Entrevista
por Orson Peter Carrara

Ano 11 - N° 534 - 17 de Setembro de 2017

Osmar Marthi Filho: “Espiritismo é cabeça, coração e mãos”

Espírita de nascimento, natural e residente em Sorocaba (SP), graduado em Letras e pós-graduado em Ensino da Língua Portuguesa, Osmar Marthi Filho (foto) é economiário e vincula-se à SEFIF – Sociedade Espírita e Filantrópica Irmã Francisca, na mesma cidade. Expositor espírita, responde também pela divulgação e comunicação interna na instituição, sendo membro do Depto. Doutrinário, cabendo-lhe ainda a coordenação das palestras públicas e expositores.

Situe para o leitor a cidade de Sorocaba nos quesitos geoconômico, demográfico e social. 

Sorocaba é sede de Região Metropolitana, tendo aproximadamente 650.000 habitantes. Situada na região sudeste do Estado de S. Paulo, a 90 Km da capital, também 90 km de Campinas e 250 km da divisa com o Paraná (região de Itararé), tem o quarto maior PIB per capita do Estado. Sua atividade econômica é diversificada, com indústrias de grande porte, como a montadora de automóveis Toyota e algumas de suas fornecedoras, indústrias metal-mecânicas, de energia eólica e alimentícias, bem como comércio e serviços, especialmente na área de medicina. Possui também campus de Universidades Públicas como UNESP, UFSCAR, FATEC, e particulares, inclusive com uma Faculdade de Medicina da PUC São Paulo.

Quando e como surgiu a Sociedade Irmã Francisca? Quem são seus fundadores? É pioneira na cidade?

A Sociedade Espírita e Filantrópica Irmã Francisca - SEFIF surgiu a partir do trabalho de sua fundadora, a querida D. Avelina Garcia Guerreiro, espanhola de nascimento, que com cinco anos de idade mudou-se com a família para Sorocaba e a partir de seus trinta e poucos anos passou a ver mediunicamente sua sogra, recém-desencarnada, carinhosamente chamada de Irmã Francisca, que a avisou para preparar-se, que ambas iriam trabalhar muito juntas, beneficiando muitas pessoas. D Avelina, que já conhecia a Doutrina Espírita passou a estudá-la ainda mais, bem como a exercitar sua mediunidade no Centro Espírita Fé em Deus, um dois mais antigos da cidade, até que seu fundador, o Sr. Luis Brenga, sugeriu a ela que passasse a desenvolver a tarefa da mediunidade em sua casa, atendendo diversas pessoas que a procuravam, até que em 5 de maio de 1955 oficializou-se a Fundação da instituição, a princípio funcionando na casa de D Avelina, até 1970, quando a sede própria foi inaugurada, com palestra do querido Divaldo Pereira Franco. A sociedade até hoje funciona na Rua Tamandaré. Em 1995 a sede foi reformada e ampliada para três pavimentos, tendo dois amplos salões para palestras,  diversas salas para estudos doutrinários e atividades de Evangelização de Espíritos (crianças e jovens), um lindo jardim, que chamamos de Jardim do Amor e outro prédio onde funcionam nossas atividades de amparo a nossos irmãos necessitados materialmente. Nosso site é www.sefif.org.br

Qual o principal perfil da instituição?

O principal perfil da Casa é a atividade de divulgação e busca pela vivência da Doutrina Espírita através dos Estudos Doutrinários, com aproximadamente 200 alunos regularmente estudando a Doutrina atualmente, em diversas salas, semanalmente, e também a atividade de Evangelização de Espíritos (crianças, jovens e grupo de pais), que é uma forte marca de nossa Casa há muitos anos.

Com atividades em todos os dias da semana, como é administrar os recursos humanos envolvidos?

Temos hoje aproximadamente 350 voluntários, entre evangelizadores de crianças e jovens, expositores de palestras e estudos doutrinários, colaboradores das atividades manuais, como artesanato, enxoval para as gestantes que amparamos, trabalhadores das reuniões públicas (às segundas-feiras, 19h e 20h30, quintas-feiras, 14h, sextas-feiras, 20h, e domingos 10h). Embora com expressivo número de voluntários, como temos em todos eles a base do conhecimento Doutrinário e a proposta de vivenciarmos a fraternidade ensinada por Jesus entre nós e com nossos frequentadores, temos historicamente a marca da disciplina fraterna, do respeito mútuo em prol da causa de Jesus, num clima de compreensão e colaboração amorosa.

Vemos que existe uma programação diurna e não apenas noturna. Em termos de integração com o movimento espírita local e regional, como ocorre? 

Temos atividades todos os dias, de segunda a segunda, seja à noite, de manhã ou à tarde, seja com grupos mediúnicos (nove no total, restritos aos respectivos trabalhadores), seja com reuniões abertas de reflexão do Evangelho, voluntárias do artesanato, amparo às gestantes, costura, dentre outras atividades. Quanto à integração com o movimento espírita temos em nossa Casa a sede provisória da AME Sorocaba, Associação Médico-Espírita, e temos também atuado junto à USE em atividades conjuntas, como Encontros de jovens, Evangelização infantojuvenil, dentre outros eventos. Colaboramos também com alguns eventos da Rede Boa Nova de Rádio.

De suas lembranças com a vida da instituição nestas últimas décadas, qual a mais marcante?

De todos esses anos em que estou na instituição e me lembro, pois frequentei nela desde a infância, Evangelização Infantil, Mocidade, estudos doutrinários, e aí se vão 45 anos, destaco, além do trabalho do estudo doutrinário, Evangelização de crianças e jovens, a harmonia, organização e disciplina fraterna que encontramos na SEFIF. São muito fortes os diversos depoimentos de companheiros relatando como a Casa os auxiliou, seja através do Atendimento Fraterno, do conhecimento doutrinário, das oportunidades de trabalho voluntário que ela oferece, bem como pela formação de trabalhadores. Isso para mim é marcante na Casa.

De suas experiências doutrinárias, o que gostaria de destacar ao leitor?

Tenho visitado inúmeras Casas espíritas em 30 anos de atividades doutrinárias, em Sorocaba, cidades próximas, mais distantes e também através dos programas que apresento na Rede Boa Nova de Rádio – o Revelação (estudo do livro A Gênese, às quintas-feiras, 22h) e Espelho da Vida (comentando músicas e textos à luz da Doutrina, aos sábados, 18h) e dessas experiências destaco como precisamos da Doutrina, hoje mais do que nunca, para nos conhecermos, nos melhorarmos e melhorarmos o mundo em que vivemos. Doutrina que nos mostra quem somos, o que estamos aqui fazendo, mas sobretudo nos convida a amar, amar como Jesus nos amou. Toca-nos muito ver como o conhecimento da Doutrina muda as pessoas, quando entendem profundamente a Doutrina. Isso para mim é marcante.

Que mais lhe chama atenção no conteúdo espírita e no público envolvido com as atividades da Casa?

A busca pela transformação moral, a partir do conhecimento espírita, pelo trabalho ao próximo, pela vivência da fraternidade.

Se algo pudesse dizer aos leitores sobre a importância do Espiritismo em nossa vida e da instituição no contexto social local, em que frase resumiria tudo isso?

Numa frase de Emmanuel, que D. Avelina sempre nos lembrava: Espiritismo é cabeça, coração e mãos. Ou seja, conhecimento da Doutrina, sentimento dela mas sobretudo nossas atitudes transformadas por ela.

Suas palavras finais.

Caros leitores, amigos, ouvintes, participantes das Casas Espíritas, simpatizantes da Doutrina, a hora que atravessamos no Brasil e no mundo é grave, de grandes mudanças ético-morais, e nós, espíritas, precisamos perseverar em nossa fé, dar testemunho da vivência espírita, sendo extremamente éticos, honestos, tolerantes, fraternos, compreensivos, mas também firmes em nosso propósito de construir o Homem novo em nossa intimidade. Importante que continuemos! que continuemos firmes em nossa proposta de construir o Reino de Deus em nós!   

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita