Medo, nosso melhor aliado em tempos de crise
O Gênesis bíblico relata que Deus moldou o homem do
barro e soprou em suas narinas o sopro da vida. Este
sopro é a centelha divina que todos possuem. Portanto,
todo sentimento, toda emoção, toda sensação que habitam
em nossa alma são derivados desta centelha e fundamental
para nosso desenvolvimento emocional, psíquico e moral.
O grande problema é que, por ainda não termos aprendido
a lidar com alguns destes sentimentos, como raiva, medo
ou decepção, os classificamos como sentimentos
negativos, como sentimentos de segunda categoria.
Esquecemo-nos de que tudo o que Deus colocou em nós é
para nosso desenvolvimento; são ferramentas extremamente
necessárias na construção do melhor em nós.
Analisemos o medo, este sentimento que costuma nos
paralisar, nos tornar indefesos, impotentes, tirar nosso
sono. Quando crianças, tínhamos medo de ficar em pé,
necessitávamos aprender a engatinhar, a confiar nas mãos
que nos davam sustentação e, então, de repente, ficamos
em pé sozinhos, nos sustentamos em nossos músculos e
começamos a andar, a correr. Outros tantos medos foram
superados até chegarmos à idade adulta, porém, alguns
permaneceram conosco como a nos lembrar de que temos
limites.
Hoje temos medo moral, a centelha divina que existe em
nós nos alerta toda vez que estamos propensos a tomar
uma decisão contrária à Lei Maior, gravada em nossas
consciências pelo sopro da vida.
Neste momento em que o Brasil passa por situações de
incertezas imensas, sentimos muito medo, estamos diante
de um remendo de política e políticos, empresários
corruptores e corrompidos, judiciário que, no limite da
lei, oscila ora para um lado, ora para o outro. Será
este cenário a real fonte dos nossos medos? Já
auscultamos nossa alma com todo desejo de encontrar sua
origem? Podemos afirmar, com toda certeza, que nosso
medo não vem de nossa intuição de que ainda não
conseguimos vencer estes mesmos vícios em nós?
Deus nunca permitiria que passássemos pela crise que
estamos passando se não fosse para o nosso bem, para o
nosso melhor. Sempre que desprezamos os muitos avisos
enviados pelo medo de que estamos cometendo enganos na
condução de nossas decisões, de nosso comportamento, que
não estamos nos responsabilizando pelas consequências de
nossas escolhas, nos candidatamos a receber uma
corrigenda na medida de nosso descaso.
Nossos medos são avisos que nossa alma nos envia para
nos orientar no melhor caminho a seguir. Que precisamos
reavaliar nossa conduta. É imprescindível dar maior
atenção a este grande aliado da nossa construção moral.
Quando agirmos em sintonia com o sopro de Deus em nós,
não sentiremos mais medo moral.
Assim como na infância, quando tivemos que superar
diversas etapas para nos mantermos em pé e andarmos por
caminhos que escolhemos sem medo de cair, hoje é o
momento de analisar nossos medos, entender sua mensagem,
confiar em nossa centelha divina e, então, com a
segurança que conseguimos construir, escolher novos
caminhos que, com certeza, serão melhores.
“Tenha fé em Deus, tenha fé na vida!” - Raul Seixas.