A cadeira
“missionária”
Conta-se que em uma época em que existia cédula de
dinheiro de mil reais (sonho de muita gente!), um
senhor espírita vivia a implorar aos planos maiores
recursos financeiros para realizar a caridade como
entendia ele deveria ser praticada.
Poderia construir creches, hospitais, abrigos para
velhos desamparados e crianças órfãs. Conseguiria
distribuir muitas cestas básicas todos os meses para
lares pobres. No inverno cobriria os corpos desprovidos
de agasalho com a proteção adequada. Não haveria nenhum
pé humano sem o devido calçado. E seguia nessa linha de
raciocínio os argumentos do candidato à prática da
caridade se Deus lhe provesse dos recursos financeiros
necessários para acudir às necessidades dos seus
semelhantes.
Tanto pediu em suas orações, tantas promessas fez de
muitas realizações que os Espíritos superiores
resolveram fazer um teste. Num dia de forte ventania
fizeram chegar carregada pelo vento até aos pés desse
homem bem-intencionado na obra do bem, uma nota de mil
reais, que foi depositada pelo “acaso” ao alcance de
suas mãos.
O candidato a grandes obras no campo da fraternidade
olhou espantado para aquela nota de mil reais de alto
valor e começou a traçar planos. Seus pensamentos como
que colidiam uns com os outros em sua cabeça. Ficou
perturbado, a mão tremia, estaria sonhando? Apanhou com
avidez o dinheiro e correu para a loja mais perto do
local e começou a adquirir vários produtos de que estava
necessitado. Não teve um único pensamento para com os
infortunados a quem vivia a prometer proteção aos planos
maiores da vida, caso tivesse dinheiro suficiente. E os
Espíritos bons se afastaram de mais aquele candidato à
prática do bem que havia adiado a realização de suas
promessas.
Quando contemplamos a vida de pobreza de Chico Xavier
cujo salário mal dava para socorrer as muitas
necessidades de sua extensa família, ficamos admirados
como ele pôde ter feito tanto no campo da beneficência
em favor dos sofredores se não contava com o dinheiro,
mas com o desejo inabalável de servir através de si
mesmo, da doação de sua vida como realmente o fez!
Da mesma forma podemos dizer sobre Divaldo com o seu
gigantesco posto de socorro materializado no mundo
físico através da Mansão do Caminho. Das suas
incansáveis viagens como o Paulo de Tarso da atualidade
a divulgar a Doutrina Espírita para os mais longínquos
rincões do planeta, enfrentando viagens extremamente
cansativas para a sua idade cronológica. Tudo sem o
dinheiro farto como desejava a personagem da história
inicial.
Aliás, sobre Divaldo, é necessário divulgar a origem
sobre a cadeira “missionária”! Visitava ele a irmã Dulce
que dormia em uma cadeira comum de madeira. Quando
Divaldo constatou aquela realidade propôs àquele
Espírito reencarnado na religião católica que iria
enviar-lhe uma cama onde ela pudesse repousar de maneira
mais adequada. A doce freira pede a ele que não fizesse
isso porque a cadeira onde ela dormia era uma cadeira
“missionária”! E tendo Divaldo sorrido diante dessa
afirmação e procurado entender o sentido que irmã Dulce
queria dar ao termo, recebeu o esclarecimento de que
muitas pessoas por vê-la dormindo naquela cadeira sem
nenhum conforto, enviavam a ela camas que ela,
incontinenti, direcionava aos doentes do hospital que
fundara para os pobres. Onde estava o dinheiro de irmã
Dulce para exercer a caridade com Jesus?
Emmanuel, no livro Palavras De Vida Eterna,
capítulo intitulado Se Aspiras a Servir, assim
nos ensina: Afirmas-te no veemente propósito de
servir; entretanto, para isso, apresentas cláusulas
diversas. Dispões de recursos próprios, conquanto
humildes, para as tarefas do socorro material; contudo,
esperas pelo dinheiro dos outros. Mostras pés e braços
livres que te garantem o auxílio aos irmãos em prova;
entretanto, esperas acompanhantes que provavelmente
jamais se decidam ao concurso fraterno. Se aspiras a
servir aos outros, servindo a ti mesmo, no reino do
Espírito, não percas tempo na expectativa inútil, pois
todo aquele que sente, e age com o Cristo, vive
satisfeito e procura melhorar-se, melhorando a vida com
aquilo que tem.
Vale muito o destaque para a última frase de Emmanuel
quando ele ressalta a condição se desejamos servir aos
outros, servindo a nós mesmos. Ficamos fazendo
uma série de exigências, esperando um sem-número de
condições para fazer o bem, esquecendo que o maior
beneficiário é aquele que pratica a ação, por menor que
seja ela, bastando para isso lembrarmos o óbolo da viúva
narrado por Jesus aos seus discípulos e que se estende a
todos nós na escola da Terra que O temos na posição de
Mestre!
Você, eu e quem mais estiver sentado em uma cadeira ao
ler essas linhas, que tal pensarmos em transformá-la em
uma cadeira “missionária”?