A provação enfrentada pelo
professor contemporâneo
Quem de nós não guarda lembranças, geralmente positivas,
que um(a) professor(a) teve em sua vida? Os professores
exercem um papel importante em nossa formação
intelectual e ética, além dos familiares, é claro. No
fundo das nossas memórias cultivamos lições e temas
aprendidos (alguns vitais para as nossas jornadas nesta
dimensão), inspirações fornecidas, dúvidas e
curiosidades desvendadas, incentivos para o avanço no
campo do conhecimento e da cidadania, ideias e
pensamentos salutares, entre tantas outras coisas
significativas, associadas à figura de um(a)
professor(a).
Nesse sentido, como eu
poderia esquecer a advertência da Dona Mercedes, minha
professora de Educação Moral e Cívica no ginásio (hoje a
denominação é outra). “Nossa liberdade, dizia
ela, termina quando começa a dos outros”. Como
não considerar o insight oferecido pelo professor
Lobo já na faculdade,
“Teoria é um conjunto de
práticas testadas”.
É evidente que a vida de estudante é profundamente
marcada pela interação com os seus educadores. Quando
eles são proficientes – como sói acontecer em qualquer
esfera da vida – recordamos deles com carinho e
agradecimento pelo que nos ajudaram a conquistar e/ou
superar. Por essa razão sou muito grato, especialmente a
alguns deles, que me auxiliaram a entender certos temas
espinhosos de matemática e estatística.
Inquestionavelmente, o trabalho do(a) professor(a) é
fundamental para o desenvolvimento de uma nação. Não é
por outro motivo que alguns países estão obtendo avanços
expressivos em determinadas áreas graças a sistemas de
ensino eficientes e professores bem preparados. De fato,
precisamos muito de mestres dedicados para nos ajudarem
a enfrentar os desafios altamente complexos e
intrincados da vida hodierna. Sem exagero, ser professor
é abraçar uma profissão maravilhosa por tudo que
representa e fornece de benéfico para as nossas
existências, embora na atualidade não se observe a
devida valorização e respeito a essa classe
profissional. Como desabafou recentemente uma educadora
num determinado jornal, “Exerço uma das profissões
mais dignas do mundo, com um salário miserável”.
Com efeito, levantamento da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), de 2016, identificou que
os nossos docentes dos ensinos de nível fundamental e
médio recebem menos da metade do que a média dos
profissionais de educação dos 35 países membros da
citada entidade. Não bastasse essa grave distorção, a
onipresente violência que graça no país também está
afetando o trabalho do(a) professor(a).
Numa outra pesquisa da OCDE, de 2014, abrangendo 34
países, revelou que 12,5% dos educadores brasileiros
sofrem agressões verbais ou intimidações de alunos ao
menos uma vez por semana. Enquanto isso, a média
entre todos os países pesquisados foi de 3,4%. Ou seja,
algo muito grave está acontecendo no seio das famílias
brasileiras. Ao que parece, portanto, os pais não estão
conseguindo transmitir aos seus filhos o dever e a
obrigação de respeitar os seus educadores.
É surpreendente o número de casos de professores
agredidos e desrespeitados relatados quase que
diariamente pela mídia. Portanto, a conclusão é óbvia:
está havendo uma lamentável inversão de valores em nossa
sociedade, provavelmente decorrente de uma educação
deficiente, em vários aspectos, recebida no lar pelos
jovens e adolescentes. Em consequência dessa aberração,
os educadores estão completamente expostos a uma
violência desmedida e desproposital em seu ambiente de
trabalho. Para ilustrar, é por demais chocante e
injustificável - sob qualquer parâmetro decente de
civilização que se contemple - a imagem da Professora
Marcia Friggi com o olho ensanguentado devido a uma
agressão física efetuada por um aluno emocionalmente
desequilibrado.
Como nos ensina a querida mestra espiritual Joanna de
Ângelis, na obra Oferenda (psicografia de Divaldo
Franco): “Respeito sempre!”. Sim, o respeito é a base
das relações humanas saudáveis. Sem a presença do
respeito em nossas interações corremos o sério risco de
voltar a ser feras bestializadas. Não há como construir
uma civilização pacífica sem o amparo do respeito para
suavizar as divergências opinativas.
Aliás, a capacidade de respeitar é uma das mais
importantes conquistas humanas na área do comportamento,
simplesmente porque “O respeito emite raios
confortadores”, conforme observa o Espírito André
Luiz, no livro Dicionário da Alma (psicografia de
Francisco Cândido Xavier). Joanna de Ângelis acrescenta
ainda que “O respeito à pessoa humana é um impositivo
cristão...”.
Partindo dessa premissa, o
educador merece igualmente essa deferência de seu
alunado. Cabe ainda frisar que “Doentes somos, quase
todos nós, em diversos graus de intensidade”, como
pontua a referida benfeitora espiritual. Por isso,
Joanna de Ângelis destaca que estamos na Terra para,
essencialmente, desenvolver “reparação e crescimento”. É
evidente que os jovens e adolescentes necessitam de
firme orientação de nossa parte com relação ao dever de
respeitarem os seus professores. E tal conduta é
especialmente relevante diante de contrariedades ou
avaliações insatisfatórias de desempenho escolar quando
estas ocorrerem.