Estudando as obras
de Manoel Philomeno
de Miranda

por Thiago Bernardes

 

Entre os Dois Mundos

(Parte 5)


Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria de  Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco no ano de 2004.


Questões preliminares


A. Em que consistia a tarefa socorrista para a qual Manoel Philomeno de Miranda se inscreveu?

Conforme explicado pelo irmão Crescên­cio, que administrava, naquela comunidade, as caravanas de viajores que se destinavam à Terra em serviços especiais, seriam formados vários grupos socorristas. Cada grupo seria constituído por cinco servidores capacitados pela vivência do amor para atender aos misteres que lhes dirão respeito. Como Manoel Philomeno foi informado posteriormente, seu grupo prestaria atendimento aos servidores do Evangelho e às pessoas a eles ligadas, no tocante aos casos de obsessão e transtornos emocionais e comportamentais que se apresentassem. (Entre os dois mundos. Capítulo 4: Comentários e reflexões felizes.)

B. Quem era o Dr. Arquimedes Almeida, responsável pelas tarefas socorridas mencionadas nesta obra?

Dr. Arquimedes Almeida fora, quando da última existência física, abnegado médico psi­quiatra no Brasil, que se dedicara ao cuidadoso trabalho de identificar as psicopatologias mentais e obsessivas. Fora ele uma das poucas vozes que se levantaram para discordar do tratamento cirúrgico para a esquizofrenia e a paranoia, mediante a lobotomia pré-frontal, proposta e realizada mediante o seccionamento das conexões entre as partes frontais do cérebro e o resto do encéfalo, pelo emi­nente neurologista português Dr. Egas Moniz, que, objetivando acalmar os pacientes violentos, considerados irrecuperáveis, terminava por robotizá-los, tornando-os incapazes de pensar e de agir com discernimento.  (Entre os dois mundos. Capítulo 4: Comentários e reflexões felizes.)

C. Qual foi a contribuição do Dr. Carl Wickland no trato das chamadas alienações mentais?

O psiquiatra norte-americano Dr. Carl Wickland, da Faculdade de Me­dicina de Chicago, foi o pioneiro da psicoterapia por meio do esclarecimento do agente desen­carnado que perturbava os pacientes humanos, os quais se manifestavam, invariavelmente, por sua esposa, inicialmente no seu consultório e, posteriormente, no seu Instituto Nacional de Psicologia, em Los Angeles, Califórnia. (Entre os dois mundos. Capítulo 4: Comentários e reflexões felizes.)


Texto para leitura


61. Comentários e reflexões felizes – Manoel Philomeno confessa que não saberia definir se eram as ondas musicais que percorriam o recinto produzindo as variantes cores da luz suave, ou se eram as vibrações luminosas que se transformavam em música de beleza incomum. A verdade é que aquele momento se tornaria inolvi­dável para ele, em razão das inebriantes harmonias que percorriam o ar, impregnando-o profundamente. Acercando-se do venerando Policarpo, Petitinga e ele não conseguiam controlar a crescente emoção de júbi­los que os dominava. É que pela primeira vez ele poderia contatar diretamente com um Emissário de Jesus que se notabilizara pela elevação mo­ral e pela excelência da sabedoria de que era portador. Quando lhe foi facultado o momento de lhe direcionar a palavra, Policarpo surpreendeu­-o dizendo: “Tenho conhecimento das incursões que os irmãos Petitinga e Miranda realizam com periodicidade ao amado orbe terrestre, objetivando auxiliar os que se perderam nas sombras da ilusão, distantes do dever e intoxicados pelas paixões asselvajadas. Igualmente, estou ciente do valioso trabalho que re­alizam enviando de nossa esfera notícias frequentes aos de­ambulantes do globo físico, relatando essas experiências, a fim de que se conscientizem das responsabilidades que lhes dizem respeito e compreendam a urgência que se lhes impõe em torno da própria transformação moral”. (Entre os dois mundos. Capítulo 4: Comentários e reflexões felizes.)

