Quando o magnetizador não estiver
bem, melhor abster-se do trabalho
É muito comum escutar que os Espíritos farão de tudo e
que a nós, encarnados, cabe apenas confiar. Alguns mais
crédulos chegam a colocar, se assim podemos dizer,
poderes especiais nas mãos dos Espíritos, como se os
invisíveis fossem acertar todas as coisas do mundo num
toque de mágica, ou, melhor, num toque do além.
Este tipo de ideia tem inúmeros inconvenientes. Livrar
os encarnados do trabalho é um deles, pois é por meio do
trabalho que progredimos. Outro inconveniente é a
acomodação por parte dos encarnados que, ao imaginarem
serem os Espíritos reponsáveis por tudo, esquecem a
ideia da própria capacitação para executar algumas
tarefas.
Como serei um bom pai se não me capacito para isto?
Como serei bom professor de Matemática se não estudei
esta Ciência?
Como, então, serei bom magnetizador se não domino alguns
conhecimentos básicos desta admirável atividade?
Vejamos o tema “passe magnético”. É muito comum julgar
que basta o amor e a imposição das mãos para a eficácia
na transmissão do magnetismo.
Não é bem assim.
É preciso, além de amor, capacitação, estudo, reflexão e
trabalho para melhorar-se moralmente a fim de ser um
magnetizador melhor e ajudar com melhores resultados
aqueles que necessitam obter a cura.
Segundo Allan Kardec, o magnetizador que envida esforços
por melhorar-se moralmente e, também, que cuida de sua
saúde física, pode atingir ótima qualidade na
transmissão de seus fluidos, fazendo, inclusive, com que
seus fluidos se aproximem da qualidade dos fluidos
espirituais que, conforme acentua Kardec, são de melhor
qualidade do que os fluidos transmitidos apenas pelo
magnetizador.
A propósito, Allan Kardec traz em seus estudos reflexões
interessantes. Em artigo publicado na Revista Espírita,
setembro de 1865, com o título de "Mediunidade
curadora", Kardec chama a atenção para o fato de o
magnetizador, portador, portanto, do magnetismo humano,
cuidar-se de maneira enfática no que tange à sua moral e
no que concerne à sua saúde do corpo físico.
O magnetizador pode, segundo informa Kardec, transferir
fluido mais ou menos salutar ao indivíduo que recebe o
"passe". Se o magnetizador não estiver bem da "cuca" ou
do "corpo", então, melhor abster-se de aplicar o
"passe".
Eis, acentua o francês, que seria uma imprudência
deixar-se magnetizar pelo primeiro desconhecido,
porquanto o magnetizador pode transmitir fluidos
salutares ou nem tanto aos que se disponham a receber o
“passe magnético”. Conforme escrevemos acima, para
aqueles que julgam os Espíritos serem responsáveis por
tudo, observemos o alerta de Kardec quanto ao papel dos
encarnados no processo de cura.
Tem, pois, grave responsabilidade na transmissão dos
fluidos os indivíduos encarnados, não ficando, portanto,
a responsabilidade apenas aos Espíritos.
Então, compreende-se que toma mais amplo significado a
afirmação de Jesus de que será muito cobrado a quem
muito foi dado.
A tarefa do magnetizador é de imensa gravidade...
No que concerne à transmissão de fluidos por meio do
passe, amemos, mas estudemos e cuidemos da saúde física,
a fim de melhor servir...