A Revue Spirite de
1861
Parte 3
Damos prosseguimento nesta
edição ao estudo da Revue Spirite de 1861, mensário
de divulgação espírita fundado e dirigido por Allan
Kardec. Este estudo é baseado na tradução para o idioma
português efetuada por Júlio Abreu Filho e publicada
pela EDICEL. As respostas às questões propostas estão no
final do texto sugerido para leitura.
Questões para debate
A. Como Kardec entendia a questão da convicção?
B. Que missão está confiada à moral evangélica cristã?
C. No tocante à questão social, qual o papel da fé?
Texto para leitura
37. Assevera Kardec: “O materialismo diz: Nada há fora
da matéria. O espiritualismo diz: Há alguma coisa, mas
não o prova. O Espiritismo diz: Há alguma coisa, e o
prova. E, auxiliado por sua alavanca, explica o que até
agora era inexplicável. É o que faz com que o
Espiritismo reconduza tantos incrédulos ao
espiritualismo”. (P. 76)
38. Na Sociedade Espírita de Paris, a 30 de novembro de
1860, Andrê Chénier (Espírito) escreveu: “Não vos
inquieteis com o que o mundo pode escrever contra o
Espiritismo. Não é a vós que atacam os incrédulos, é ao
próprio Deus. Mas Deus é mais poderoso do que eles”. São
Luís já havia dito, anteriormente, que semelhantes
artigos não fazem mal senão aos que os escrevem; não
fazem mal nenhum ao Espiritismo, que ajudam a espalhar.
(PP. 78 e 79)
39. Em carta ao Sr. Deschanel, Kardec lhe diz que a
convicção só é adquirida por estudos sérios, realizados
sem prevenção, sem ideias preconcebidas e por numerosas
observações, feitas com paciência e perseverança. (P.
80)
40. Contestando a pecha de ser o Espiritismo uma
doutrina materialista, Kardec diz ao Sr. Deschanel que o
Espiritismo tem por base essencial a existência de Deus,
a da alma, sua imortalidade, as penas e as recompensas
futuras. (P. 81)
41. Kardec comenta carta do Dr. Riboli, que examinou a
cabeça de Garibaldi do ponto de vista frenológico. (P.
81)
42. Em seu estudo, Kardec diz que os discípulos de Gall
formam duas escolas: a dos materialistas e a dos
espiritualistas. Os primeiros atribuem as faculdades aos
órgãos, o que é contestado pelos espiritualistas. (PP.
82 e 83)
43. Elucidando o caso do assassinato do Sr. Poinsot, São
Luís diz que os Espíritos têm por missão nos instruir na
vida do bem e não aplainar o caminho que devemos
trilhar. Afastar-se daí é expor-se a sérios enganos.
(PP. 84 e 85)
44. A Revue traz mensagem da Sra. Bertrand,
falecida em 1861 e evocada oito dias depois. “Vi levarem
o meu corpo, mas logo afastei-me”, disse seu Espírito.
“O Espiritismo desmaterializa por antecipação e torna
mais súbita a passagem do mundo terrestre ao mundo
espiritual.” (PP. 87 e 88)
45. O Espírito da Srta. Pauline M... disse que sentiu
uma perturbação no instante da morte; ela julgava não
estar morta, e tal fato durou seis semanas. (P. 91)
46. Em Mulhouse, um Espírito escreveu: “O Cristo foi o
iniciador da moral mais pura, a mais sublime: a moral
evangélica cristã, que deve renovar o mundo, reaproximar
os homens e os tornar a todos irmãos; a moral que deve
fazer jorrar de todos os corações humanos a caridade, o
amor do próximo; que deve criar entre todos os homens
uma solidariedade comum; a moral, enfim, que deve
transfigurar a Terra e dela fazer uma morada para
Espíritos superiores...” (P. 96)
47. Na sequência, explicou o Espírito: “Deus é só e
único, e Moisés é o Espírito que Deus enviou em missão
para se fazer conhecer, não só aos hebreus, mas ainda
aos povos pagãos”. (P. 97)
48. Afirmando que os mandamentos dados por Moisés trazem
o germe da mais pura moral cristã, concluiu o Espírito:
“Foi Moisés quem abriu a estrada; Jesus continuou a
obra; o Espiritismo a acabará”. (P. 97)
49. Aludindo à questão social, um Espírito disse, em
Varsóvia, que os sistemas que não repousam senão nos
interesses materiais são instáveis. É preciso que se
baseiem no desinteresse pessoal, mas para isso é
necessário ter fé. “Sem a fé, que dá a certeza das
compensações da vida futura, o desinteresse é um logro
aos olhos do egoísta.” (P. 99)
50. O mesmo Espírito disse, ainda: “A harmonia do mundo
material é o belo”. E ressalvou: “A harmonia do mundo
espiritual é o amor, emanação divina que enche os
espaços e conduz a criatura ao seu Criador”. (P. 100)
51. A Revue transcreve mensagem de Adolphe, bispo
de Alger, que fala sobre a missão dos que deixam pátria
e família para ir evangelizar tribos ignorantes e
ferozes. A isso ele chama de Espiritismo e aduz. “Não
vos arreceeis desta palavra. Sobretudo, não riais,
porque é o símbolo da lei universal, que rege os seres
vivos da Criação”. (PP. 100 e 101)
52. Dissertando sobre a ingratidão, ensina Sócrates:
“Sabei que, se aquele a quem prestais serviço esquece o
benefício, Deus vo-lo terá mais em conta do que se já
tivésseis sido recompensado pela gratidão do vosso
favorecido”. (P. 103)
53. A Revue publica opinião do Sr. Louis Jourdan
sobre “O Livro dos Espíritos”, em que o escritor diz
que, consideradas em conjunto, as respostas do Livro dos
Espíritos constituem uma doutrina, uma moral, talvez uma
religião. (P. 109)
54. Na sequência, Kardec comenta a opinião do escritor
francês. (PP. 113 a 116) (Continua
no próximo número.)
Respostas às questões
A. Como Kardec entendia a questão da convicção?
Kardec dizia que a convicção só é adquirida por estudos
sérios, realizados sem prevenção, sem ideias
preconcebidas e por numerosas observações, feitas com
paciência e perseverança. A convicção, portanto, não se
transfere nem se ensina: a convicção se adquire. (Revue
Spiritede 1861, p. 80.)
B. Que missão está confiada à moral evangélica cristã?
De acordo com uma mensagem transmitida em Mulhouse, a
moral evangélica cristã deve renovar o mundo,
reaproximar os homens e os tornar a todos irmãos,
fazendo da Terra morada para Espíritos superiores. (Revue
Spirite de 1861, p. 96.)
C. No tocante à questão social, qual o papel da fé?
Em mensagem transmitida em Varsóvia, um Espírito disse
que os sistemas que repousam somente nos interesses
materiais são instáveis. É preciso que se baseiem no
desinteresse pessoal, mas para isso é necessário ter fé.
Sem a fé, que dá a certeza das compensações da vida
futura, o desinteresse é um logro. O papel da fé é,
portanto, indispensável à estabilidade dos sistemas que
se proponham a resolver as questões sociais. (Revue
Spirite de 1861, pp. 99 e 100.)
|