Sexo e Obsessão
(Parte 47)
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial do
livro Sexo e Obsessão, obra de autoria de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco
e publicada originalmente em 2002.
Questões
preliminares
A.
Por que Dilermando considera paradoxal o comportamento
de certos espíritas?
Ele empregou a palavra
paradoxal com o significado de algo ilógico. No
Movimento Espírita há, segundo ele, indivíduos
intolerantes em excesso, acusadores impiedosos e
maledicentes contumazes que vivem sempre atormentados
pelo mau humor, embora divulguem a Doutrina da
felicidade e da alegria de viver. “É paradoxal que assim
se comportem”, diz Dilermando. “Não é, portanto, de
estranhar que estejam sempre assessorados
espiritualmente por Entidades vulgares.”
(Sexo e Obsessão, capítulo
24: Despedidas.)
B. É verdade que o conhecimento espírita aumenta a
responsabilidade da pessoa?
Sim. Segundo Manoel
Philomeno, o conhecimento do Espiritismo aumenta a
responsabilidade da pessoa, porque lhe dá os
instrumentos hábeis para a transformação íntima para
melhor, demonstrando-lhe a continuidade da vida após a
morte física e os resultados que advêm da conduta
mantida antes da desencarnação. Mas não basta saber,
torna-se imprescindível aplicar de maneira útil o
conhecimento que possa auxiliar ele próprio e o
progresso da sociedade.
(Sexo e Obsessão, capítulo
24: Despedidas.)
C. Terão os trabalhadores e dirigentes espíritas atuado,
em existências pretéritas, no seio da Igreja de Roma?
Manoel Philomeno diz que
sim. Eis suas palavras: “Também penso que a maioria de
nós, os espíritas, encarnados ou desencarnados,
transitamos tanto pela Igreja de Roma como por aquelas
que se originaram na Reforma Luterana, nas quais
deveríamos dignificar a mensagem de Jesus, havendo agido
de maneira totalmente contrária. Utilizamo-nos da
expansão da fé católica, assim como da protestante, para
impor as nossas paixões pessoais e perseguir aqueles que
tinham o direito e a liberdade de pensar diferente,
acusando-os de hereges ou de adversários da fé, apenas
para conseguirmos mais poder, que o túmulo consumiu”.
(Sexo e
Obsessão, capítulo 24: Despedidas.)
Texto para leitura
238. Repetimos
os mesmos erros do passado – Prosseguindo,
Dilermando, em sua referência aos espiritistas, disse:
"Ainda equivocados, vivendo o ressumar de memórias do
passado, após o deslumbramento inicial com a lição
espírita que buscaram assimilar, vêm tentando repetir os
mesmos descalabros do pretérito, encarcerando-a em
fórmulas e em métodos pessoais, a fim de se manterem
acima dos demais, ou fazem-se intolerantes, exigentes,
críticos contumazes uns dos outros, tornando-se, nas
Sociedades Espíritas que dirigem, verdadeiros e
arbitrários donos das Instituições, que pretendem
sobrepor às demais, como ocorreu nas antigas Paróquias
em que se comprometeram... Inevitavelmente, aqueles que
lhes foram vítimas e que os não perdoaram, inspiram-nos
à repetição da insensatez, tentam afastá-los do culto do
dever, e quando são abnegados, insistindo no bem
proceder e no desincumbir-se com fidelidade dos
compromissos, agridem-nos, perseguem-nos, tentam
obsidiá-los, gerando clima insustentável à sua volta”.
(Sexo e
Obsessão, capítulo 24: Despedidas.)
239. Paradoxal o
comportamento de certos espíritas – Dilermando
aquietou-se um pouco, repassou o olhar pela sala onde já
se encontravam alguns convidados do irmão Anacleto, e
prosseguiu: “Não me cabe julgamento pejorativo ou
depreciativo, mas uma análise em torno do que venho
observando em determinados arraiais do Movimento
Espírita, quando alguns amigos que deveriam pautar a
conduta pela cordura e bondade, pelo devotamento e pela
fraternidade, se afastam dessas diretrizes para se
tornarem verdadeiros déspotas em relação àqueles que
exigem se lhes submetam, ou opinam com ênfase de donos
da verdade, exigindo sempre direitos e licenças que
negam aos demais. São intolerantes em excesso,
acusadores impiedosos, maledicentes contumazes e vivem
sempre atormentados pelo mau humor, nesse estado
emocional, não obstante divulgando a Doutrina da
felicidade e da alegria de viver. É paradoxal que assim
se comportem. Não é, portanto, de estranhar que estejam
sempre assessorados espiritualmente por Entidades
vulgares – pois que se recusam ao conforto da oração,
que consideram equipamento dispensável – perversas umas
e vingadoras outras, com as quais sintonizam – já que
não participam das atividades mediúnicas, que consideram
ultrapassadas, e quando o fazem estão ainda buscando o
que denominam como fatos de laboratório – tornando-se
títeres das suas manobras infelizes”.
(Sexo e Obsessão, capítulo
24: Despedidas.)
240. Judiciosas
observações de Dilermando – Concluindo suas
observações, Dilermando acrescentou: "Normalmente
compadeço-me desses companheiros que permanecem
equivocados, divulgando as notícias do Mundo espiritual,
em que parecem não acreditar, já que se comportam de
maneira inadequada em torno da imortalidade da alma e da
justiça das reencarnações. É como se ignorassem que irão
despertar com o patrimônio acumulado e as conquistas
realizadas, não se podendo furtar à presença da
consciência que, então desperta, apresentará os fatos de
maneira vigorosa, exigindo reparação, nesse momento
impossível, abrindo espaço para a consciência de culpa,
suplicando retorno à Terra imediatamente, o que já não
será tão fácil de conseguir... Invariavelmente oro por
esses amigos e confrades, tentando, não poucas vezes,
despertá-los para a realidade que o Espiritismo lhes
apresenta e convidando-os à renovação íntima, à
humildade, à caridade, à misericórdia em relação ao seu
próximo. A desencarnação desses irmãos é sempre
dolorosa, porque, em muitas ocasiões, dão-se conta da
ocorrência e gostariam de mudar, não havendo mais tempo
para consegui-lo. Que lhe parece?"
(Sexo e Obsessão, capítulo
24: Despedidas.)
241. O conhecimento
aumenta a responsabilidade – Convidado diretamente
ao assunto, Manoel Philomeno anuiu ao pensamento do
querido amigo, dizendo-lhe: “Não há muito, publicamos um
livro (*) abordando um tema equivalente, em
torno da desencarnação de alguns espíritas que não
estavam preparados para o retorno. O conhecimento do
Espiritismo aumenta a responsabilidade do indivíduo,
porque dá-lhe os instrumentos hábeis para a
transformação íntima para melhor, demonstrando-lhe a
continuidade da vida após a morte física e os resultados
que advêm da conduta mantida antes da desencarnação.
Dessa maneira, a Doutrina tem por meta libertar o ser
humano da ignorância e do mal, abrindo espaços para a
instalação do bem e do conhecimento que felicita, ao
tempo que impulsiona à ação dignificadora, através da
qual é possível a paz com a própria consciência. Não
basta saber, torna-se imprescindível aplicar de maneira
útil o conhecimento que possa auxiliar ele próprio e o
progresso da sociedade”.
(Sexo e Obsessão, capítulo
24: Despedidas.)
242. Nossa passagem
pela Igreja de Roma – Philomeno reflexionou um
pouco, arrematando ideias, e continuou: “Também penso
que a maioria de nós, os espíritas, encarnados ou
desencarnados, transitamos tanto pela Igreja de Roma
como por aquelas que se originaram na Reforma Luterana,
nas quais deveríamos dignificar a mensagem de Jesus,
havendo agido de maneira totalmente contrária.
Utilizamo-nos da expansão da fé católica, assim como da
protestante, para impor as nossas paixões pessoais e
perseguir aqueles que tinham o direito e a liberdade de
pensar diferente, acusando-os de hereges ou de
adversários da fé, apenas para conseguirmos mais poder,
que o túmulo consumiu. Não pequeno número de Espíritos,
ao inverso, ali encontraram a oportunidade de
crescimento e de iluminação, deixando marcas sublimes na
História, vivendo incomparáveis lições de beleza,
renúncia e amor, com que conquistaram a Humanidade.
Aqueles que tombaram nos delitos foram vítimas de si
mesmos, das suas arbitrárias posturas e falácias que os
enovelaram ao despotismo e à loucura que projetaram para
o seu futuro espiritual efeitos dolorosos que hoje
carpimos e sofremos, embora desejando realmente servir e
acertar. Acredito também, que os companheiros mais
empedernidos e exigentes, ainda enganados quanto à
função do Espiritismo, que tem por meta prioritária
iluminar aquele que lhe adere às proposituras, antes que
cuidar de salvar os outros, são fracassados religiosos
que se destacaram na Cúria ou na paróquia, no templo de
fé que dirigiram e retornam com a ilusão de que ainda se
encontram dominando as mesmas. Somente o tempo, esse
trabalhador infatigável, para fazê-los despertar sob os
camartelos do sofrimento purificador que a todos nos
alcança”. (Sexo
e Obsessão, capítulo 24: Despedidas.)
243. O ônus de ser
espírita – No silêncio, que se fez natural,
Philomeno começou a repassar mentalmente a recente
experiência terrena, quando, militando no Movimento
Espírita, pôde vivenciar as observações apresentadas
pelo caro Dilermando. Aqueles eram dias heroicos, que
ele denominou os dias das catacumbas, quando a adoção da
Doutrina constituía um verdadeiro desafio às denominadas
regras da sociedade, devendo-se pagar um alto preço de
renúncia, de silêncio e de abnegação... Mesmo naqueles
já distantes dias, em número reduzido que eles eram, ao
invés de uma legítima união grassavam entre eles o
escalracho destruidor e perigoso, as suspeitas e
acusações infundadas, exigindo serenidade e amor em
relação aos irmãos invigilantes. É o ônus que o ser
humano paga pela honra de abraçar ideais de
enobrecimento e de dignificação espiritual. Hoje,
mudaram, sim, os tempos, já não se sofrendo pública
discriminação nem perseguição ostensiva, quando se
abraça o Espiritismo, no entanto prosseguem os mesmos
desafios e torna-se indispensável a contribuição do
testemunho, da fidelidade, por parte daqueles que,
tocados pelo Espírito do Cristo e fascinados pela
mensagem espírita, adotam a fé racional e pura que os
comove e arrebata. Ainda, durante muito tempo, serão
necessários os exemplos de coragem e de abnegação em
todos os segmentos sociais e áreas do pensamento, por
parte dos heróis e dos idealistas, para que as mensagens
nobres se implantem nos corações humanos e transformem a
sociedade que necessita de diretriz e de segurança para
alcançar o objetivo da harmonia e do equilíbrio, da
justiça e da paz.
(Sexo e Obsessão, capítulo
24: Despedidas.)
(Continua no próximo
número.)
* Tormentos da Obsessão, obra
psicografada pelo médium Divaldo P Franco, 1ª ed. 2001.
Livraria Espírita Alvorada Editora.
|