Cuidado com sua
língua... e com
o teclado
também...
Vivemos atualmente tempos de julgamentos dos mais
severos. Dirão alguns que já fomos piores, já julgamos
mais e com mais severidade, o que quer dizer: estamos
melhorando.
Penso, todavia, que a ideia de que já fomos piores
faz-nos marcar passo na senda evolutiva porque é um
convite à acomodação. Ora, se estamos melhores hoje, não
há razão para preocupações ou esforço para melhorar
ainda mais.
Estamos melhores e isto é o que importa. Contudo, não é
bem assim...
Mas, vamos em frente...
Com o avanço da tecnologia e a chegada das redes sociais
na vida do cidadão, as opiniões sobre os mais diversos
assuntos deixaram o local restrito dos churrascos em
família para ganharem o mundo.
Hoje todo mundo sabe de tudo. Se o Juca do Brasil gosta
de azul, o Ronaldovski da Rússia sabe disto.
Se o príncipe do Castelo Rintintim almoçou caviar, o
Josué da Albânia está sabendo.
Atualmente poucos são os homens discretos neste mundo
que conseguem não opinar sobre tudo, ou, então, não
postar uma selfie quando está no restaurante com a
família.
E, naturalmente, além das opiniões, os julgamentos
também são proferidos na mesma velocidade e intensidade.
Hoje todos colocaram a toga a julgar o comportamento
alheio sem qualquer constrangimento. A pretexto de
liberdade de expressão, sentenças são dadas e reputações
execradas. Interessante notar: a maioria dos que se
arvoram a juízes denomina-se cristãos.
Esquecem, provavelmente, a máxima expressada por Jesus
há dois mil anos e anotada por Mateus:
“Não julgueis, pois, para não serdes julgados; porque
com o juízo que julgardes os outros, sereis julgados; e
com a medida com que medirdes, vos medirão também a
vós”. (Mateus, VII: 1-2)
Allan Kardec vai no mesmo tom de Jesus ao estabelecer a
escala espírita e informar que apenas os Espíritos
prudentes, isto já na terceira classe, é que podem
fornecer um julgamento mais preciso dos homens e das
coisas.
Quando estudamos o tema – Escala Espírita -
compreendemos que ainda somos Espíritos que pertencem à
categoria de imperfeitos. Logo, nossos julgamentos não
têm base sólida, porquanto ainda estamos muito apegados
aos preconceitos da Terra e, além disto, falta-nos
capacidade intelectual e distanciamento emocional para
julgar os homens e as coisas.
Vale a reflexão:
Quantas vezes nos equivocamos em relação às pessoas?
Quantas vezes já nos pegamos tendo de reconhecer nossa
precipitação ao afirmar que fulano é assim ou assado?
As lições de Jesus sobre o julgamento e o trabalho de
Kardec na escala espírita são importantes para darem um
norte de nossa real condição e, assim, não nos
comprometermos pela língua ou o teclado.
Aliás, se antes o homem tinha de tomar cuidado com sua
língua, hoje também deve fazer o mesmo com seu teclado.
Coisas da evolução, coisas da evolução...