A senda estreita
"Porfiai por entrar pela porta estreita..." Jesus.
(Lucas, 13:24.)
Não te aconselhes com a facilidade humana para a solução
dos problemas que te inquietam a alma.
Realização pede trabalho.
Vitória exige luta.
Muitos jornadeiam no mundo na larga avenida dos prazeres
efêmeros e esbarram no cipoal do tédio ou da
intemperança, quando não sucumbem sob as farpas do
crime.
Muitos preferem a estrada agradável dos caprichos
pessoais atendidos e caem, desavisados, nos fojos(1)
de tenebrosos enganos, quando não se despenham nos
precipícios de tardio arrependimento.
Seja qual for a experiência em que te situas na Terra,
lembra-te de que ninguém recebe um berço entre os homens
para acomodar-se com a inércia, no desprezo deliberado
às Leis que regem a vida.
Nosso dever é a nossa escola.
Por isso mesmo, a senda estreita a que se refere Jesus é
a fidelidade que nos cabe manter limpa e constante, no
culto às obrigações assumidas diante do Bem Eterno.
Para sustentá-la, é imprescindível sacrificar no
santuário do coração tudo aquilo que constitua bagagem
de sombra no campo de nossas aspirações e desejos.
Adaptarmo-nos à disciplina do próprio espírito na
garantia da felicidade geral é estabelecer em nós
próprios o caminho para o Céu que almejamos.
Não te detenhas no círculo das vantagens que se apagam
em fulguração passageira, de vez que a ociosidade
compra, em desfavor de si mesma, as chagas da penúria e
as trevas da ignorância.
Porfia na renúncia que eleva e edifica, enobrece e
ilumina.
Não desdenhes a provação e o trabalho, a abnegação e o
suor.
E, em todas as circunstâncias, recorda sempre que a
"porta larga" é a paixão desregrada do "Eu" e a "porta
estreita" é sempre o Amor intraduzível e incomensurável
de Deus.
(1)
Fojos: armadilha, precipício, cilada.
Do livro Ceifa de Luz, obra mediúnica
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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