Nascido em Vila
Tipi, distrito
de Aurora
(CE), Samuel
Nunes Magalhães (foto)
reside em
Brasília (DF)
desde janeiro de
2009. Com
formação em
Ciências
Contábeis,
durante mais de
vinte anos foi
professor,
lecionando
matemática,
física, economia
e contabilidade.
Hoje é
funcionário
aposentado do
Banco do Brasil.
Espírita desde
1982, atualmente
está vinculado à
Federação
Espírita
Brasileira, em
que colabora nos
serviços de
assistência
social, reuniões
mediúnicas,
palestras
públicas, área
de memória e
documentação,
além de
participar de
entrevistas em
programas da
FEBTV.
É autor dos
livros Charles
Richet, o
apóstolo da
Ciência e o
Espiritismo (FEB/2007); Histórias
da Vovó Amélia,
contos
infanto-juvenis
(mediúnico)
(IDE/2007); Anna
Prado, a mulher
que falava com
os mortos (FEB/2012)
e coautor do
livro Bezerra
de Menezes,
fatos e
documentos (Lachatre/2000),
bem como do
Anuário
Histórico
Espírita,
Madras/2003; Anuário
Histórico
Espírita,
Madras/2004 e o Anuário
Histórico
Espírita,
EME/2006.
Quanto a
instituições
espíritas,
fundou o Centro
Espírita
Francisco de
Assis, Barro
(CE), em 4 de
outubro de 1987;
o Grupo Espírita
os Cireneus do
Caminho,
Fortaleza (CE),
em 1995; o
Centro de
Documentação
Espírita do
Amazonas, Manaus
(AM), em 2002, e
o Centro de
Documentação
Espírita do
Pernambuco,
Recife (PE), em
2004, e,
juntamente com a
Federação
Espírita
Amazonense
reorganizou o
Grupo Espírita
Amor e Caridade,
em Parintins
(AM), em 2004,
casa fundada em
1907 e
desativada no
curso da
terceira década
do século
passado.
Fale-nos sobre sua atuação espírita e sobre o escritor
Samuel. E comente, por favor, sobre suas obras.
Logo que li as primeiras obras espíritas – O
Evangelho segundo o Espiritismo e O Livro dos
Espíritos – comecei a colaborar com as tarefas da
casa espírita à qual me achava vinculado, ainda no
primeiro mês após o meu contato inicial com a Doutrina
Espírita. Desde então, sem interrupção, tenho
permanecido ativo nas tarefas de estudo, da mediunidade,
da assistência social, da difusão doutrinária, da
administração e, depois, dos trabalhos relativos à
memória do Espiritismo. Quanto ao trabalho de escritor,
iniciei essas atividades em 1999, quando, com outros
companheiros, pesquisamos sobre a vida do Dr. Bezerra de
Menezes, escrevendo com eles o livro Bezerra de
Menezes, fatos e documentos, publicado pela editora
Lachatre, em 2000, comemorando o centenário de
desencarnação do Médico dos Pobres.
Depois desse primeiro trabalho, para o qual fui
convidado pelo companheiro Luciano Klein, historiógrafo
e escritor, surgiram os trabalhos que escrevemos sobre a
história do Espiritismo no Amazonas, Espiritismo no
Pernambuco e os livros acerca da vida e obra de Charles
Richet e Anna Prado.
O propósito com essas publicações tem sido, até agora,
dar publicidade às nossas pesquisas em torno da História
do Espiritismo, estimulando outros companheiros que
desejem enveredar por esse caminho ainda tão pouco
visitado pelos estudiosos espíritas.
O que motivou a publicação dos livros "Anna Prado, a
mulher que falava com os mortos” e “Charles
Richet, o apóstolo da Ciência e o Espiritismo”?
Ao pesquisarmos sobre a vida de Charles Richet, o que se
deu quase que por acaso, ficamos entusiasmados com a
grandeza dessa personalidade. Nobel de Medicina e
Fisiologia, muito contribuiu para a comprovação dos
fenômenos espíritas, mostrando-se profundamente
altruísta, bondoso, um verdadeiro homem de bem. O
Luciano Klein do Ceará, e o Eduardo Carvalho Monteiro de
São Paulo, tomando conhecimento dos sucessos de nossas
pesquisas, sugeriram que escrevêssemos sobre o grande
cientista francês e pai da Metapsíquica.
Sobre o livro acerca da Anna Prado, quando estávamos no
Amazonas tivemos a oportunidade de investigar a vida da
grande médium de O Trabalho dos Mortos, escrito
pelo Dr. Nogueira de Farias. Assim, debruçamos sobre
essa pesquisa e a produção de textos da obra, o que nos
consumiu oito anos, dada a dificuldade de encontrar
referências biográficas sobre a médium, bem como,
localizar fotos, documentos cartorários, como, por
exemplo, as certidões de nascimento de seus filhos e as
suas certidões de casamento e de óbito.
De modo que, nos dois casos, o que nos motivou na
elaboração dessas obras foi a grande importância, a
nosso ver, dessas duas personalidades, para a história
do Espiritismo.
Qual a grande contribuição das obras para a Doutrina
Espírita?
O resgate de parte da história do Espiritismo,
importante para a compreensão da fenomenologia espírita
e conhecimento das lutas de alguns daqueles que lhe
foram pioneiros.
Que método foi utilizado e quanto tempo levou na
elaboração literária?
Como são obras de cunho histórico-doutrinário, a
primeira fase de suas construções foi a pesquisa
histórica – lenta, custosa e demorada, pela escassez de
fontes disponíveis e confiáveis – seguida da
planificação das matérias recolhidas nas pesquisas e da
elaboração dos textos, também demorada, quando desejamos
oferecer a melhor redação que sejamos capazes de
produzir.
