Joias da poesia
contemporânea

Espírito: Manoel Monteiro

 

De quem seria?


Afinal, meus irmãos, de quem seria o crime?

Daquele, cujo braço impôs a morte

Ao coração de alguém?

Ou desse mesmo coração caído,

Que inerte e mudo agora se mantém?

 

A quem se atiraria a mancha em rosto?

À vítima tombada? Ao verdugo suposto?

Ou será que outro alguém

É o verdadeiro autor dessa agonia alheia,

Escondido na sombra,

À feição de uma aranha em sua própria teia?

 

Compreendido, porém,

Que o crime sempre nasce

De uma ideia feroz,

Quem teria pensado nele antes?

Os outros? Talvez nós?

Quem lhe teria dado a forma de começo

Na roupagem de alguma frase louca?

O inimigo, o vizinho, o companheiro

Ou nós mesmos com a nossa própria boca?

 

De permeio à incerteza e à insegurança,

Sem que se saiba, ao certo, onde a culpa é nascida,

Transformemos o amor numa fonte perene

Que dissipe na Terra as angústias da vida.

E se alguém surge em falta,

Recordemos Jesus, onde a censura medra:

- Aquele que estiver sem sombra de pecado,

Lance a primeira pedra.

 
 

Do livro Correio Fraterno, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
 

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita