Perante a felicidade
O problema da felicidade está sempre condicionado ao
foro íntimo. E porque, ainda mesmo nos assuntos mais
transcendentes, não podemos prescindir da simplicidade,
em auxílio à nossa argumentação, invocamos a natureza,
em cujos degraus evolutivos é possível observar as
crisálidas de consciência nas limitações relativas a que
se ajustam.
Vemos que cada ser, nos círculos inferiores à escola
humana, possui as alegrias que lhe são próprias.
Para o corvo, a felicidade é a penetração nos detritos.
Para a serpente, é a absorção do veneno com que se
fortalece na defensiva.
Para a coruja é a excursão nas trevas.
Para a lesma é a ociosidade incessante.
Para a andorinha é o culto da primavera onde a primavera
fulgure.
Para a fonte é o serviço a todos.
Para a árvore é a incansável beneficência.
Para o sol é o privilégio de servir em luminosa doação
de si mesmo.
Cada espírito, qual acontece aos elementos mais simples,
demora-se mais ou menos na atitude mental que se lhe
afigura como sendo a aspiração satisfeita.
Para muitos, a felicidade é a imersão na preguiça e no
ódio, na discórdia e na crueldade, na penúria e na
ignorância, no desalento e na rebeldia.
Entretanto, para as almas acordadas na Revelação do
Cristo, a felicidade é a construção de si mesmas para a
comunhão ideal com Deus.
Se já despertaste para a verdade, aceita o trabalho e a
renúncia, as aflições e as penas da estância física por
abençoado material de tua própria edificação.
E, aprendendo e servindo infatigavelmente, sem qualquer
inventário de sacrifícios e sem qualquer preocupação
pelo tempo adequado ao reajuste, conseguirás o
equilíbrio interior, tecendo com a própria luta as asas
com que librarás nos cimos da vida, em pleno triunfo.
Do livro Nós, obra mediúnica psicografada pelo
médium Francisco Cândido Xavier.
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