José Benevides
Cavalcante
(foto),
nosso
entrevistado, é
muito conhecido
na seara
espírita
nacional pela
qualidade de
seus trabalhos
doutrinários de
divulgação
espírita.
Espírita desde
1963, nasceu e
reside em Garça
(SP), onde com
valorosa equipe
mantém no ar, há
45 anos, um
importante
programa
espírita.
Pedagogo,
professor na
área de ciências
e matemática,
advogado,
diretor de
escola,
supervisor e
delegado de
ensino,
vincula-se ao
Centro Espírita
Caminho de
Damasco, na
cidade onde
reside, do qual
exerce a função
de secretário.
Nesta entrevista ele nos fala sobre sua experiência na
divulgação espírita pelo rádio.
Quando e como surgiu o programa radiofônico “Momento
Espírita”?
O programa “Momento Espírita” estreou no rádio num
domingo, às 11 e meia da manhã, no dia 02/07/1972, há 45
anos, na antiga Rádio Clube de Garça, na época com
apenas 15 minutos de duração. Era mais uma ação que o
Centro Espírita Caminho de Damasco começava a
desenvolver para a divulgação da doutrina. “Momento
Espírita” é um dos programas mais antigos de toda a
região de Marília e um dos programas espíritas mais
antigos do Brasil.
Ele é semanal? qual o tempo de duração?
O programa sempre foi semanal e no mesmo dia e horário.
Há 26 anos, porém, ele passou a ser transmitido pela
Rádio Universitária AM, 1060 khz, e tem hoje uma duração
de cerca de 40 minutos, sendo transmitido também via
internet (www.uniradio.com.br), podendo ser sintonizado
em qualquer parte do mundo. Já recebemos telefonemas
e/ou mensagens de vários pontos do Brasil e até do
exterior de ouvintes que estavam acompanhando o
programa.
Qual o perfil da programação?
A parte central do programa é de perguntas e respostas
dos ouvintes. O ouvinte telefona para Momento Espírita
durante sua apresentação (por telefone fixo ou celular)
ou, então, passa um e-mail ou uma mensagem por Whatsapp,
neste ou em outro momento, e tem o direito de concorrer
a um livro espírita que é sorteado ao final de cada
edição. As perguntas são respondidas no domingo
seguinte, pois as respostas são dadas após pesquisa.
Quando há urgência, a resposta é dada por telefone pelo
atendente, quase sempre eu próprio, mas o assunto volta
a ser tratado na próxima edição. Além desse segmento de
perguntas e respostas, há duas crônicas, uma página da
Biblioteca Batuíra do C.E. Caminho de Damasco, uma
página do Lar Meimei (atendimento a famílias) e uma
página do Clube do Livro, apresentados por vários
locutores. Ao todo, contando com o técnico de som, a
equipe de Momento Espírita é composta de 10 (dez)
pessoas.
O espaço é cedido ou pago? Durante todos esses anos
nunca houve alguma interrupção?
O programa nunca sofreu interrupção nestes 45 anos de
apresentação, apresentando-se mais de 2.200 vezes. Ele é
redigido com antecedência e levado aos apresentadores,
aproveitando-se o máximo do tempo disponível. Uma das
preocupações é manter sua qualidade, através de uma
linguagem correta, clara e objetiva, fazendo com que a
informação espírita seja um veículo seguro de
transmissão dos princípios da Doutrina Espírita
codificada por Allan Kardec. O espaço, na verdade, é
negociado, mediante troca de serviços, mas a direção da
emissora sempre demonstrou um carinho especial pelo
programa.
Como é feita a pauta? Qual o principal critério da
temática de cada programa?
