Um
companheiro de lides espíritas pede-nos que façamos um
resumo do que nos ensina o Espiritismo acerca dos temas
fatalidade e livre-arbítrio.
Antes de mais nada, lembremos que Allan Kardec escreveu
sobre o assunto um texto explicativo muito claro e que
deveríamos ter sempre à mão. O leitor o encontrará no
item 872 d´O Livro dos Espíritos.
Pinçamos desse texto alguns trechos que atenderão, com
certeza, à expectativa do nosso companheiro e dos
leitores desta revista:
- O
homem não é fatalmente conduzido ao mal; os atos que
pratica não "estavam escritos"; os crimes que comete não
são o resultado de um decreto do destino.
- A
pessoa pode, como prova ou como expiação, escolher uma
existência em que se sentirá arrastada para o crime,
seja pelo meio em que estiver situada, seja pelas
circunstâncias supervenientes. Mas será sempre livre de
agir como quiser.
- O
livre-arbítrio, quando estamos desencarnados, consiste
na escolha da existência e das provas que deveremos
enfrentar na existência corpórea seguinte. Essa escolha
é feita segundo o grau de perfeição que tenhamos
atingido.
-
Uma vez reencarnados, o livre-arbítrio se manifesta na
faculdade que todos temos de ceder ou resistir aos
arrastamentos a que voluntariamente nos submetemos. Se a
pessoa cede, sucumbirá nas provas que ela mesma
escolheu. Se resiste, avançará para novos desafios.
-
No retorno à existência corpórea trazemos,
evidentemente, nossa bagagem espiritual e com ela nossas
tendências, boas ou más. Cabe à educação dar-nos os
meios de combater as más tendências, e ela o fará de
maneira eficiente quando se basear no estudo aprofundado
da natureza moral do homem.
- A
fatalidade, como vulgarmente entendemos, supõe a decisão
prévia e irrevogável de todos os acontecimentos da vida,
qualquer que seja a sua importância. Se as coisas fossem
assim, o homem não passaria de um robô e, como tal,
destituído de vontade.
- A
fatalidade não é, entretanto, uma palavra vã, e
realmente existe no tocante à posição do homem na Terra
e às funções que nela desempenha, como consequência do
gênero de existência que seu Espírito escolheu, a título
de missão, prova ou expiação.
-
Somente na morte é que o homem é submetido, de uma
maneira absoluta, à inexorável lei da fatalidade, porque
ele não pode fugir ao decreto que fixa o termo de sua
existência, nem ao gênero de morte que deve
interromper-lhe o curso.
- A
fatalidade é, portanto, fruto de uma escolha pessoal,
razão pela qual sofremos, de maneira fatal, todas as
vicissitudes da existência programada e todas as
tendências que lhes são inerentes, cientes de que
dependerá sempre de nossa vontade ceder ou não ao mal.
-
Os detalhes dos acontecimentos da vida estão na
dependência das circunstâncias que a própria pessoa
provoque com seus atos, e sobre os quais podem influir
os Espíritos, através dos pensamentos que lhe sugerem.
- A
pessoa que procura agir sempre no bem poderá poupar-se a
muitas dores, algo que Pedro deixou muito claro ao
escrever à comunidade cristã que “a caridade cobre a
multidão dos pecados” (1ª Epístola de Pedro, 4:8).