Artigos

por Anselmo F. Vasconcelos

  
A provação enfrentada pelo professor contemporâneo


Quem de nós não guarda lembranças, geralmente positivas, que um(a) professor(a) teve em sua vida? Os professores exercem um papel importante em nossa formação intelectual e ética, além dos familiares, é claro. No fundo das nossas memórias cultivamos lições e temas aprendidos (alguns vitais para as nossas jornadas nesta dimensão), inspirações fornecidas, dúvidas e curiosidades desvendadas, incentivos para o avanço no campo do conhecimento e da cidadania, ideias e pensamentos salutares, entre tantas outras coisas significativas, associadas à figura de um(a) professor(a).

Nesse sentido, como eu poderia esquecer a advertência da Dona Mercedes, minha professora de Educação Moral e Cívica no ginásio (hoje a denominação é outra). “Nossa liberdade, dizia ela, termina quando começa a dos outros”. Como não considerar o insight oferecido pelo professor Lobo já na faculdade, “Teoria é um conjunto de práticas testadas”.

É evidente que a vida de estudante é profundamente marcada pela interação com os seus educadores. Quando eles são proficientes – como sói acontecer em qualquer esfera da vida – recordamos deles com carinho e agradecimento pelo que nos ajudaram a conquistar e/ou superar. Por essa razão sou muito grato, especialmente a alguns deles, que me auxiliaram a entender certos temas espinhosos de matemática e estatística.

Inquestionavelmente, o trabalho do(a) professor(a) é fundamental para o desenvolvimento de uma nação. Não é por outro motivo que alguns países estão obtendo avanços expressivos em determinadas áreas graças a sistemas de ensino eficientes e professores bem preparados. De fato, precisamos muito de mestres dedicados para nos ajudarem a enfrentar os desafios altamente complexos e intrincados da vida hodierna. Sem exagero, ser professor é abraçar uma profissão maravilhosa por tudo que representa e fornece de benéfico para as nossas existências, embora na atualidade não se observe a devida valorização e respeito a essa classe profissional. Como desabafou recentemente uma educadora num determinado jornal, “Exerço uma das profissões mais dignas do mundo, com um salário miserável”.

Com efeito, levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 2016, identificou que os nossos docentes dos ensinos de nível fundamental e médio recebem menos da metade do que a média dos profissionais de educação dos 35 países membros da citada entidade. Não bastasse essa grave distorção, a onipresente violência que graça no país também está afetando o trabalho do(a) professor(a).

Numa outra pesquisa da OCDE, de 2014, abrangendo 34 países, revelou que 12,5% dos educadores brasileiros sofrem agressões verbais ou intimidações de alunos ao menos uma vez por semana. Enquanto isso, a média entre todos os países pesquisados foi de 3,4%. Ou seja, algo muito grave está acontecendo no seio das famílias brasileiras. Ao que parece, portanto, os pais não estão conseguindo transmitir aos seus filhos o dever e a obrigação de respeitar os seus educadores.

É surpreendente o número de casos de professores agredidos e desrespeitados relatados quase que diariamente pela mídia. Portanto, a conclusão é óbvia: está havendo uma lamentável inversão de valores em nossa sociedade, provavelmente decorrente de uma educação deficiente, em vários aspectos, recebida no lar pelos jovens e adolescentes. Em consequência dessa aberração, os educadores estão completamente expostos a uma violência desmedida e desproposital em seu ambiente de trabalho. Para ilustrar, é por demais chocante e injustificável - sob qualquer parâmetro decente de civilização que se contemple - a imagem da Professora Marcia Friggi com o olho ensanguentado devido a uma agressão física efetuada por um aluno emocionalmente desequilibrado.

Como nos ensina a querida mestra espiritual Joanna de Ângelis, na obra Oferenda (psicografia de Divaldo Franco): “Respeito sempre!”. Sim, o respeito é a base das relações humanas saudáveis. Sem a presença do respeito em nossas interações corremos o sério risco de voltar a ser feras bestializadas. Não há como construir uma civilização pacífica sem o amparo do respeito para suavizar as divergências opinativas.

Aliás, a capacidade de respeitar é uma das mais importantes conquistas humanas na área do comportamento, simplesmente porque “O respeito emite raios confortadores”, conforme observa o Espírito André Luiz, no livro Dicionário da Alma (psicografia de Francisco Cândido Xavier). Joanna de Ângelis acrescenta ainda que “O respeito à pessoa humana é um impositivo cristão...”.

Partindo dessa premissa, o educador merece igualmente essa deferência de seu alunado. Cabe ainda frisar que “Doentes somos, quase todos nós, em diversos graus de intensidade”, como pontua a referida benfeitora espiritual. Por isso, Joanna de Ângelis destaca que estamos na Terra para, essencialmente, desenvolver “reparação e crescimento”. É evidente que os jovens e adolescentes necessitam de firme orientação de nossa parte com relação ao dever de respeitarem os seus professores. E tal conduta é especialmente relevante diante de contrariedades ou avaliações insatisfatórias de desempenho escolar quando estas ocorrerem. 

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita