Lembrando
Cairbar Schutel
Em O Livro dos Espíritos, em seu capítulo IX,
questões 489 a 521, Kardec tratou da proteção que os
Espíritos exercem sobre os encarnados, quando aprendemos
através dessa doutrina consoladora e encantadora ao
mesmo tempo, como Deus, Pai amoroso, vela pelos seus
filhos desde o seu nascedouro.
De fato, se voltarmos os olhos sobre o passado da
humanidade até onde temos notícias, encontraremos a mão
de Deus protegendo e velando incansavelmente.
Desde Abraão, passando por Moisés, sentimos que todos
foram Espíritos superiores que vieram à Terra a mando da
Providência Divina, cada um trazendo-nos ensinamentos de
conformidade com a nossa capacidade de aprender. Há mais
de dois mil anos esteve entre nós para coroar essa ajuda
o seu filho Dileto, Jesus, diretor e governador da
Terra, desde os seus primórdios.
Depois de Jesus, que nos trouxe a segunda das grandes
revelações, estabelecendo entre os homens a lei do amor,
tivemos com Kardec, sob a égide dos Espíritos luminares,
a terceira revelação em obediência à promessa de Jesus.
Esta última teve por escopo relembrar todos os
ensinamentos anteriores, ensinando novas verdades e
abrindo para a humanidade as portas da imortalidade do
Espírito.
Com Kardec, e após sua hercúlea tarefa, uma plêiade de
luminares aqui aportou sempre com o objetivo de ensinar,
ajudar, proteger e iluminar, com luzes mais fortes, o
porvir da humanidade.
Entre todos esses, que foram muitos, todos prepostos de
Jesus, recordamos a figura do apóstolo Cairbar de Souza
Schutel, que, no dia 22 do mês de setembro, completaria
149 anos de existência e, no dia 30 de janeiro do
próximo ano de 2018, completam-se 79 anos de seu retorno
ao mundo espiritual.
Depois de uma vida inteira dedicada ao amor aos seus
semelhantes, não só levando o conforto material ao
próximo carente, mas principalmente aos aflitos do saber
de onde viemos, qual a finalidade do viver e para onde
iremos após a morte do corpo físico.
Para ensinar essas verdades, após conhecê-las através do
estudo do Espiritismo, cujos conhecimentos muito o
ajudaram na solução de muitas de suas indagações não
resolvidas pelas demais religiões, sempre preocupado com
as necessidades do próximo, fundou no dia 15 de julho de
1905, o Centro Espírita Amantes da Pobreza, o primeiro
da cidade, onde teve campo para prestar esclarecimentos
ao próximo mais próximo. Não satisfeito ainda, pensou,
no mais longe e tomou a inciativa de dar à luz da
publicidade o jornal “O Clarim”, no dia 15 de agosto do
mesmo ano. Em formato pequeno, que logo se ampliou,
atingindo tiragem de 10.000 exemplares nos últimos anos
de sua existência. Além disso, realizou conferências nas
cidades vizinhas e não parou por aí a sua pujante
atividade, e assim foi que em 15 de fevereiro de 1925
fundou a Revista Internacional de Espiritismo dedicada
aos estudos mais profundos do Espiritismo. Os dois
órgãos de divulgação do Espiritismo fundados por Cairbar,
Espírito de vasta cultura, autêntico autodidata,
conseguiram visualizar o conteúdo fecundo da doutrina no
seu todo. Foi o Espírita completo, o verdadeiro
Espírita. Amou a Verdade, deslumbrou-se com a
profundidade dos meandros doutrinários e, além dos
feitos supramencionados, passou a produzir preciosos
ensinamentos e exemplos do verdadeiro cristão em favor
da iluminação da humanidade, surgindo ainda, entre
livros e opúsculos, mais de uma dúzia de obras de sua
produção. Toda sua obra literária de temas sobre
ciência, filosofia e religião tem por fundamento os
postulados doutrinários.
Transcrevemos alguns pensamentos edificantes contidos em
suas obras: “A Religião de Jesus tem o seu fundamento na
Imortalidade”; “A Sua Palavra é de Vida Eterna”; “(...)
A Religião de Deus é o Sal da Terra; conserta, conserva,
transforma e purifica”; “(...) Chegamos à época da
grande renovação espiritualista”; “Não há mais quem
detenha a onda que cresce e se eleva todos os dias,
ameaçando terrível desmoronamento dos diques que privam
os homens de uma ação persistente em seu próprio
proveito espiritual”; “(...) O grande mal que se
encontra em toda parte, a falta de confiança na religião
e na ciência, o descontentamento político e desilusão
nos homens que se colocaram à testa dos governos é a
prova de que algo de grave está em véspera de
realização”; “(...) E para que teria o Senhor criado os
animais, se neles não existisse uma alma imortal,
imperfeita, mas perfectível, dotada, portanto, dos
atributos essenciais para a conquista da felicidade na
sendo da Evolução!”; “O Espiritismo não é, portanto, uma
concepção humana, uma doutrina pessoal com pretensões ao
estabelecimento de um dogma que escravize as
consciências”. Abrangendo todos os fatos que têm origem
na alma humana, ele se constituiu, em justo título, a
“ciência que trata da natureza espiritual do homem e
suas relações com aqueles que, indevidamente, chamamos
mortos”.
Foi incansável na pregação do bem ao próximo e soube
vivê-lo intensamente. Respeitava a todos e pautou sua
vida pelos princípios sadios do verdadeiro homem de bem.
Este trabalho tem por fim lembrar de que O CLARIM,
jornal idealizado e fundado pelo “Pai da Pobreza de
Matão”, “O Espírita Número Um do Brasil”, “O Bandeirante
do Espiritismo” e o “Apóstolo Matonense”, completou 112
anos de circulação ininterrupta no dia 15 do mês
passado.
Toda sua luta foi reconhecida pelos companheiros que
ficaram e nós também nos solidarizamos com eles. Fica
aqui a nossa homenagem, e a nossa mais profunda gratidão
ao grande mestre Cairbar.