A Revue Spirite de
1860
Parte 9
Continuamos
nesta edição o estudo da Revue Spirite de 1860, mensário de divulgação espírita fundado e dirigido por Allan Kardec. Este estudo é baseado na tradução para o idioma português efetuada por Júlio Abreu Filho e publicada pela EDICEL. As respostas às questões propostas estão no final do texto sugerido para leitura.
Questões para debate
A. O Espiritismo chegará, algum dia, a exercer
influência sobre a estrutura social?
B. Que fato leva os maus Espíritos a se emendar e buscar
o caminho do bem?
C. Os amigos do mundo espiritual nos ajudam em nosso
retorno à erraticidade?
D. Uma pessoa pode ser, ao mesmo tempo, bom católico e
fervoroso espírita?
Texto para leitura
187. Os Espíritos agem incessantemente sobre nós, sem o
sabermos, sejamos médium ou não. Não é a mediunidade que
os atrai; ao contrário, é ela que fornece o meio de
conhecer o inimigo, que se trai sempre. (P. 319)
188. Um dia, asseverou o Codificador, o Espiritismo
exercerá imensa influência sobre a estrutura social, mas
esse dia ainda está longe, porque são necessárias
gerações para que nos despojemos do homem velho. (P.
320)
189. Com os conhecimentos que nos transmite, o
Espiritismo nos torna feliz e é isto que lhe dá um poder
irresistível e assegura seu triunfo futuro. (P. 320)
190. Jobard diz, em interessante artigo, que os
Espíritos superiores não lamentam os bens materiais aqui
deixados, ao contrário do humanimal, que sente que,
perdendo os bens terrenos, tudo perde. (PP. 324 e 325)
191. Jobard afirma que não existe um médium bem
intencionado que não seja magnetizador e curador por
natureza, mas muitos ignoram esse tesouro e não sabem
utilizá-lo. (P. 326)
192. Kardec retifica algumas ideias de Jobard, que não
levava muito em conta o progresso realizado pelo
Espírito no estado errante. (P. 327)
193. Kardec afirma que, mesmo que nada pudéssemos
aprender com as manifestações dos Espíritos, já é
bastante o fato de nos darem eles a prova da existência
do além-túmulo. E eles nos dão muito mais. (P. 328)
194. Georges (Espírito) descreve o castigo infligido aos
maus Espíritos. Enquanto dão vazão à sua raiva, eles são
quase felizes; no entanto, passam os séculos e eles
sentem-se de súbito invadidos pelas trevas, advindo daí
o remorso e o arrependimento, seguidos de gemidos e
expiações. (PP. 331 e 332)
195. Marte é descrito como um mundo bem inferior à
Terra, onde os seres, embora tendo a forma humana, são
rudimentares e sem nenhuma beleza. (N.R.: Duas obras
recebidas por Chico Xavier dizem o contrário.) (PP. 332
a 334)
196. O mesmo Espírito diz que Júpiter, dividido em
países de aspectos variados, é um mundo superior e
encantador. (PP. 334 a 336)
197. Georges diz que a forma dos Espíritos puros é
etérea e nada tem de palpável. Em suas fileiras é que
são escolhidos os anjos da guarda. São eles os ministros
de Deus, que regem os mundos inumeráveis. (P. 336)
198. O Espírito de Zenon disserta sobre a reencarnação e
afirma que com ela os mistérios se explicam, os
problemas se resolvem, todas as dificuldades se
aplainam. (P. 339)
199. Georges (Espírito) diz que os Espíritos errantes
não se comunicam entre si, ensinamento contestado por
Kardec. O Codificador sustenta que nossos amigos do
mundo espírita nos recebem e nos ajudam no retorno à
vida espiritual e ensina que, na erraticidade, os
Espíritos se reúnem e agem de comum acordo, tanto para o
mal quanto para o bem. Kardec entende que o erro de
Georges foi restringir o termo errante a uma certa
categoria de Espíritos, em vez de aplicá-lo a todos os
Espíritos desencarnados. (PP. 340 e 360)
200. A Revue transcreve mensagem assinada pelo
Espírito de Irmã Rosália sobre a caridade material e a
caridade moral. (N.R.: Essa mensagem foi incluída mais
tarde n´O Evangelho segundo o Espiritismo, cap.
XIII, item 9.) (PP. 342 e 343)
201. Delphine de Girardin (Espírito) disserta sobre a
eletricidade do pensamento e afirma que, uma vez
reunidos, os homens desprendem um fluido que lhes
transmite, com a rapidez do relâmpago, as menores
impressões. Sob a ação dessa corrente magnética, as
pessoas mais interessadas em ocultar seu pensamento são
levadas a descobri-lo, até mesmo a se acusar, como se vê
muitas vezes nos tribunais do júri. (P. 344)
202. O Espírito de Lamennais, falando sobre a
hipocrisia, assevera que a hipocrisia é o vício de nossa
época: "Em nome da liberdade, vos engrandeceis; em nome
da moral, vos embruteceis; em nome da verdade, mentis".
(P. 345)
203. A Revue registra a viagem feita por Kardec
em setembro de 1860 às cidades de Sens, Mâcon, Lyon e
Saint-Etienne. "O Espiritismo está no ar", eis a
impressão sentida por Kardec em todos os lugares onde
falou. (P. 347)
204. Em Lyon, onde os adeptos do Espiritismo se contavam
às centenas, um médium vidente pôde ver o Espírito de
São Luís, que confirmou em Paris, posteriormente, sua
presença na viagem feita pelo Codificador. (P. 348)
205. Nas proximidades de Saint-Etienne, Kardec assistiu
a um fenômeno de transfiguração com uma mocinha que, em
certos momentos, tomava a aparência completa de seu
irmão, morto há alguns anos. (P. 348)
206. A Revue noticia o fato ocorrido num navio da
marinha imperial, estacionado nos mares da China, em que
um tenente, morto há dois anos, deu uma comunicação
tiptológica em que pedia fosse paga ao capitão
determinada quantia. (N.R.: O fato é narrado também n'
O Livro dos Médiuns.) (P. 348)
207. A Revue noticia o lançamento da obra "Carta
de um Católico sobre o Espiritismo", do dr. De
Grand-Boulogne, doutor em Medicina, antigo vice-cônsul
da França, na qual o autor prova que se pode ser, ao
mesmo tempo, bom católico e fervoroso espírita. Dia
virá, disse De Grand-Boulogne, em que, pela força das
coisas, "o Espiritismo estará na religião, ou a religião
no Espiritismo". (P. 352)
(Continua
no próximo número.)
Respostas às questões
A. O Espiritismo chegará, algum dia, a exercer
influência sobre a estrutura social?
Sim. Um dia, disse Kardec, o Espiritismo exercerá imensa
influência sobre a estrutura social, mas esse dia ainda
está longe, porque são necessárias gerações para que nos
despojemos do homem velho. (Revue Spirite,
p. 320.)
B. Que fato leva os maus Espíritos a se emendar e buscar
o caminho do bem?
Diz o Espírito de Georges que os maus Espíritos,
enquanto dão vazão à sua raiva, são, a seu modo, quase
felizes; no entanto, passam os séculos e eles sentem-se
de súbito invadidos pelas trevas, advindo daí o remorso
e o arrependimento, seguidos de gemidos e expiações. A
modificação para melhor resultaria disso. (Obra citada,
pp. 331 e 332.)
C. Os amigos do mundo espiritual nos ajudam em nosso
retorno à erraticidade?
Certamente. Kardec sustenta que nossos amigos do mundo
espírita nos recebem e nos ajudam no retorno à vida
espiritual e diz que, na erraticidade, os Espíritos se
reúnem e agem de comum acordo, tanto para o mal quanto
para o bem. (Obra citada, pp. 340 e 360.)
D. Uma pessoa pode ser, ao mesmo tempo, bom católico e
fervoroso espírita?
Parece-nos que não, mas já houve quem pensasse assim,
como o Dr. De Grand-Boulogne, autor da obra "Carta de um
Católico sobre o Espiritismo", na qual procura mostrar
que se pode ser, ao mesmo tempo, bom católico e
fervoroso espírita. (Obra citada, p. 352.)
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