Doce paralítica
(Preito de amor à irmã aprisionada no leito há trinta
anos...)
Revejo-te a brilhar no fausto de outras eras...
No trono de cetim, sob o dossel de opalas,
Gravas horrendas leis, e o povo, ao proclamá-las,
Deita pranto e suor nas provações severas...
Ninfa adulada e loura, em róseas primaveras,
Fragrâncias orientais suavíssimas trescalas,
E contraste, irrisão! Quando surges e falas,
Epopeias de dor em fúria transverberas...
Depois de longo tempo, augusta soberana,
Encontrei-te a chorar... Tristonha ruína humana,
Enferma e sem ninguém que te incense ou idolatre!
Mas reencarnada, assim, desditosa e esquecida,
Lavaste o coração, purificaste a vida
E fulges qual estrela entre as sombras do catre!
Do livro Antologia dos Imortais, obra mediúnica
psicografada pelos médiuns Waldo Vieira e Francisco
Cândido Xavier.