A forma literária escolhida foi a romanceada, para
tornar as obras mais atrativas, visto que muitas pessoas
acham enfadonhos os livros biográficos. Explorando
sempre outros aspectos: como conceitos doutrinários,
questões da época em que esses eventos se deram, e, no
caso do Richet, assuntos variados, já que o notável
francês transitou em vários segmentos do conhecimento
humano, desde a medicina à aviação, passando pela
literatura e os movimentos pacifistas.
Foi influenciado pela prática de alguma instituição ou
sua iniciativa foi particular?
Referente à pesquisa histórica, como já o dissemos,
fomos influenciados pelos queridos amigos Luciano Klein
e Eduardo Carvalho Monteiro. No que diz respeito à forma
literária não fomos influenciados diretamente por
ninguém, conscientemente, tendo, inclusive, ficado sob
grande expectativa quando escrevemos o Charles
Richet, o Apóstolo da Ciência e o Espiritismo,
porque resolvemos adotar a forma romanceada, modelo não
usual nos trabalhos biográficos e menos ainda nos
trabalhos históricos. Mas, avaliamos, deu tudo certo. O
livro foi bem aceito, o que nos incentivou a prosseguir
nessa direção.
Como você vê a qualidade da literatura espírita no
momento atual?
Allan Kardec, quando indagado se devemos dar publicidade
a tudo que venha dos Espíritos, afirma que publicar
sem exame, ou sem correção, tudo quanto vem dessa fonte
seria dar prova de pouco discernimento. (Allan
Kardec, RE, nov/1959, FEB). Tomando como regra o
pensamento do Codificador, entendemos que a literatura
espírita deve em primeiro plano estar em perfeita
consonância com os princípios básicos contidos nas obras
básicas do Espiritismo; em segundo lugar, devemos primar
pelos textos, obedientes à ortografia corrente, pelos
estilos palatáveis, pela clareza de linguagem, e,
também, quando o autor o possua com naturalidade, aos
estilos elegantes, como Allan Kardec, Léon Denis,
Emmanuel, Joanna de Ângelis.
Dessa forma, temos boa e má literatura, restando aos
espíritas o dever de buscar instrução nas obras da
Codificação para ajuizar sobre o que é e o que não é
Espiritismo, e enriquecerem-se intelectualmente para
saber identificar a boa literatura.
Dada a impropriedade de qualquer ovo Index Librorum Prohibitorum,
temos apenas a lamentar a má literatura que se tem
produzido em nome do Espiritismo, aguardando novos dias,
quando o esclarecimento – doutrinário e literário –
houver banido essas expressões que mais dificultam do
que contribuem para difusão da Terceira Revelação.
Quais as principais dificuldades a superar?
Conscientizar os espíritas de que devem estudar para
discernir, pois não podemos impedir que qualquer pessoa
publique o que mais lhe convenha, mesmo que usando
indevidamente o nome do Espiritismo.
Qual o papel dos escritores, dirigentes e líderes
espíritas na melhoria e preservação da qualidade dos
conteúdos literários espíritas?
Devemos lembrar que, se existem leitores às voltas com
literatura de valor duvidoso ou literatura inteiramente
divorciada dos princípios espíritas, devemos isso a
escritores igualmente desinformados ou maldosos, a
dirigentes e líderes que não avaliam ou não sabem
avaliar aquilo que devem expor em suas livrarias e
bibliotecas. De modo que aos dirigentes e líderes do
movimento espírita cabe uma responsabilidade muito
grande nesse sentido; mas é preciso que estudem para
poder discernir e queiram discernir acertadamente, sem
se deixar levar, como muitos, pela tola ideia de
aumentar a assistência de suas casas e eventos.
O que, na sua percepção, precisa e pode melhorar na
publicação de conteúdos espíritas?
Ainda uma vez insistimos: é necessário estudar a
Codificação. Depois, assumir o firme compromisso com a
divulgação do Espiritismo, privilegiando as boas obras,
melhorando os estudos realizados nas instituições
espíritas, deixando de publicar aquilo que não esteja
inteiramente concorde com o ensino da Doutrina Espírita.
Ouço muita gente dizer que os romances são um
atrativo para as fileiras espíritas e uma sensível fonte
de renda para as casas espíritas. Achamos isso um grande
equívoco; o romance só é bom, quando atende ao que
preconiza os ensinos da doutrina codificada por Allan
Kardec, e, ademais, não podemos prescindir do estudo das
obras de Léon Denis, Gabriel Delanne, Ernesto Bozzano,
Carlos Imbassahy, Deolindo Amorim, Hermínio Miranda,
Suely Schubert, entre outros, ou da obra psicografada de
Chico Xavier, Divaldo Franco, Raul Teixeira, Yvonne
Pereira...
Quais seus planos em relação ao futuro? Pretende
continuar a escrever?
Continuamos empenhados na pesquisa histórica do
Espiritismo, mas, também, com a área doutrinária
espírita, dedicando largo tempo ao estudo do
Cristianismo Primitivo – na sua pureza e historicidade –
valendo-nos da extraordinária chave que os ensinos
espíritas nos oferecem para uma mais ampla e acertada
compreensão da Mensagem de Jesus.
Sua mensagem final aos nossos leitores.
Consideramos muito diminutas as nossas colaborações à
Doutrina Espírita. Creio, contudo, que as obras escritas
– livros e artigos – configurem como o melhor dos nossos
esforços, ao lado das instituições e grupos que criamos
ou ajudamos a criar, dinamizar ou reestruturar,
considerando relevante, embora limitado, o trabalho na
área da memória do Espiritismo.
Aos leitores da revista O Consolador, deixamos o
nosso fraternal abraço, estimando progresso espiritual a
todos, rogando, para nós e eles, as bênçãos de Mestre
Jesus.