Como dissemos, o programa é redigido com antecedência e
são as perguntas dos ouvintes que direcionam a temática
de cada edição. Desse modo, embora predomine um tema em
cada apresentação, os assuntos podem ser variados,
dependendo das perguntas. Há vinhetas gravadas para a
abertura, intervalos entre um segmento e outro e
encerramento. Cada edição tem o seguinte perfil: a)
abertura com o anúncio dos temas que vão ser tratados;
b) crônica sobre um tema atual, ligado à ciência ou
filosofia; c) perguntas dos ouvintes (3 ou 4 perguntas);
d) crônica sobre um tema doutrinário; e) momento próprio
para o Clube do Livro ou Lar Meimei; d) momento para a
divulgação da biblioteca espírita; e) notícias dos
eventos espíritas, inclusive da USE; f) mensagem com
Chico Xavier; g) encerramento.
O programa é ao vivo? E o que mais lhe chamou a atenção
nesses anos todos?
O programa é sempre ao vivo. Como são dez na equipe, ele
nunca deixa de ir ao ar por falta de apresentadores. Com
certeza é o programa de maior número de apresentadores
da emissora. Vários já desencarnaram ao longo desses 45
anos. Há vozes masculinas e femininas. O que mais no
chama a atenção é o grande alcance do programa, pois,
além dos telefonemas (uma média 10 a 12 por domingo),
sempre ficamos sabendo da existência de novos ouvintes,
deixando claro que a maioria não é espírita ou nunca
frequentou um ambiente espírita. No centro e
particularmente na biblioteca do centro, somos
procurados por pessoas que chegam ao Espiritismo através
do programa. Temos uma biblioteca muito bem organizada
com um acervo de mais de 6 mil exemplares e isso também
ajuda-nos muito na divulgação e no programa, tanto assim
que a biblioteca tem um espaço especial em cada edição.
Cite, se puder, pelo menos dois fatos marcantes.
Um fato interessante ocorreu com uma senhora de mais de
70 anos que ligava todo domingo para o programa,
dizendo-se muito beneficiada por suas mensagens de
esclarecimento e reconforto. No entanto, como pertencia
a uma família tradicionalmente católica, ela não podia
concordar com a reencarnação; preferia acreditar na
ressurreição. Dizíamos que ela não se preocupasse com
isso, que continuasse a ouvir o programa e aproveitasse
a parte que mais a ajudava. Passados vários anos – não
sabemos dizer quantos – um dia, quando chegamos à rádio,
essa senhora estava lá nos esperando e nos abraçou a
todos comovidamente. Ela vinha dizer que agora tinha se
convencido da reencarnação e queria dar essa notícia
pessoalmente, aproveitando para nos conhecer. Algum
tempo depois essa senhora desencarnou.
Um outro fato deu-se com um ouvinte de Marília, que
também sempre ligava para o programa. Um dia, ele fez
uma pergunta sobre a possibilidade de um caso de
reencarnação na sua família e queria a nossa opinião a
respeito. Conversamos alguns minutos e, por fim, lhe
perguntamos que centro espírita frequentava naquela
cidade; afinal já nos conhecíamos bem por telefone e
sentíamos que ele tinha um razoável conhecimento da
doutrina. Para nossa surpresa, ele respondeu que era
evangélico, mas que acreditava na reencarnação; e, mais
ainda, que na sua igreja vários companheiros também
acreditavam na reencarnação e alguns ouviam o programa.
Diante disso, ficamos pensando na afirmação de Kardec,
quando disse que as ideias espíritas se propagariam
naturalmente, pois se infiltrariam se forma sutil e
silenciosa.
Em suas considerações finais, pedimos que nos diga o que
pensa a respeito da divulgação espírita por meio do
rádio?
Necessária e sempre oportuna. Quando Cairbar Schutel
inaugurou o programa espírita radiofônico, na década de
1930, pela Rádio Cultura de Araraquara, ele estava
considerando a necessidade de levarmos o Espiritismo
para fora do centro, para alcançar o grosso da população
que, por inúmeros motivos, já se coloca longe do
ambiente espírita. Por essa razão, precisamos investir
na divulgação da doutrina à comunidade, seja pelo rádio,
pela televisão, pela internet e pelos eventos que os
espíritas devem promover fora do centro para mostrar
quanto o Espiritismo tem a contribuir para o bem-estar
da sociedade e para o futuro espiritual do homem.