A
mediunidade nos
palcos
“A faculdade mediúnica, mesmo quando restrita aos
limites das manifestações físicas, não foi concedida
para exibições de feira.” (Allan Kardec, item 308, de
O Livro dos Médiuns.)
A comunicação existente entre aqueles que vivem na Terra
e os que já demandaram a pátria espiritual é prática
antiga que remonta aos primeiros tempos da humanidade,
no entanto, após a codificação da Doutrina Espírita, por
Allan Kardec, a partir de 1857, esse intercâmbio ganhou
maior detalhamento, com disciplina, orientação e
conhecimento de causa.
Somente Francisco Cândido Xavier publicou mais de 400
livros através da psicografia, trazendo à Terra as
informações da vida espiritual. Dentre eles, uma grande
quantidade versa sobre a comunicação de familiares que
partiram deste mundo com os que ficaram.
A comunicabilidade com os Espíritos, hoje, com o aval de
grandes setores da ciência e diante de profundos estudos
efetuados pelas Universidades mais conceituadas dos
Estados Unidos e Europa, é, incontestavelmente, uma
realidade. A grande maioria da população brasileira sabe
disso.
No entanto, esse intercâmbio entre os dois mundos não se
dá de forma leviana, irresponsável e inconsequente. É
fruto das Leis Universais, sábias e perfeitas, portanto,
deve ser tratado com seriedade, responsabilidade,
equilíbrio e, acima de tudo, com muita dignidade.
A mediunidade, embora seja uma faculdade inerente ao
homem, carece de estudo, reflexão e experiência, para
produzir o bem a que se destina, não podendo estar nas
mãos dos vaidosos, orgulhosos e caçadores de projeção e
fama, sem sérios prejuízos.
Allan Kardec, conhecendo como ninguém a personalidade
humana, em “O Livro dos Médiuns”, advertiu: “a
mediunidade não foi concedida para exibição de feira”,
isto é, não veio ao mundo para ser vedete de palco e nem
para servir de espetáculo, em atendimento aos interesses
mesquinhos de médiuns e criaturas que apenas buscam a
promoção pessoal.
E, esses desavisados, buscam com avidez, a mediunidade,
para se apresentarem no meio artístico, na televisão, no
rádio, no jornal etc, dando vazão à vaidade e ao orgulho
que carregam no âmago.
Lamentamos profundamente que essa faculdade tão nobre,
tão bela e que tantos serviços pode oferecer à
humanidade, esteja sendo manuseada por apresentadores de
programas televisivos, abrindo portas para que
aventureiros adentrem nossos lares, com palavrórios
vazios, mentirosos, ferindo criaturas e arrasando
famílias que carregam a dor da separação de entes
queridos.
Se aqui na Terra existem comentaristas do Governo que
nada entendem de política, se existem os que discutem
futebol sem nunca terem ido aos estádios, se existem os
que falam de assistência social sem vontade de oferecer
uma esmola, no Mundo Espiritual, obviamente, encontramos
Espíritos que pouco entendem das coisas e também se
lançam a falar, discutir e comentar o que não sabem. E,
esses médiuns de plantão, muitos sem saberem, servem a
esses Espíritos, esparramando asneiras e comprometendo
estruturas familiares de forma leviana, sob a proteção
de meios de comunicação de massa.
Allan Kardec, ainda em “O Livro dos Médiuns”, afirma, no
item 308: “Quem pretender dispor de Espíritos às suas
ordens para os exibir em público pode ser suspeito, com
justiça, de charlatanismo ou de prática mais ou menos
hábil de prestidigitação”.
Portanto, devemos saber sempre mais sobre o
charlatanismo, mistificação, prestidigitação etc., para
que não sejamos enganados por esses espertalhões de
programas de auditórios.
Em “O Livro dos Espíritos”, na pergunta 163, Allan
Kardec perguntou: “A alma, deixando o corpo, tem
imediata consciência de si mesma? Obteve como resposta:
“Consciência imediata, não é bem o termo. Ela passa
algum tempo em estado de perturbação”.
Assim, caro leitor, como um Espírito recem-desencarnado,
às vezes de forma traumatizante, pode se comunicar
conosco momentos depois de seu desencarne?
E, se desejarmos conhecer mais sobre o assunto, pois que
um artigo se torna insuficiente para destacar a
abrangência do tema, consultemos “O Livro dos Espíritos”
e o “O Livro dos Médiuns”, ambos de Allan Kardec, obras
que versam sobre a mediunidade e relação de encarnados
com desencarnados.
Fiquemos alertas e reflitamos demoradamente em Jesus
quando afirma: “Meus bem-amados, não acrediteis em todos
os Espíritos, mas experimentai se os Espíritos são de
Deus, porque vários falsos profetas se ergueram no
mundo”. (João, 1ª Epístola, Cap. IV: V. 1).
Somente o estudo sério e a firmeza de caráter com o
tempero da dignidade e lisura de comportamento nos
mostrarão a verdade que nos libertará das peias da
ignorância, destinando-nos ao rumo da angelitude.
Meditemos.