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por Maria Angela Miranda

 

Medo, nosso melhor aliado em tempos de crise


O Gênesis bíblico relata que Deus moldou o homem do barro e soprou em suas narinas o sopro da vida. Este sopro é a centelha divina que todos possuem. Portanto, todo sentimento, toda emoção, toda sensação que habitam em nossa alma são derivados desta centelha e fundamental para nosso desenvolvimento emocional, psíquico e moral. O grande problema é que, por ainda não termos aprendido a lidar com alguns destes sentimentos, como raiva, medo ou decepção, os classificamos como sentimentos negativos, como sentimentos de segunda categoria. Esquecemo-nos de que tudo o que Deus colocou em nós é para nosso desenvolvimento; são ferramentas extremamente necessárias na construção do melhor em nós.

Analisemos o medo, este sentimento que costuma nos paralisar, nos tornar indefesos, impotentes, tirar nosso sono. Quando crianças, tínhamos medo de ficar em pé, necessitávamos aprender a engatinhar, a confiar nas mãos que nos davam sustentação e, então, de repente, ficamos em pé sozinhos, nos sustentamos em nossos músculos e começamos a andar, a correr. Outros tantos medos foram superados até chegarmos à idade adulta, porém, alguns permaneceram conosco como a nos lembrar de que temos limites.

Hoje temos medo moral, a centelha divina que existe em nós nos alerta toda vez que estamos propensos a tomar uma decisão contrária à Lei Maior, gravada em nossas consciências pelo sopro da vida.

Neste momento em que o Brasil passa por situações de incertezas imensas, sentimos muito medo, estamos diante de um remendo de política e políticos, empresários corruptores e corrompidos, judiciário que, no limite da lei, oscila ora para um lado, ora para o outro. Será este cenário a real fonte dos nossos medos? Já auscultamos nossa alma com todo desejo de encontrar sua origem? Podemos afirmar, com toda certeza, que nosso medo não vem de nossa intuição de que ainda não conseguimos vencer estes mesmos vícios em nós?

Deus nunca permitiria que passássemos pela crise que estamos passando se não fosse para o nosso bem, para o nosso melhor. Sempre que desprezamos os muitos avisos enviados pelo medo de que estamos cometendo enganos na condução de nossas decisões, de nosso comportamento, que não estamos nos responsabilizando pelas consequências de nossas escolhas, nos candidatamos a receber uma corrigenda na medida de nosso descaso. 

Nossos medos são avisos que nossa alma nos envia para nos orientar no melhor caminho a seguir. Que precisamos reavaliar nossa conduta. É imprescindível dar maior atenção a este grande aliado da nossa construção moral. Quando agirmos em sintonia com o sopro de Deus em nós, não sentiremos mais medo moral.

Assim como na infância, quando tivemos que superar diversas etapas para nos mantermos em pé e andarmos por caminhos que escolhemos sem medo de cair, hoje é o momento de analisar nossos medos, entender sua mensagem, confiar em nossa centelha divina e, então, com a segurança que conseguimos construir, escolher novos caminhos que, com certeza, serão melhores.

“Tenha fé em Deus, tenha fé na vida!” - Raul Seixas.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita