O maior e o
menor
"Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior
do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele
que o enviou." (João, 13:16)
Dizia Jesus estas palavras enquanto lavava os pés de
seus discípulos, que naquele momento não puderam
compreendê-lo. Na verdade, traduzia ali, naquele
instante, a mais bela lição de humildade. Com esse
gesto, reconhecia a infinita grandeza de Deus, ao mesmo
tempo que servia a todos, sem deixar que a sua elevação
espiritual ferisse a pequenez de quem quer que fosse.
Iniciantes que somos, na grande jornada da nossa própria
evolução espiritual, muitas vezes nos colocamos na
posição central de nossos interesses e irradiamos a
nossa vontade em torno de nós, como se todos tivessem
que nos servir. Gostamos de analisar as pessoas e os
acontecimentos que nos cercam com o que temos dentro de
nós mesmos e que podemos chamar de: a nossa maneira
particular de ver as coisas. É como se tudo tivesse que
estar limitado à nossa maneira de ver e entender.
O risco que este comportamento encerra é o de nos levar
a criar caprichos e exigências que fazem com que
passemos a querer ser servidos em vez de servir,
alimentando assim o egoísmo, chaga que devemos eliminar
e, não, cultivar. Por ele, ao analisarmos a
personalidade desta ou daquela pessoa, se o que
analisarmos não confere com o que entendemos serem bons
padrões, muitas vezes deixamos de amar e até de fazermos
uso da maledicência.
A evolução não se faz com comparações com os padrões que
achamos serem os certos, mas através da anulação de
nosso personalismo e das nossas exigências para que
possamos manter limpo o nosso íntimo, onde Deus possa se
espelhar sem distorções. Nenhuma circunstância nos
coloca na posição de superioridade, nem ninguém é tão
inferior que não seja digno de nossa atenção.
Para que a nossa luz brilhe mais ainda, devemos
colaborar para aumentar a luz do próximo. Só na doação
crescemos e só conseguimos nos doar quando eliminamos o
nosso eu pequeno, para podermos sentir Aquele que dirige
os destinos. Sabemos não ser tarefa fácil de realizar,
mas nosso egoísmo só piora as coisas.
Se já temos condições de analisar, já temos condição de
entender que ainda não somos tão perfeitos a ponto de
nos acharmos superiores. Temos, isto sim, condições de
trabalhar mais o nosso querer para nos irmanarmos mais e
mais.
Espelhemo-nos no exemplo do Mestre. Esquecendo-se de si
mesmo, refletiu o querer do Pai, que, por ser Amor, se
manifesta somente na forma de doação.