No crediário da vida
Deixa que a compaixão te aclare os olhos e lubrifique os
ouvidos, a fim de que possas ver e escutar em louvor do
bem.
Quantas vezes geramos complicações e agravamos
problemas, unicamente pelo fato de exigir dos outros
aquilo de santo ou de heroico que ainda não conseguimos
fazer!
À frente das incompreensões ou perturbações do
cotidiano, procuremos reagir como estimaríamos que os
demais reagissem, se as dificuldades fossem nossas.
A Terra está repleta dos que censuram e acusam.
Amparemo-nos mutuamente.
Às vezes, pronuncias palavras menos felizes, nas horas
de irritação ou desânimo, que apreciarias reaver a fim
de inutilizá-las, se isso fosse possível, e agradeces a
bondade do ouvinte que se dispõe a atirá-las no cesto do
esquecimento.
Por que não agir, de modo análogo, quando registras o
comentário de ordem negativa, partido de alguém, no
clima do desespero?
Nos atos injustos, nas decisões impensadas ou nos erros
que perpetramos, somos gratos à misericórdia daqueles
que nos acolhem com brandura e entendimento, extinguindo
no silêncio os resultados de nossas falhas
involuntárias.
Como não esposar norma idêntica, quando algum de nossos
irmãos escorrega na sombra?
Proclamamos a necessidade do progresso da alma,
afirmamos o impositivo de nosso próprio
aperfeiçoamento...
Iniciemos esse esforço meritório a favor de nós,
reconhecendo que os outros carregam provações e
fraquezas semelhantes às nossas, quando não sejam
problemas e obstáculos muito mais aflitivos.
Admiremos nossos companheiros quando se aplicarem ao bem
ou quando se harmonizarem com o bem; entretanto, sempre
que resvalarem no mal, busquemos tratá-los na base do
amor que declaramos cultivar com Jesus, de vez que todo
investimento de tolerância que fizermos hoje, em
benefício do próximo no crediário da vida, ser-nos-á
amanhã precioso depósito que poderemos sacar no socorro
àqueles a quem mais amamos, ou mesmo no auxílio a nós.
Do livro Alma e Coração, obra mediúnica
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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