
espiritualidade
na assistência à
saúde será
sempre bem-vinda
Dra. Márcia Regina Colasante Salgado, pneumologista e também membro da
AME-Santos, discorre, em entrevista publicada nesta
edição, sobre a problemática da dimensão espiritual
aplicada ao tratamento médico e de outras abordagens que
beneficiam os pacientes. Abaixo seguem excertos
comentados.
“A atenção ao aspecto da espiritualidade vem crescendo e
se tornando imprescindível na prática de assistência à
saúde. Para os pacientes é fundamental serem abordados
como uma pessoa que está sofrendo e não como um
indivíduo sem face, com dor corporal, com um organismo
mal funcionante ou como um enfermo desumanizado. Desejam
ser vistos e tratados não somente em seu aspecto físico,
mas também em seus aspectos emocional, social e
espiritual.” (Márcia
Regina Colasante Salgado)
As habilidades emocional, social e espiritual podem
estar reunidas em um mesmo profissional, mas
desenvolvê-las plenamente dificilmente se torna
realizável em um mesmo indivíduo. Torna-se necessária
uma equipe multidisciplinar trabalhando em conjunto. Mas
o primeiro passo para essa abordagem é reconhecer que o
paciente é uma realidade multifacetada.
“É de destacar que há um número crescente de pesquisas
demonstrando que crenças e práticas
religiosas/espirituais são correlacionadas com melhor
saúde mental, qualidade de vida, melhor saúde física,
maior longevidade, e melhores resultados médicos.” (Márcia
Regina Colasante Salgado)
É a ciência que demonstra a complexidade do indivíduo
sob cuidados e mostra quais são os ganhos de uma
abordagem espiritualista, que traz singulares resultados
sobre a saúde. Embora seja uma realidade patente para os
espíritas, somente a pesquisa médica poderia legitimar
este conhecimento.
“Religião e espiritualidade têm sido associadas
positivamente a indicadores de bem-estar psicológico,
como satisfação com a vida, felicidade, afeto positivo e
moral elevado, melhor saúde física e mental. Observa-se
que o nível de envolvimento religioso tende a estar
inversamente relacionado à depressão, pensamentos e
comportamentos suicidas, uso e abuso de álcool e outras
drogas.” (Márcia
Regina Colasante Salgado)
Bem-estar psicológico, satisfação com a vida,
felicidade, afeto positivo, moral elevado, melhor saúde
física e mental – todos esses aspectos estão associados
à espiritualidade. A esperança, consequente da
espiritualidade, é o fenômeno que garante ao ser a
proteção das boas emoções.
“As crenças religiosas e/ou espirituais, na maior parte
dos casos, proveem esperança, conforto e significado,
especialmente diante da enfermidade que ameaça a vida.”
(Márcia
Regina Colasante Salgado)
A esperança sustenta o emocional sadio. O conforto dá
forças para enfrentar as adversidades da vida. E o
significado sustenta a compreensão, dá sentido à vida.
Todos esses ganhos sustentam nossas vidas. Somos
deparados com tantas dificuldades, com tantas
singularidades opressoras, que não é pouco contar com
esses valiosos recursos. A vida, como diz “Um Espírito
Amigo” em O Evangelho segundo o Espiritismo, se
compõe de mil nadas que são como alfinetadas que acabam
por ferir.
“A prática clínica, por si só, pode ser espiritual, se
admitirmos a natureza sagrada da pessoa, e provermos os
cuidados com respeito, gentileza e competência,
reconhecendo que, tanto quanto o médico, o paciente é um
ser humano, que precisa, acima de tudo, de atenção.” (Márcia
Regina Colasante Salgado)
Ao reconhecer a natureza sagrada da pessoa, ou seja, que
há uma centelha divina em nossos corações, a
espiritualidade é colocada em foco, e norteia toda a
clínica, mesmo que o terapeuta não acredite nisso,
embora saiba que funciona. Estimular o desenvolvimento
de aspectos espirituais no ser sob cuidados médicos
forma a base fundamental sobre a qual se erige a coluna
do padecer com forças para superar o desgosto da doença.
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