Neutralidade
dinâmica
Os convites equivocados do mundo ainda encontram
ressonância no imo dos seres
"Oxalá foras frio ou quente! Assim, porque és morno,
e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.”
- Apocalipse, 3:15 e 16.
Este trecho do versículo pinçado da sétima carta à
Igreja de Laodiceia nos remete a profundas meditações,
pois se trata de um libelo contra o "ficar em cima do
muro", isto é, contra a hesitação, a dissimulação...
Jesus também já nos conclamou à firmeza e coerência
quando aconselhou:
"seja o vosso falar sim, sim; não, não".
Não obstante, existe uma neutralidade dinâmica que não
se enquadra nas situações acima descritas, e que não
deve ser descurada.
Toda criatura que deseja ascender na árdua escala
evolutiva, deve assenhorear-se dessa neutralidade
dinâmica, a fim de não engrossar o plantel dos
equivocados e invigilantes, premunindo-se, destarte,
contra os erros.
O mundo material nos acena com inúmeros convites que -
devido aos nossos ancestrais atavismos - ainda encontram
ressonância no imo de nosso ser.
A questão se resume, portanto, na adoção de uma ética
comportamental, vazada na aplicação equilibrada do
livre-arbítrio, paramentado pelos imarcescíveis
ensinamentos do Meigo Pegureiro.
Erram aqueles que fogem do mundo ou que adotam uma
conduta ascética, severa, lúgubre, refratária à vida
social. Há que se viver no mundo sem, no entanto,
tornar-se-lhe escravo. Faz-se necessário executar a
nossa parte no concerto social, isto é, fomentar o
progresso, assumir responsabilidades, colaborar,
participar!... Devemos atravessar o lodaçal sem nos
deixar chapiscar pela lama, e, para isso, a posição
ideal é a da neutralidade dinâmica.
Lembra-nos Joanna de Ângelis as figuras luminares que
são exemplos vivos e definitivos, modelos acabados de
neutralidade dinâmica, ao informar:
"todos seguraram a charrua, e, sem apegos ao passado,
carregaram suas cruzes, plantando-as no monte da
sublimação: Maria de Magdala recuperou a virtude que a
elevou às culminâncias da doação total; Saulo
redirecionou sua vida, obedecendo as balizas traçadas
por Jesus; Gandhi ofereceu-se em holocausto,
tornando-se uma grande luz para milhões de vidas.
Hoje, como ontem, a humanidade necessita de criaturas
que, tomando da charrua, não olhem para trás, seguindo
animadas, depois de superadas as dificuldades
habituais...
Portanto, se desejas seguir Jesus e tornar-te pleno; se
almejas a renovação e a paz através do Evangelho; se
queres a glória interior sem receios nem fronteiras,
toma da charrua do amor clareado pela fé e, mediante a
ação da caridade, não olhe para
trás”.