O selo do acolhimento espírita
Rosana liga para Adriana e diz: - “Colega, você precisa
ir ao Centro Espírita Samuel de Jesus, que ando
frequentando no bairro da Cachoeirinha. Lá é massa!” –
“É mesmo, amiga?” – pergunta a interlocutora. – “Mas,
por quê? O que tem de bom lá? É a vibração?”.
Rosana, meio que hesitante, diz: - “Não sei, me sinto
bem lá...” Insistiu Adriana: - “Já sei. Lá tem boas
palestras? O ambiente é confortável? É bonitão, pomposo?
O passe é poderoso?”
Com a voz miúda, Rosana fala: - “Não, Adriana, é que lá
me senti acolhida”.
Esse fictício, mas possível diálogo, reflete algo que
não vai bem. Uma percepção apenas... As casas espíritas
deveriam ter um selo de qualidade. Um selo vinculado à
sua capacidade de acolhimento. Algo que identificasse e
estimulasse as casas espíritas a desenvolverem o
envolvimento fraterno na relação com os seus
frequentadores.
Por óbvio que boas palestras, instalações adequadas,
oferta de serviços, como evangelização e passe, são
todos itens relevantes, mas precisamos de casas
espíritas reconhecidas pela sua amorosidade.
Principalmente em casas maiores, nas quais o apego às
normas, o malfadado burocratismo, tudo isso gera um
ambiente coercitivo, de vigilância, pouco fraterno e com
excesso de formalismo.
Vê-se, nesse sentido, pessoas na recepção amargas,
enchendo os que chegam de questionamentos, exaltando
regras de roupas e de silêncio, lembrando o ambiente da
caserna, à feição de uma sentinela.
Da mesma forma, pessoas que chegam com suas questões
mediúnicas se veem julgadas e interrogadas, de forma que
o atendimento fraterno se converte em um confessionário,
com desconfianças mil.
Lidar com o público que chega e que já está, cada um com
a sua visão daquela organização, com seus graus de
comprometimento, limitações e demandas, é uma arte. Mas
essa dificuldade não pode nos fazer perder a amorosidade,
na lembrança de como os discípulos de Jesus serão
reconhecidos.
Ordem... disciplina... regras... conceitos que não são
absolutos e que devem ser sopesados diante da
necessidade de receber bem quem chega e dialogar com
quem fica, para que a casa de estudo e aprendizado
também seja uma casa de amor e compreensão.
Desse modo, proponho um selo de certificação das casas
espíritas, aposto de forma visível na entrada, para que
a pessoa que ali chegue saiba que será tratada realmente
como um irmão. Um alerta para que não sejamos engolidos
por coisas ensimesmadas e esqueçamos que a casa espírita
existe para os Espíritos, de cá e de lá.