Brasil
por Paulo Salerno

Ano 11 - N° 533 - 10 de Setembro de 2017

 

 

Divaldo Franco: “Vale a pena amar, vale a pena perdoar”


Em nova passagem por terras gaúchas, Divaldo Franco voltou a falar, no final de agosto, a um público numeroso nas cidades de Frederico Westphalen, Passo Fundo, Santa Cruz do Sul e Novo Hamburgo.

Veremos nesta edição como foram as atividades realizadas pelo orador nas duas primeiras.

Frederico Westphalen, 27 de agosto – Neste roteiro de luzes e bênçãos, Divaldo Franco se fez acompanhar de seu dileto amigo Dr. Juan Danilo Rodrígues, natural de Ambato e residente em Quito, ambas no Equador. Médico, terapeuta holístico, psicólogo transpessoal, fundador e atual presidente do Centro Espírita Francisco de Assis, na capital equatoriana, Juan Danilo é, também, fundador da Fundação Luz Fraterna, dedicada ao tratamento da síndrome autista, propiciando, para esses, uma vida de mais equilíbrio e contato social, dignificando a criatura humana, e é autor do livro Alliyana, que apresenta uma abordagem sobre o tratamento do autismo. Alliyana é uma palavra originária da língua quíchua, dos nativos do Equador, e tem como significado sarar, que para a cultura andina, sarar, curar é esclarecer.

Apresentando o abraço dos espíritas de sua cidade, em especial do Centro Espírita Francisco de Assis, ele destacou o infinito amor de Jesus, tendo legado um tratado de convivência ética e moral para a humanidade. Lembrou, igualmente, que a língua do Espiritismo é o amor e a caridade. Tomado por esses sentimentos, dedica-se, há 17 anos, a auxiliar, estendendo as mãos do conhecimento aos necessitados. Certo dia uma mentora incentivou-o a estudar o português, preparando-se para melhor auxiliar e se fazer compreender. “O Espiritismo, disse, propicia tantas alegrias e felicidades, e que para fruí-las será necessário abrir o coração.”

Juan Danilo, externando a sua gratidão aos espíritas brasileiros, e gaúchos em particular, afirmou que está tendo a oportunidade de conhecer e aprender sobre o movimento espírita brasileiro, já desejoso de voltar ao convívio com os espíritas do Brasil, a quem é muito grato.

A conferência de Divaldo – O Peregrino de Jesus, tomando em suas mãos a tarefa de divulgar o Espiritismo, congregar corações e semear o amor, estava falando pela primeira vez em Frederico Westphalen.

O evento, organizado pelos Centros Espíritas Mensageiros da Luz e Caminhos da Luz, foi realizado no Ginásio do Itapagé.

Durante a sessão de autógrafos, o Semeador de Estrelas concedeu rápidas entrevistas às Rádios Cruz Alta e Pop Rock FM; Rádio da Hora da Universidade Federal de Santa Maria, Campus Frederico Westphalen; Rádio Landell FM, de Palmeira das Missões; e para o jornal O Alto Uruguai, de Frederico Westphalen.

Um público de aproximadamente 3.500 pessoas foi recepcionado por belas interpretações musicais, harmonizando o ambiente. Divaldo, assomando à tribuna, disse que é natural que a existência terrena apresente eventos inesperados, intempestivamente, ocasionando mudanças nos projetos de vida e  conduzindo a criatura para situações jamais imaginadas.

Iluminando corações, narrou comovente e real história publicada em 1939 na obra Estes Dias Tumultuosos, do escritor, jornalista holandês-canadense Pierre van Paassen (1895-1968), pastor Luterano, consciente de que o seu próximo deve ser compreendido e amado. A história se refere a um jovem francês de nome Ugolin.

Pierre van Paassen perdeu todos os membros de sua família na II Guerra Mundial. Ugolin foi um jovem portador de deformações físicas provocadas pela violência paterna e que vivia pelas ruas parisienses do pós-guerra. Abandonado e excluído da sociedade, ele vivia da generosidade alheia e de pequenos favores. Órfão, possuía somente como família a irmã. Ela vivia da prostituição.

Pierre van Paassen e Ugolin tornaram-se amigos. O afeto mútuo os unia, plenificando-se em carinho e amor. No desenrolar dos dias o convívio entre ambos se estreitou. Como se aproximava o Natal, Ugolin solicitou de presente um par de sapatos. O escritor aguardava a noite de Natal para entregar a Ugolin o par de sapatos tão desejado. Na véspera do Natal, Ugolin não apareceu. Um grupo de jovens alcoolizados amarrou o jovem excluído a um poste, após despi-lo, surrando-o barbaramente.

Diante da balbúrdia, o Abade de La Roudaire, sacerdote da igreja local, interferiu, fazendo com que os delinquentes fugissem. Retirando do poste o jovem exangue, o abade levou-o até a casa paroquial para ali passar a noite. Pela manhã, o religioso não o encontrou no leito onde o tinha deixado. Mais tarde o abade soube que Ugolin havia cometido suicídio. Sua irmã, ao tomar conhecimento dos fatos, não suportando a dor e desalentada, igualmente suicidou-se.

Apesar de a Igreja Luterana proibir atos litúrgicos aos suicidas, o funeral de ambos foi oficiado pelo abade, que, após orar junto aos corpos dos irmãos, cujas vidas foram de aflições, sofrimento e abandono, dirigiu-se aos fiéis que lotavam a igreja afirmando que aqueles jovens infelizes não seriam considerados por Deus como suicidas, mas na condição de assassinados pela maldade e crueldades humanas. No sermão, o abade, dirigindo-se ao público, formulou um questionamento hipotético de Deus:

- Abade de La Roudaire, que fizeste das ovelhas que te confiei?

Feita essa pergunta três vezes, o abade respondeu:

- Não foram ovelhas que tu me mandaste, eram lobos sob peles de ovelha.

Essa instigante, comovente e real história encontra-se estampada, em detalhes, no livro Divaldo Franco e o Jovem, da Editora LEAL.

A narrativa despertou a emotividade. Tanto o autor da história, Pierre van Paassen, quanto o abade de La Roudaire, não conseguiram consolar e auxiliar com eficiência a Ugolin e sua irmã, pois que não aceitavam a doutrina da pluralidade das existências e por essa razão não conseguiram explicar as razões do grande sofrimento de ambos ante a vida. Teria Deus esquecido os dois irmãos ou se tratava de um castigo da Divindade? Era a questão insistentemente formulada por Ugolin e que o religioso e o escritor não conseguiram responder adequadamente.

O princípio da reencarnação – associado ainda à existência de Deus, à possibilidade de comunicação entre ambos os planos da vida, à existência da alma e seu progresso gradativo e à pluralidade dos mundos habitados – forma a base da Doutrina Espírita.

O Espiritismo faculta o desenvolvimento de objetivos transcendentais, além de ser O Consolador prometido por Jesus que vem explicar que os sofrimentos têm uma razão de ser. Não se trata de castigo, mas sim oportunidades que a Divindade oferece – a lei de Ação e Reação – ou por necessidade de evolução, criando oportunidades para o desenvolvimento de qualidades. As reencarnações, juntamente com a imortalidade da alma, formam o magnífico mecanismo para o reajuste com as Leis Soberanas. Compete ao ser humano, de posse desse conhecimento libertador, tornar-se instrumento com o qual irá construir a evolução moral e espiritual.

Não há, portanto, razão para que a criatura humana se deixe envolver pelo pessimismo dos dias atuais e que rondam a sociedade nos estertores deste mundo de Provas e Expiações. Relacionando com a palpitante história, Divaldo Franco foi alinhando formulações à luz do Evangelho de Jesus, consolando e esclarecendo aqueles miseráveis que perambulam pelas cidades. Saibamos, disse Divaldo, descobrir os invisíveis da sociedade, acolhendo-os, sendo-lhes solidários, fraternos e caridosos. Amai-vos uns aos outros! Vale a pena amar, repartir a esperança, acreditar no outro. Cada indivíduo deveria sentir-se tocado pelas mãos de Deus, que chega em forma de bênçãos generosas, tendo a honra de fazer o bem. As mágoas devem ser deixadas de lado, abrindo possibilidades para agradecer pela vida e como ela se apresenta.

Apesar dos dias tumultuosos da atualidade, em que as aflições, ódios, intolerâncias, sofrimentos e violências imperam e em que as pessoas – ao invés de se amarem umas às outras como preconizado por Jesus – elegem armar-se umas contra as outras, no âmbito material e emocional, urge aceitar e viver a proposta de Jesus, amando mais, tornando-nos mais gentis, tolerantes, pacíficos e  mansos, em acordo com os ensinamentos registrados no Sermão da Montanha,  permitindo a formação de uma humanidade mais justa e feliz. Declamando o Poema da Gratidão, Divaldo Franco, ensejou a oportunidade para muitas reflexões, convictos na reencarnação, na imortalidade da alma e do ajuste às Leis Soberanas. Os generosos aplausos foram os agradecimentos dos corações ternos ao ínclito orador baiano.

Passo Fundo, 28 de agosto – Retornando mais uma vez a Passo Fundo, Divaldo Franco proferiu conferência no Centro de Eventos da Universidade de Passo Fundo. No espaço de tempo dedicado aos autógrafos, o lídimo trabalhador do Cristo concedeu breves entrevistas para diversos órgãos de comunicação social de Passo Fundo e região. A Prece de São Francisco cantada e tocada ao violão, asserenou o público, bastante disciplinado, dando início ao magnífico evento que reuniu em torno de 7.000 mil pessoas, acomodadas em ambientes internos e externos.

Fernando Carlos Bicca, líder do movimento espírita regional e coordenador do evento, destacou sentir imensa alegria, saudando os presentes e os internautas que acompanhavam o evento virtualmente. Enaltecendo os feitos de Divaldo em favor dos homens, frisou que o Semeador de Estrelas tem contribuído grandemente para a melhoria do planeta, melhorando as criaturas humanas, tornando-as mais dignas, mais justas, honradas, éticas, amorosas. “Por isso, Passo Fundo o recebia com carinho e amor”, exclamou o confrade.

Chamado à tribuna, Divaldo Franco, ícone do Espiritismo na atualidade, sensibilizado, agradeceu as referências elogiosas a ele dirigidas, dizendo que havia aprendido a amar Passo Fundo desde que a visitou pela primeira vez, há mais de 50 anos.

“Se um único homem atingir o mais alto grau de amor, será suficiente para neutralizar o ódio de milhões.” (Mohandas Karamchand Gandhi).

Com esta frase, começou a excelente conferência. Incomparável, Gandhi mudou o conceito de paz entre as criaturas humanas.

Apoiando-se na obra Perdão Radical, de Brian Zahnd, o conferencista narrou a história vivida por Simon Wiesenthal (1908-2005), sobrevivente de campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial, autor do livro Os Girassóis.

Estando no campo de Mauthausen, durante o conflito, foi ele procurado por uma enfermeira que o levou a visitar um soldado alemão gravemente enfermo e que desejava falar com um judeu e pedir-lhe perdão. Karl Silberbauer, da Gestapo, já em seus últimos dias, implorou o perdão de Simon. Karl havia sido educado no Cristianismo, mas, fascinado pelo discurso de Hitler, ingressou na juventude hitlerista, passando mais tarde a integrar a Gestapo. Nessa condição havia cometido vários atos de barbárie. Estava, no entanto, arrependido em seu leito de morte. Tendo sido ferido, ele agonizava.

No diálogo com Wiesenthal, Karl procurou certificar-se de que seu visitante era realmente judeu. Convencido, solicitou dois favores. Um era dizer à sua mãe que estava arrependido e que morrera cristão, relegando o nazismo; o outro era ser perdoado por um judeu, levando em conta as atrocidades que cometera. Wiesenthal cumpriu o primeiro, já o segundo sentia-se incapaz de perdoar.

- Se fosse você, perdoaria? - perguntou Divaldo ao público, levando a uma reflexão sobre o perdão.

Os quatro níveis de consciência – O grande desafio da criatura humana é a própria criatura humana. Interpretar a sua realidade é a proposta do pensamento filosófico. Ela não encontrou ainda a sua plenitude, a felicidade. Não logrou porque não teve a coragem de fazer a viagem interior em uma tentativa eficaz para autodescobrir-se, utilizando-se do amor, compreendendo que é um ser específico.

Apoiando-se nos estudos de George Gurdjieff e de seu discípulo Peter Ouspensky, Divaldo Franco, com seu verbo iluminado, discorreu sobre os quatros níveis de consciência do ser humano. De acordo com Peter Ouspensky, o ser humano pode ser catalogado em quatro níveis de consciência. Consciência de sono é o primeiro nível. Neste está a grande maioria, com raras exceções. É o estágio primário na escala de evolução. Ouspensky afirmou que pelas reencarnações o indivíduo vai adquirindo conhecimento e despertando a consciência. O segundo nível é o de consciência desperta. A criatura humana alcança o discernimento, dá-se conta de que sua existência tem um significado psicológico. Consciência de si mesmo é o terceiro nível estabelecido por Ouspensky. Neste nível o autor apresenta as funções da máquina – o ser humano. A primeira função é a intelectiva. A segunda é a emocional. Na ordem estão as funções instintiva, motora e sexual. A sexta função é a emotiva superior e a intelectiva superior é a sétima. Estas funções devem ser administradas por essa consciência de si mesmo. Peter Ouspensky denominou o quarto nível como o de consciência objetiva, que Allan Kardec chamou de consciência cósmica. O Espiritismo conduz a criatura humana a ter vida em abundância, revelando com ênfase o que o próprio Cristo ensinou.

Utilizando-se de técnicas para que o público se descontraísse, Divaldo conduziu-os para o riso, uma verdadeira terapia de enriquecimento humano, elevando o padrão vibratório, destacando a certeza na imortalidade da alma, seu crescimento com o emprego do perdão, abandonando o ódio, a raiva, tornando-se amoroso, fraterno e caridoso. Deixar de viver na angústia, adotar a alegria de viver com amor, dando ao outro o direito de ser como deseja, é tarefa que se impõe. Jesus disse ser a luz do mundo. Para viver nele e na luz será necessário realizar o exercício da solidariedade, servindo e amando sempre. “Vale a pena amar, vale a pena perdoar”, afirmou o estimado orador.

Finalizando o profícuo trabalho com o Poema da Gratidão, de Amélia Rodrigues, Divaldo foi aplaudido de pé, demoradamente. Envoltos em vibrações de amor e profundo sentimento de servir, todos saíram levando em seus corações a esperança em dias melhores, compreendendo que todos somos os construtores da era nova, a era do amor.

 

Divaldo com amigos em Passo Fundo

 
Nota do autor: 

As fotos desta reportagem são de autoria de Jorge Moehlecke.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita