Pressentimento
mortal
“O homem é informado natural-mente de todas as verdades
úteis.”
(J. de Maistre)
Naquele domingo, 1º de maio de 1994, Ayrton Senna da
Silva (1960-1994), nosso extraordinário piloto de
Fórmula Um, demonstrava tristeza, abatimento e desmotivação, antes da largada do fatídico GP de San
Marino, no autódromo de Ímola, na Itália. Comenta-se,
ainda hoje, que Airton Senna não queria correr naquele
dia e que previra sua própria morte. Talvez sua decisão
por participar daquela corrida tenha sido impulsionada
pela ideia de homenagear o piloto austríaco Roland Ratzenberger, da escuderia Simtek, morto tragicamente no
dia anterior durante o treino de classificação. A
homenagem ao companheiro morto consistiria em empunhar a
bandeira da Áustria ao final da competição. Sua
determinação foi fatal. A violenta batida no muro de
proteção, a uma velocidade acima de 300 km por hora, na
curva conhecida como Tamburello, ceifou-lhe
prematuramente a vida. Terá tido ele algum
pressentimento ou sonho premonitório sobre o que estava
para lhe acontecer? Nunca se saberá.
Hoje, muitos apaixonados por automobilismo talvez se
recordem de um caso semelhante, coincidentemente
ocorrido também na Itália com outro também famoso piloto
de corrida de automóveis, no Grande Prêmio de Monza, em
1955.
J. Macklin narra esse estranho caso, contido no livro
Além da Ciência - A Comunicação com o Além (Editora
FASE Ltda.), conforme reproduzimos a seguir:
“A última fase do Grande Prêmio ia começar. Na primeira
semana de 1955, os pilotos de várias equipes
concorrentes encaminhavam-se para a pista de Monza, a
sinuosa pista de cimento branco.
Alberto Ascari, sentado ao volante da sua Ferrari, via o
Sol subir por trás das colinas. Contudo, na beleza da
paisagem, Ascari, considerado como o mais veloz piloto
de carros de corrida, só via uma promessa de morte... de
sua morte.
Durante anos soube o dia em que a morte chegaria. Era o
dia 8 de setembro de 1955, quando o Sol brilhasse num
céu muito azul. Só um piloto de pouca memória pode,
durante uma corrida, passar pela curva final do percurso
de Monza, La Vialone, sem recordar o fim trágico de
Alberto Ascari, que morreu nesse lugar, em uma data e em
circunstâncias que ele mesmo previra, em todos os
detalhes.
9 de setembro de 1935, vinte anos antes, Antonio Ascari,
pai de Alberto, morrera ao volante de um Alfa-Romeo,
durante o Grande Prêmio da Itália. Alberto era um crente
convicto em certa forma de presságios. Estava convencido
de que seguiria até a morte o mesmo caminho que seu pai
havia seguido. O pai morrera sob um céu muito claro,
quando virava o volante para não matar um gato. Vinte
anos depois, naquele mesmo dia, Alberto ia correr sob um
céu muito claro e azul.
O grande piloto tremia na fria madrugada. Seu amigo e
conselheiro, Luigi Villoresi, ex-campeão mundial, bateu
nas suas costas.
– Esquece isso, Alberto. Os bons pilotos não morrem.
Presságios são histórias para velhos, não para nós.
– Não poderei ganhar, eu acho. Mas se for verdade o que
imagino, nunca vou poder saber.
Alberto encaminhou-se para a sua Ferrari cor de fogo.
– Para que precisa de mais treinos? Por que não descansa
até a hora da corrida?
Ascari respondeu que precisava se convencer de que não
tinha os nervos destroçados. Assim, apesar dos conselhos
de Villoresi, Ascari deu ordem para prepararem o carro.
Iria treinar.
Tomaram o café da manhã em companhia de outros grandes
pilotos. O alegre Castelloti notou o ar sombrio de
Ascari e tentou animá-lo. Pouco a pouco, Alberto foi se
alegrando. Dispunham ainda de várias horas antes de
começar a corrida. A campainha soou, anunciando a
partida para o último treino. Ascari levantou-se.
Pouco depois, a Ferrari rugia poderosamente, avançando
devagar em direção à pista. Ascari levava todos os seus
talismãs e seu famoso capacete azul de motociclista.
Começou o seu treino de velocidade e correu duas voltas
em estilo clássico. Ultrapassou um Masserati e outra
Ferrari. Na terceira volta, aumentou bruscamente a
velocidade e desapareceu atrás de um trecho arborizado,
uma curva.
Seus amigos viram-no correr com espantosa rapidez,
ouviram o rugido do motor ao entrar num túnel, e logo
depois ao sair, e viram-no dirigir-se para a curva
Vialone. Repentinamente, o ruído do escape deixou de se
ouvir, e o silêncio que se seguiu era pior do que
qualquer estrondo ensurdecedor.
Os amigos correram. Era tarde demais. O carro falhou em
uma curva que Ascari normalmente faria sem dificuldade.
Alguma coisa desviara a Ferrari quando avançava a uma
grande velocidade.
Encontraram Ascari caído, junto ao automóvel, ainda
vivo. Castelloti avistou um gato preto correndo para um
bosque. Teria sido esse animal o portador da morte?
Ascari morreu segundos depois, nos braços de Villoresi,
no dia que ele mesmo previra, sob um céu azul muito
claro”.
Terão Alberto Ascari e Airton Senna tido pressentimentos
a respeito de suas mortes?
Casos semelhantes a este narrado por J. Macklin estão
registrados às centenas nos anais do psiquismo.
Escritores renomados de todo o mundo produziram e
produzem uma vasta literatura acerca de episódios que
desafiam os cientistas materialistas. Esses tais, sem
poderem explicá-los convincentemente à luz investigativa
da Ciência terrena, apenas constroem teorias que pouco
se sustentam, desprezando as verdades eternas da
Natureza ensinadas aos homens pelos Espíritos de outros
homens que habitam o Mundo Maior.
As Obras Básicas de Allan Kardec destrincham-nos com
irreprocháveis argumentos. O O Livro dos Espíritos,
daquela coletânea, especialmente, dedica ao assunto todo
um capítulo (capítulo VIII – Emancipação da Alma). Para
o Mestre de Lyon, o sobrenatural não existe, pois tudo
aquilo que muitos consideram sobre-humano, não é mais
que simples manifestação da Natureza, através de
princípios que a Ciência terrena ainda está longe de
conhecer.