Falar
“Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim. Não, não...”
Jesus (Mateus, 5:37)
Falando, construímos.
Não admitas em tua palavra o corrosivo da malícia ou o
azinhavre da queixa.
Fala na bondade de Deus, na sabedoria do tempo, na
beleza das estações, nas reminiscências alegres, nas que
induzam ao reconforto.
Nos lances difíceis, procura destacar os ângulos capazes
de inspirar encorajamento e esperança.
Não te refiras a sucessos calamitosos, senão quando
estritamente necessário e ora em silêncio por todos
aqueles que lhes sofreram o impacto doloroso.
Tantas vezes acompanhas com reverente apreço os que
tombam em desastre na rua!...
Homenageia igualmente com a tua compaixão respeitosa os
que resvalam em queda moral, acordando em escabroso
infortúnio do coração!...
Se motivos surgem para admoestações, cumpre o dever que
te assiste, mas lembra que o estopim é suscetível de ser
apagado antes da explosão e reprime os ímpetos de fúria,
antes que estourem na cólera.
Em várias circunstâncias, a indignação justa é chamada à
reposição do equilíbrio, mas deve ser dosada como o
fogo, quando trazido ao refúgio doméstico para a
execução da limpeza, sem que, por isso, tenhamos
necessidade de consumir a casa em labaredas de incêndio.
Larga à sombra de ontem os calhaus que te feriram...
A noite já passou na estrada que percorreste e o sol do
novo dia nos chama à incessante transformação.
Conversa em trabalho renovador e louva a amizade
santificante.
Não te detenhas em demasia sobre mágoas, doenças,
pesadelos, profecias temerárias e impressões infelizes;
dá-lhes apenas breve espaço mental ou verbal, semelhante
àquele de que nos utilizamos para afastar um espinho ou
remover uma pedra.
Não comentes o mal, senão para exaltar o bem, quando
seja possível extrair essa ou aquela lição que ampare a
quem lê ou a quem ouve, enobrecendo a vida.
Junto do desespero, providencia o consolo, sem a
pretensão de ensinar, e, renteando com a penúria,
menciona as riquezas que a Bondade Divina espalha a
mancheias, em benefício de todas as criaturas, sem
desconsiderar a dor dos que choram.
Ilumina a palavra. Deixa que ela te mostre a compreensão
e o amor onde passes, sem olvidar o esclarecimento e sem
prejudicar a harmonia.
O Cristo edificou o Evangelho, por luz inapagável, nas
sombras do mundo, não somente agindo, mas conversando
também.
Do Livro da Esperança, obra mediúnica
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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