Traço da realidade
“A vida não vingou no planeta através do combate, mas
através da parceria, do compartilhamento e do trabalho
em rede.”
Fritjof Capra
A vontade do Criador, na essência, é para nós a atitude
mais elevada que somos capazes de assumir, onde
estivermos, em favor de todas as criaturas. Seja qual
for a experiência, Deus está conosco em todos os
caminhos. Isso não significa omissão de
responsabilidade. Não há consciência sem compromisso,
como não existe dignidade sem lei. O peixe mora
gratuitamente na água, mas deve nadar por si mesmo. A
árvore é plantada livremente no solo e ali é chamada
para produzir. Ninguém recebe talentos da vida para
escondê-los ou reprimi-los. É necessário aprimorar,
melhorar nossas imperfeições tanto quanto possível.
Nascemos para realizar o progresso em nós e no meio em
que atuamos e assim o faremos forçados pela lei de
progresso.
Ante qualquer situação, não hesitemos quanto à atitude
mais elevada a qual nos achamos intimidados pelos
propósitos divinos diante da consciência. Para
encontrá-la, basta realizar o melhor de si em benefício
dos outros, porque a vontade de Deus, sustentando o bem
de todos, nos atende ao anseio da paz e felicidade,
conforme a paz e a felicidade que ofereçamos a cada um.
Cada um de nós vive ligado a um grupo de companheiros
que constitui laços do pretérito ou objetos do agora,
junto dos quais somos convidados a educar a vida e o
coração para a existência Maior. Às vezes parecem
inadequados, mas procuremos esquecer que são agora o que
são, talvez porque um dia fomos nós dessa maneira ou
ainda o somos e nem percebemos.
É no lar que iniciamos o apostolado da confraternização,
meditando nas dificuldades de cada um, com
solidariedade, tolerância, apoio e compreensão.
Aceitemos o companheiro que não é ou não faz aquilo da
forma como gostaríamos, como sendo criatura algemada a
compromisso que desconhecemos. Usando o amor que o
Evangelho nos indica a fim de que se nos reduzam as
deficiências recíprocas, entendamos que sem a
convivência desses companheiros mais difíceis, seríamos
iguais a alunos obrigados à frequência da escola sem
material de lição. Em verdade, todos nós estamos
situados em intenso parque de oportunidades para o
trabalho, a renovação e melhoria.
O tempo é comparável ao solo e o serviço é a plantação.
Então, ninguém vive deserdado da participação das boas
obras, pois cada um de nós colherá aquilo que semeou. A
vida é troca incessante e aqueles a quem protegemos nos
serão protetores um dia.
Hoje alguém surge diante de nós suplicando apoio.
Amanhã, diante de alguém, surgiremos nós. Quase todos,
porém, aguardamos a melhor situação para contribuir, de
algum modo, com grandes realizações, plenamente
esquecidos de que um rio se compõe de fontes pequenas e
que nenhum de nós, em louvor do bem, deve esperar o
amanhã para começar, porque ocasiões não faltam no campo
de trabalho no qual fomos colocados para a tarefa
redentora.
Apresentemos, pois, os resultados de nosso esforço na
vida diária, auxiliando quanto, como, onde e sempre que
pudermos para o erguimento do bem comum. Não esperemos
para amparar os semelhantes, pois esta é a construção da
própria felicidade e da almejada liberdade, uma vez que
tudo o que damos à vida, na pessoa do próximo, é
justamente aquilo que a vida nos restitui.
Bibliografia:
XAVIER, C. Francisco – VIEIRA, Waldo – Estude e Vida
– ditado pelos espíritos Emmanuel e André Luís – 14ª
edição – Brasília /DF/ Editora FEB – 2013.
XAVIER, C. Francisco – Pronto-Socorro – ditado
pelo espírito Emmanuel – 1ª edição – Brasília /DF/
Editora FEB – 2015 – capítulo 24.