62. Na sequência, o mártir do Cristianismo esclareceu: “Na pauta de nossa programação, apenas há espaço para cooperadores experientes, considerando-se a gravidade dos cometimentos estabelecidos, que têm normativas espe­cíficas e inadiáveis. Aqueles que se apresentarem volunta­riamente e forem selecionados para essas atividades estarão enfrentando desafios e dificuldades pouco comuns, envol­tos em sombras densas, não obstante a proteção dos céus. Como é digno o trabalhador do seu salário, não lhes fal­tarão vigor nem inspiração para todos os momentos. No entanto, o êxito do empreendimento muito dependerá de como o obreiro se comporte, considerando-se a delicadeza e a austeridade da ação. O martírio, por amor a Jesus, é impositivo do momento, conforme acentuamos, há pouco, porém com ca­racterísticas diversas daquele que fertilizou a história do Cristianismo nascente. Os mártires do passado ofereciam a existência física para demonstrar a fé na imortalidade, desprezando as ofertas do mundo transitório que trocavam pe­las dadivosas concessões do Reino dos Céus com verdadeiro júbilo estampado na face, fortalecidos na decisão... Apesar da sua grandiloquência, é muito fácil morrer em um mo­mento, sem dores prolongadas nem expectativas angustian­tes. Hoje, permanecem os mesmos propósitos, no entanto os apóstolos do bem deverão viver largos anos, a fim de cui­dar das vidas que lhes são confiadas sob chuvas de amar­guras e pedradas de ingratidão. Ao mesmo tempo, vicejam as facilidades de corrupção, de prazer doentio e fascinante, convidando à deserção, o que sempre constitui desafio para a difícil vitória. Nessa luta, o compromisso negativo estará disfarçado de sensatez e a alegria se misturará à algazarra e à vulgaridade da conduta leviana. Serão necessários muito discernimento na eleição da conduta a ser mantida e grande valor moral para manter-se feliz sem os tóxicos da mentira ou do engodo”. (Entre os dois mundos. Capítulo 4: Comentários e reflexões felizes.)

63. Policarpo informou, em seguida, que, quando se encerrassem aquelas atividades, o irmão Cres­cêncio estaria aguardando os voluntários, a fim de recrutá­los e uni-los em tarefas que deveriam atender junto aos tra­balhadores de Jesus que se encontram sitiados pelas rudes circunstâncias no mundo material. Esses companheiros não podem prescin­dir do convívio psíquico das altas esferas nem dos seus men­sageiros, que os estarão animando e inspirando o melhor comportamento a ser mantido, de forma que preservem os compromissos abraçados. Manoel Philomeno confessa que, ao final do contato direto com o mártir, seu desejo era beijar-lhe os pés, em atitude de respeito e de gratidão, mas não se atreveu a fazê-lo. Não havia, na sua figura venerável, nada que lhe permitisse arroubos, em face da harmonia inefável que dele se irradiava, impregnan­do todos aqueles que se lhe acercavam. Ele e Petitinga afastaram-se, então, retornando aos seus lugares, qua­se que flutuando no ar, e acompanharam, inebriados pela beleza das circunstâncias, o suceder de espíritos dedicados, ansiando pela oportunidade de se entregarem ao bem. (Entre os dois mundos. Capítulo 4: Comentários e reflexões felizes.)

64. No dia seguinte, Manoel Philomeno foi em busca do irmão Crescên­cio, que administrava, naquela comunidade, as caravanas de viajores que se destinavam à Terra em serviços especiais. Quando foi atendido pelo experiente obreiro da caridade, Crescêncio minudenciou-lhe o plano, explicando com simplicidade: “Cada grupo será formado por cinco servidores que estão capacitados pela vivência do amor para atender aos misteres que lhes dirão respeito. Evidentemente, que as atividades exigirão vigilância e dedicação, em face das armadilhas das trevas, igualmente laboriosas e, sem dú­vida, perversas. Tendo conhecimento que os irmãos-amigos são afei­çoados ao atendimento às perturbações de natureza obsessi­va em suas múltiplas faces, reservamos para ambos serviços nesse campo, no qual outras equipes também atenderão, porém cada qual, com definidos compromissos, sem inter­ferência de ações umas nas outras. Descer à Terra, nestes momentos, é como mergulhar em densa neblina com dificuldade de avaliar os contornos que aparecem quando se está numa paisagem desconheci­da. A densidade de vibrações grosseiras que predominam em algumas partes do globo onde teremos que proporcio­nar luz, pode gerar confusão e traumatismo emocional, ao lado das multidões espirituais enfermas que nelas se movimentam, nutrindo-se dos fluidos deletérios acumu­lados... Exteriorizados pelas mentes encarnadas e reabsor­vidos, alguns indivíduos são vítimas de si mesmos, gra­ças aos pensamentos e comportamentos que se permitem, enquanto outros se intoxicam no ambiente pestífero em que se alojam psiquicamente, vitimados por sequazes da mesma espécie evolutiva, em obsessões inomináveis. To­dos, porém, dominados pelo intercâmbio de pensamentos perturbadores que obnubilam a razão e impedem o claro discernimento em torno dos valores humanos. Será, portanto, nesse clima mental e emocional, que iremos colocar as balizas do amor e acender claridades que dissipem as sombras dominadoras, abrindo brechas emocio­nais que facultem o despertamento”. (Entre os dois mundos. Capítulo 4: Comentários e reflexões felizes.)

65. Depois de estimulá-lo com palavras de alento e re­conforto moral, o mentor encaminhou Manoel Philomeno ao responsável pela reali­zação, que ele já conhecia  pelas referências que lhe chegavam em torno do seu ministério de abnegação. Tratava-se do Dr. Arquimedes Almeida, que fora, quando de sua última existência física, abnegado médico psi­quiatra no Brasil, e que se dedicara ao cuidadoso trabalho de identificar as psicopatologias mentais e obsessivas. Fora ele uma das poucas vozes que se levantaram para discordar do tratamento cirúrgico para a esquizofrenia e a paranoia, mediante a lobotomia pré-frontal, proposta e realizada mediante o seccionamento das conexões entre as partes frontais do cérebro e o resto do encéfalo, pelo emi­nente neurologista português Dr. Egas Moniz, que, obje­tivando acalmar os pacientes violentos, considerados irrecuperáveis, terminava por robotizá-los, tornando-os incapazes de pensar e de agir com discernimento. Por essa audaciosa descoberta recebeu, juntamente com Valter Rodolfo Hess, o Prêmio Nobel de Fisiologia e de Medicina. Era, portanto, muita coragem discrepar de tão res­peitado cientista, desenvolvendo a tese de que tanto a es­quizofrenia como a paranoia podiam ser tratadas por me­dicamentos químicos e outras terapias, sem a necessidade cirúrgica, afirmando que as suas causas encontravam-se no espírito e não no cérebro, embora este apresentasse os fato­res que geravam os gravíssimos transtornos mentais. (Entre os dois mundos. Capítulo 4: Comentários e reflexões felizes.)

66. Havendo adotado a visão espírita a respeito das alie­nações mentais, conhecimentos que haurira no estudo do Espiritismo, Dr. Arquimedes Almeida apoiou as notáveis contribuições do psiquiatra norte-americano Dr. Carl Wickland, da Faculdade de Me­dicina de Chicago, realizadas em seu consultório e, poste­riormente, no seu Instituto Nacional de Psicologia, em Los Angeles, Califórnia. Dr. Wickland houvera sido corajoso pioneiro da psicoterapia por meio do esclarecimento do agente desen­carnado que perturbava os pacientes humanos e que se in­corporava, invariavelmente, em sua esposa. Antes dele, porém, no Brasil, o emérito Dr. Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti já houvera demonstrado a interferência perniciosa dos desencarnados em aflição na conduta humana, gerando psicopatologias muito graves e publicara excelente obra a esse respeito muito antes do psi­quiatra norte-americano tê-lo realizado. Enquanto repassava mentalmente a saga do Dr. Wi­ckland, Manoel Philomeno recordava-se de que mesmo ele não ficara indene à mistificação de espíritos que se apresentavam com nomes respeitáveis, informando estar de retorno do além-túmulo para corrigir informações que haviam deixado como legí­timas, especialmente a respeito da reencarnação. É que, trabalhando sem o conhecimento do Espiritismo, o preclaro investigador não cuidou de se­parar os diversos fenômenos do animismo, do personismo e do mediunismo puro, havendo sido iludido com revela­ções equivocadas em torno de questão que conflitava com a crença da médium a respeito das vidas sucessivas, ao mesmo tempo abrindo espaço para a incursão de algumas entidades levianas e enganadoras. Isso, porém, em nada diminui a grandiosidade do seu pioneirismo, do seu trabalho valioso a respeito da obsessão, das suas causas e dos tratamentos correspondentes. (Entre os dois mundos. Capítulo 4: Comentários e reflexões felizes.) (Continua no próximo número.)


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita